
No Correio Braziliense, o jornal mais tradicional de Brasília, não é difícil encontrar histórias de paixão pelo jornalismo e pela capital federal. No entanto, a trajetória de Francisco de Salis, de 76 anos, é um testemunho raro de dedicação, constância e amor pelo trabalho. Ontem, Francisco completou exatos 50 anos de serviço na instituição onde ingressou ainda como estagiário auxiliar de impressão, em 1975. Desde então, foram cinco décadas de evolução profissional, comprometimento diário e uma profunda conexão com o ofício que escolheu exercer.
Nascido em 13 de novembro de 1948, em Coronel João Pessoa, no Rio Grande do Norte, Francisco é filho de José Barbosa e Maria Pedro de Souza. Casado com Maria do Socorro Torres Souza, é pai de José Nilton, Karla Maria, Cláudia Torres e Sarah Cristine, que o acompanham nesta longeva história. No entanto, para entender como essa grande história começou, é preciso retornar a 1975.
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Ao longo dos anos, ele passou por todos os cargos da área de impressão. Cada etapa foi marcada não apenas por crescimento técnico, mas também por um jeito próprio de lidar com as pessoas: sereno, generoso e sempre disposto a ensinar. Ele lembra do primeiro dia como se fosse ontem. "Entrei como ajudante, empurrando bobina. Não queria só bater jornal, queria aprender de verdade. Pedia ajuda aos veteranos e fui crescendo.
"Hoje, olho para trás e vejo que cheguei até aqui com poucas faltas, sem deixar a responsabilidade de lado em nenhum momento", conta. Além da dedicação, a passagem dos anos foi atravessada pela transformação da estrutura da impressão. "Foi como mudar de um fusquinha para uma BMW. No começo, as máquinas eram pequenas, com pouca capacidade. Hoje, a gente trabalha com outro nível de tecnologia", relembra.
Momentos marcantes não faltam. Ele lembra da emoção — e da pressão — nos dias em que acontecimentos mundiais mudaram o ritmo da redação. "Na morte da princesa Diana, o editor entrou gritando: 'Parem as máquinas!' Foi um susto, uma correria, muita adrenalina. Teve também o assassinato do Mário Eugênio, que nos fez ficar dois dias seguidos imprimindo. O trabalho era pesado, mas a gente segurava", relembra.
Ao lado de Francisco durante toda a trajetória, Maria do Socorro Torres Souza, sua esposa, se emociona ao falar sobre o companheiro de vida e trabalho. "Estou feliz demais. Não é tão comum ver alguém ficar tanto tempo numa empresa. Me dá mais orgulho também, porque ele não é somente um bom profissional, é um bom pai, marido e avô dos nossos netos. Espero que Deus dê ainda mais felicidades para ele".
Parceria de décadas
Companheiro de longa data e testemunha de boa parte da trajetória de Francisco, o gerente de produção Lino Ferreira, 71, relembra com carinho o início da convivência entre os dois. "Eu estava no jornal quando ele chegou. Tinha quase dois anos de Correio. Ele foi para a impressão, e eu fiquei na pré-impressão. Desde o começo, sempre foi muito dedicado, daqueles que vestem a camisa da empresa de verdade", diz.
Ao longo dos anos, ambos cresceram profissionalmente dentro da instituição, mas um coisa se manteve intacta: a relação próxima e respeitosa com todos. "Ele tem um jeito simples, mas muito sincero. Sempre tratou bem os colegas. Em momentos difíceis, como greves e panes nas máquinas, ele foi fundamental. Para mim, ele é um grande amigo, um irmão".
O reconhecimento à trajetória de Francisco de Salis Souza também da alta liderança da empresa. O presidente do Correio Braziliense, Guilherme Machado, fez questão de prestar sua homenagem ao servidor que acompanhou, por meio século, a história do jornal.
"Entrei aqui com 17 anos. De certa forma, a minha história se mistura com a do Salis. Ele entrou seis anos antes de mim. Lembro que, nessa época, eu estava em Belo Horizonte (MG) e já ouvia falar dele", contou. Para Guilherme, a contribuição de Francisco vai muito além das funções técnicas no setor de impressão. " São pessoas como ele que fizeram o Correio chegar aonde está hoje".
Entre os muitos colegas que acompanharam a longa trajetória de Francisco, o impressor Francisco Paz falou com carinho sobre a convivência com o chefe de impressão. "O Salis é uma pessoa fantástica. Um chefe muito bom, que gosta de ajudar os funcionários. Sempre esteve à disposição", afirmou.
Com 33 anos de experiência na empresa, o colega de trabalho relembra com orgulho a parceria construída ao longo de décadas. Para ele, o que mais marca a presença de Francisco no setor é sua postura íntegra. "Ele é uma pessoa honesta, muito sincera. A gente vê isso no dia a dia, no cuidado que ele tem com a equipe e no jeito como conduz o trabalho. É o tipo de profissional que dá gosto de trabalhar junto".
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