insegurança

Cães de rua atacam pedestres no DF

Na última quarta-feira (23/7), a pediatra Naheri de Almeida Pennafort foi atacada por 10 cães. Ataques têm sido frequentes

Moradores relatam ataques de cachorros em algumas vias da capital -  (crédito: Leonardo Rodrigues/CB/DA Press)
Moradores relatam ataques de cachorros em algumas vias da capital - (crédito: Leonardo Rodrigues/CB/DA Press)

O que deveria ser apenas mais um treino matinal virou pesadelo para a pediatra Naheri de Almeida Pennafort, 40 anos, na última quarta-feira (23/7). Ao sair para correr pela L4 Norte, ela se viu cercada por cerca de 10 cães de rua, que a atacaram. Com mordidas nas panturrilhas, coxas, nádegas e costelas, ela foi socorrida pelos bombeiros e levada ao hospital. Lá, descobriu que sofreu fraturas no pulso e aguarda o procedimento cirúrgico necessário para recuperação.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Na L2 Norte, uma matilha de cães tem sido cuidada por uma moradora em situação de rua que enfrenta dificuldades em controlar o comportamento dos cães, que avançam contra pedestres e funcionários de instituições vizinhas, incluindo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Relatos de ataques frequentes a funcionários e cidadãos têm sido recebidos, com os cães mordendo pessoas, atacando bolsas e até rasgando roupas. Esse foi o caso do consultor técnico, Daniel Curado, 29, que descreveu a tensão que viveu ao ser cercado por uma matilha de cachorros enquanto chegava à portaria da Opas. "De longe, vi os cachorros correndo em direção a mim. Tentei ignorar, mas eles começaram a me cercar e a me morder. As mordidas não eram profundas, eram mais de provocação. Mas, quando comecei a correr, a mordida de um deles conseguiu atravessar a minha calça e me feriu. Foi uma mordida leve, mas sangrou um pouco, atrás do meu joelho", contou.

As instituições envolvidas estão tomando medidas, mas os desafios são grandes. A OPAS, em nota ao Correio, relatou que, desde fevereiro deste ano, tem buscado soluções com o apoio de órgãos do Governo do DF, como Zoonoses e a Secretaria de Proteção Animal. A OPAS também reforçou orientações aos seus funcionários, oferecendo suporte para tratamentos em casos de mordeduras e recomendando a formalização de boletins de ocorrência. Em paralelo, a organização iniciou um processo para garantir que seus trabalhadores tenham transporte seguro, sem correr o risco de novos ataques.

Remoção ineficaz

O assistente executivo Rodrigo Ribeiro, 39, viveu o mesmo que Daniel há cerca de quatro meses. "No dia do meu ataque, eu estava descendo a rua para trabalhar, quando notei alguns cachorros chegando e uma moradora em situação de rua empurrando um carrinho de compras. Um deles acabou mordendo a minha perna esquerda, embaixo da panturrilha. Essa situação se repetiu com outras pessoas", contou.

A Secretaria de Proteção Animal do DF (Sepan) enviou uma equipe técnica para tentar capturar e castrar os cães. "A tutora demonstra forte vínculo afetivo com os animais e resistência à separação, o que torna ineficaz a remoção. Considerando sua condição de vulnerabilidade social, qualquer medida de responsabilização depende de avaliação conjunta com órgãos competentes, dentro das políticas públicas de assistência e saúde", explicou a Sepan.

Já a Gerência de Vigilância Ambiental de Zoonoses (GVAZ) deixa claro que não possui competência para recolher animais sem vínculo epidemiológico, conforme estabelecido no decreto Nº 39.546/2018. "Sinalizamos que não está nas competências regimentais desta GVAZ o recolhimento de animais nas condições de possíveis maus tratos, acumuladores e/ou situação de abandono".

Cuidados

A Secretaria de Saúde (SES-DF) alerta para os cuidados imediatos após um ataque de cão: lavar o ferimento com água e sabão e procurar atendimento médico para avaliar a necessidade de vacinação antirrábica ou antitetânica.

Em 2025, até o início de julho, o número de vacinas aplicadas contra raiva e tétano aumentou, com 16.034 doses de antirrábica, quase o dobro das 8.580 doses de 2024 e das 11.349 de 2023. Além disso, 201.465 doses de vacinas com componente antitetânico foram aplicadas, enquanto em 2024 foram 177.414 doses e, em 2023, foram 158.185. Isso pode indicar uma quantidade maior de acidentes com animais, especialmente mordeduras.

*Estagiária sob a supervisão de Patrick Selvatti

 

  • Cachorros atacam pessoas no DF
    Cachorros atacam pessoas no DF Foto: Leonardo Rodrigues/CB/DA Press
  • Cachorros atacam pessoas no DF
    Cachorros atacam pessoas no DF Foto: Leonardo Rodrigues/CB/DA Press
  • Cachorros atacam pessoas no DF
    Cachorros atacam pessoas no DF Foto: Leonardo Rodrigues/CB/DA Press
  • Google Discover Icon
postado em 24/07/2025 00:01 / atualizado em 24/07/2025 14:01
x