CRÔNICA DA CIDADE

UnB: comunicação, afeto e memória

Em projetos de extensão, atendimentos gratuitos à comunidade, fóruns, palestras e ações de conscientização, a universidade é um epicentro de iniciativas com potencial de abraçar a cidade

Viver uma universidade pública é um privilégio e, no caso da Universidade de Brasília (UnB), ele está ao alcance de todos. Não se trata de hipocrisia, muito menos de retórica. A aprovação por meio de vestibulares ou para cargos de professor ou cursos de pós-graduação pode representar um desafio e até mesmo uma impossibilidade em alguns momentos, mas não é o único caminho para desfrutar do espaço do câmpus que se estende pela Asa Norte ou dos outros três no Gama, em Ceilândia e em Planaltina.

Em projetos de extensão, atendimentos gratuitos à comunidade, fóruns, palestras e ações de conscientização, a universidade é um epicentro de iniciativas com potencial de abraçar a cidade. E o cuidado precisa vir em ciclo: Brasília o deve à UnB assim como a instituição de ensino deve à capital. Os estigmas criados sobre uma e sobre a outra não passam de cortina de fumaça para tentar destruir uma relação edificada de maneira sólida e rodeada de afetos.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

E é justamente essa última sensação que até hoje me desperta a universidade. Andar entre seus corredores e percorrer as calçadas de novos caminhos me traz de volta o sentimento de ser caloura outra vez. Tudo permanece tão igual, mas ao mesmo tempo houve tantas mudanças. A forma como os estudantes se movem por ali, os cartazes nas paredes, as salas e anfiteatros que já passaram por algumas reformas, os canais de divulgação dos trabalhos desenvolvidos em disciplinas de extensão e os resultados de teses e de dissertações.

Voltar à Faculdade de Comunicação tem um gosto ainda mais especial, e pude sentir na última semana, quando aproveitei para conhecer o projeto Livro Livre, uma iniciativa dos alunos com apoio da diretora da FAC, Dione Moura, de quem tive o privilégio de ser aluna. Na última quinta-feira, o projeto, em parceria com o Centro de Documentação (Cedoc) da faculdade, promoveu o Arraiá da Leitura. Quem doava um livro ganhava um doce e ainda podia participar da brincadeira de pescaria típica dos festejos juninos, para incentivar também a doação de obras de literatura infantojuvenil.

A ideia é deixar mais rico o acervo do projeto. Todos os títulos recebidos são catalogados pelo Cedoc e deixados à disposição de quem passa pela área de convivência da FAC, para se sentar e ler — até as crianças. Aliás, a equipe de documentação está desenvolvendo um extenso trabalho de registro dos trabalhos de conclusão de curso, com o objetivo de disponibilizá-los no acervo da Biblioteca Central (BCE). Os mais recentes já constam nesse repositório, mas a ação visa recuperar aqueles produzidos antes da fase de digitalização. Um esforço digno da grandeza da UnB, afinal, afeto e memória andam juntos.

Mais Lidas