SOLIDÃO

Solidão causa o mesmo dano que fumar 15 cigarros por dia, explica neurologista

Especialista alerta para os impactos neurológicos do isolamento social e compara os efeitos da solidão aos de fumar diariamente, conforme mostra um relatório da OMS

Leandro Freitas, doutor em Neurologia e Neurociências e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), fala sobre solidão ao CB.Poder -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Leandro Freitas, doutor em Neurologia e Neurociências e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), fala sobre solidão ao CB.Poder - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Os efeitos da solidão no cérebro foram tema do programa CB.Saúde desta quinta-feira (17/7) — uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. As jornalistas Carmen Souza e Paloma Oliveto conduziram o bate-papo com Leandro Freitas, professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), doutor em Neurologia e Neurociências. Ele abordou o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) que comparou os danos da solidão aos provocados por quem fuma 15 cigarros por dia.

Freitas destacou que há várias questões a serem consideradas, no que se refere à forma como a saúde é afetada pela solidão. "A primeira delas é que o cérebro é feito de presença. Sempre que falamos em sistema nervoso, estamos falando de interação, e essa interação é feita com pessoas. Quando nos isolamos, deixamos de receber estímulos essenciais: visuais, auditivos, olfativos.Tudo isso alimenta o nosso sistema nervoso. É simples: se eu não estou utilizando essas células, elas entram em um processo de morte programada. Isso aumenta o risco de demência, de doenças neurodegenerativas. O cérebro começa a atrofiar”, explicou.

Segundo ele, às vezes, as pessoas tentam separar o cognitivo do fisiológico, mas o psicológico é uma construção biológica. O especialista disse que isso o preocupa. "No mundo primitivo, a gente sobrevivia por meio das interações. Até dois séculos atrás, não existiam relatos das condições neurológicas que enfrentamos hoje. Estamos desenvolvendo uma nova forma de viver, hiperconectada, tecnológica, para a qual nosso corpo, nossa biologia, ainda não está preparado”, analisou.

O especialista ressaltou ainda que as redes sociais não ajudam a aliviar a solidão e que isso é um fato comprovado pela ciência. Freitas pontuou que existem estudos que mostram que, mesmo uma videochamada, não substitui a presença física. "Isso nos engana, porque cria a falsa sensação de companhia. Tenho milhares de seguidores nas redes, participo de vários grupos no WhatsApp, mas, ainda assim, posso estar só. Essa sensação de presença é mascarada. Por isso, a romantização das redes sociais precisa ser questionada”, alertou.

Veja a entrevista na íntegra: 

 

 

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postado em 17/07/2025 15:36
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