Acidente

Vegetação onde brigadistas morreram estava sem incêndios há quatro anos

A área de vegetação do Residencial Tororó recebeu aceiro — espécie de desbaste no terreno para impedir a propagação das chamas — na semana passada como parte de uma ação preventiva

 Inc..ndio em vegeta....o deixa dois mortos carbonizados no Residencial Toror.. - (cr..dito: CBMDF)
     -  (crédito: CBDF)
Inc..ndio em vegeta....o deixa dois mortos carbonizados no Residencial Toror.. - (cr..dito: CBMDF) - (crédito: CBDF)

O fogo que devastou uma área de vegetação do Residencial Tororó, região entre Santa Maria e São Sebastião, e resultou na morte de dois brigadistas, não era registrado na área havia quatro anos. Na semana passada, órgãos do DF chegaram a montar um aceiro — espécie de desbaste no terreno para impedir a propagação das chamas — como parte de uma ação preventiva.

O incêndio começou por volta de 13h e se espalhou rapidamente pela vegetação. Valmir de Souza e Silva e Manoel José de Souza Neto, ambos com 65 anos, trabalhavam na brigada ambiental do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estavam na reserva biológica, a poucos metros do Tororó. Os colegas faziam o monitoramento do incêndio e, segundo fontes contaram ao Correio, eles se preocuparam com o rápido avanço do fogo. Então, decidiram partir para o combate.

Valmir, José e o motorista de um caminhão–pipa se dirigiram à área. As informações preliminares dão conta de que as duas vítimas acabaram cercadas pelo fogo e não conseguiram escapar. O condutor do veículo saiu ileso. O tenente Jean Charles, do Corpo de Bombeiros, relatou o momento de tensão no combate às chamas. “Tivemos que acionar as equipes com a aeronave. A principal dificuldade é a vegetação seca, densa e alta. “Faz com que a propagação seja maior e dependemos do recurso de água”, descreveu.

O presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Rôney Nemer, destacou que a área recebeu o aceiro na semana passada justamente por estar há anos sem registrar incêndios. “Priorizamos áreas onde tem tempo que não pega fogo, pois a tendência é ter mais material de combustão. Uma área atingida no ano passado, por exemplo, ainda está se recompondo e as chances são menores”, explicou.

O aceiro é uma espécie de "corte" na mata, que assemelha-se a uma linha ou corredor feito na vegetação para, quando o fogo chegar, não ter o que consumir e evitar se espalhar.

Vítimas

Ao Correio, um dos amigos dos brigadistas contou que os colegas atuavam na área há mais de 40 anos e eram experientes no combate à incêndios. “Não sei dizer o que houve. O negócio é que o fogo não depende só da experiência. Você nunca sabe para onde ele está indo. Na hora, você perde o sentido, se desespera, procura uma rota de saída e não consegue”, afirmou.

Valmir morava na Cidade Ocidental (GO), e José na Ponte Alta Norte do Gama. Os dois deixam as esposas, filhos e netos.

Em nota oficial, a presidência do IBGE informou que o incêndio teve início em uma área externa situada em frente à Reserva Ecológica do IBGE. “Dois servidores do IBGE, participantes da brigada de incêndio do órgão, faleceram durante o combate ao fogo nessa área externa, que apresentava risco de se alastrar para a reserva do IBGE. A direção do Instituto, por meio da Superintendência no Distrito Federal, está prestando apoio às famílias das vítimas e tomando todas as medidas necessárias”, informou o instituto.

Pesar

Em nota, o Jardim Botânico de Brasília lamentou o falecimento dos servidores. "Manoel e Valmir atuavam na brigada de incêndio do IBGE e tentavam conter as chamas para evitar que o fogo atingisse a reserva. Ambos eram servidores dedicados, com décadas de atuação pública voltada à conservação do meio ambiente. A APA Gama-Cabeça de Veado é uma área protegida de grande relevância ecológica, cuja preservação conta com a atuação conjunta da Fazenda Água Limpa (UnB), do IBGE e do Jardim Botânico de Brasília, instituições que, juntas, trabalham pela proteção do Cerrado e da biodiversidade local."
 

 

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postado em 29/07/2025 23:01 / atualizado em 29/07/2025 23:01
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