Entrevista

'PDOT combaterá ocupação ilegal', afirma presidente da Ademi-DF

Ao CB.Poder, o empresário Roberto Botelho ressaltou a importância da derrubada de vetos contra a isenção de fundos de imobiliários para o setor. Além disso, comentou como as altas taxas de juros impactam o mercado imobiliário

As expectativas do mercado imobiliário após a permanência da isenção fiscal para o setor, assim como as movimentações da Câmara Legislativa (CLDF) sobre o novo Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) foram temas abordados por Roberto Botelho, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), durante o CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília —, desta quarta-feira (18/6). Aos jornalistas Carlos Alexandre e Sibele Negromonte, Botelho também comentou sobre os bons resultados do Índice de Velocidade de Vendas (IVV) para prédios do DF. 

Como o senhor avalia as recentes movimentações do Congresso que afetam o setor imobiliário?

Esses vetos (que derrubariam a isenção fiscal para o setor) iriam prejudicar os brasileiros que compram imóveis. Atualmente, o mercado imobiliário depende dos recursos de todos os poupadores que vai para o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) — linha de crédito direcionada para a aquisição de imóveis — e que financia, por meio do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) a casa própria para a maioria da população. Graças a Deus, o Congresso tomou atitudes positivas de defesa do setor.  

Como o valor da taxa Selic (14,75%) está mexendo com os ânimos do mercado?

O valor é bastante elevado para qualquer negócio no Brasil. Ficamos preocupados pelo fato de ter uma taxa (de juros) extremamente alta e recessiva. Em uma economia controlada, era para acontecer um pouquinho de desemprego e uma pequena recessão. Assim, iria ter uma diminuição na demanda dos produtos e os preços se tornariam estabilizados. Como o Estado resolveu gastar mais, sem uma disciplina fiscal, anula o poder de compra —, você está tirando dinheiro da economia com as taxas de juros altas.

A taxa Selic alta também deixa a poupança menos competitiva e, assim, como o senhor disse , a poupança seria um dos financiadores do setor imobiliário. Como isso está sendo visto pelo setor?

É uma coisa que preocupa muito o setor. O que chamamos de “funding”, é de onde saem os recursos que vão financiar as construções e o comprador final. A poupança dava uma certa estabilidade para fazer financiamentos. Então, você tinha uma taxa estável para fazer um financiamento de longo prazo e quem está comprando sabe, mais ou menos, quanto ele vai pagar no final. Entretanto, quando esse funding diminui, como está ocorrendo hoje, você tem que cortar de outras fontes de financiamento, que seriam as LCIs (Letras de Câmbio Imobiliário), que são os títulos isentos, para também tentar dar uma equalizada nesse juro de longo prazo. 

Como o setor está enxergando as movimentações da Câmara Legislativa sobre o Plano de Ordenamento Territorial (PDOT) no DF?

No dia 28 deste mês será realizada a audiência pública final para a última discussão sobre o assunto. Então, essas contribuições serão analisadas e um documento será criado e depois será encaminhado para a Câmara Legislativa. A expectativa é que até o fim deste semestre, a Câmara tenha acesso a esse documento para começar a discussão com os deputados. O PDOT é muito importante para ver conseguimos diminuir ou até exterminar essa prática da ocupação ilegal do solo do Distrito Federal, que ela é que está trazendo todo esse malefício de trânsito e falta de planejamento.

Quais foram os resultados do último levantamento da Ademi para o setor?

Temos um levantamento que fazemos todo mês sobre o Índice de Velocidade de Venda (IVV). Esse índice é muito importante para a saúde das empresas do mercado imobiliário. Ele é referente às vendas sobre o estoque que você tem, ou seja, quando estiver entregando esse prédio, que você tenha acabado ou praticamente acabado de vender todas as unidades. Hoje o nosso número está em 5.60 pontos e é um número excelente, mostra que todo o estoque pode ser vendido antes do término daquelas edificações que estão em andamento. As áreas que mais pontuaram foram Noroeste, Águas Claras e Planaltina.

Veja a entrevista na íntegra:

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

 

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