
O novo curso de formação de praças da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) está previsto para começar em novembro, de acordo com a comandante-geral da corporação, coronel Ana Paula Barros Habka. Ela foi a entrevistada, nessa quinta-feira (31/7), do programa CB.Poder — uma parceria entre a TV Brasília e o Correio Braziliense. Às jornalistas Adriana Bernardes e Sibele Negromonte, a coronel destacou que a licitação para o uso de câmeras corporais está bem adiantada. Para a convocação de 1.200 aprovados que irão fazer o curso, a estrutura da academia foi ampliada.
Na entrevista, ela reforçou o investimento na saúde mental dos policiais, com contratação de psiquiatras, psicólogos e médicos. Em relação à proteção das mulheres, ressaltou a atuação do Provid, programa de prevenção à violência doméstica, que foi ampliado para todas as regiões administrativas. O programa também atende idosos, crianças e homens em situação de vulnerabilidade. A comandante anunciou um novo curso de capacitação para 100 policiais com foco em atendimento humanizado e apresentou os novos investimentos da corporação em armamentos, fardamentos, viaturas e equipamentos de alta tecnologia.
Qual é o efetivo ideal da PMDF hoje?
Hoje, temos cerca de 10,8 mil policiais, mas o ideal seria 18,3 mil. O deficit é significativo. Essa meta foi estabelecida no passado, mas nunca atingida. Chegamos a ter 15 mil em um período, porém, com o crescimento de Brasília e do Entorno, o efetivo acabou reduzido.
Quantos policiais estão previstos para serem chamados no concurso ainda em vigor?
O chamamento está previsto para novembro, com 1,2 mil policiais. Reformulamos nossa academia para comportar esse número. Ano passado foi a primeira vez que recebemos tantos alunos em formação. Também está previsto o curso de oficiais, com cerca de 40 integrantes, além de um novo chamamento para a área da saúde, com mais 40 profissionais. Neste ano, faremos a contratação de policiais da reserva remunerada. É uma forma de reforçar o trabalho administrativo com profissionais experientes, liberando os da ativa para a linha de frente. Esses veteranos assumem funções no Copom (Centro de Operações da Polícia Militar), diretorias e setores que demandam conhecimento técnico.
E quanto ao processo das câmeras corporais?
O processo de licitação está bem avançado. Em 6 de agosto, será realizado o pregão para a compra das câmeras. Em parceria com o Ministério da Justiça, seguimos todos os requisitos da portaria para sermos contemplados. O DF foi beneficiado e, nesse primeiro momento, o recurso permitirá a aquisição de 1,2 mil câmeras. Fizemos um estudo de manchas criminais e regiões mais populosas. A ideia é contemplar todas as cidades, com destaque para sete unidades principais e o policiamento de trânsito, além das especializadas.
Qual a importância da saúde mental dos policiais?
Há um ano e meio vimos a urgência de cuidar da saúde mental dos nossos policiais. Fizemos parcerias imediatas, como com o Sesc, que disponibilizou mais um psiquiatra. Antes, tínhamos apenas um profissional da área na corporação. Hoje, contamos com 10 psicólogos, além do apoio da Secretaria de Saúde, que cedeu outra psiquiatra. O Corpo de Bombeiros também colaborou, pois tinham mais médicos nessa especialidade. Após o apoio emergencial, contratamos nossos próprios profissionais: 37 médicos e dentistas chegaram à corporação. Demos atenção especial à saúde mental do policial, e isso tem feito a diferença.
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Como os feminicídios têm afetado as mulheres e de que forma a PMDF tem atuado para protegê-las?
Infelizmente, temos nos deparado com muitos casos. Mas vemos também um aumento nas denúncias. Estamos aproximando a população da PMDF, e contamos com ferramentas importantes, como o Policiamento de Prevenção Orientado à Violência Doméstica e Familiar (Provid), presente em todas as cidades e atuando junto ao nosso Copom Mulher. O Provid é uma parceria com o Tribunal de Justiça, voltado à prevenção e à promoção dos direitos humanos. Atendemos tanto vítimas quanto pessoas que desejam denunciar ou alertar sobre um caso.
As mulheres têm procurado mais o Provid?
Sim. O Provid existe há cerca de 30 anos, começou em Ceilândia, e quando expandimos para todas as cidades, a procura aumentou. Havia uma demanda reprimida, muitas mulheres, ou pessoas próximas, precisavam de um canal de acolhimento. Ainda há desafios, mas temos avançado. Criamos viaturas específicas para o Provid, com caracterização própria, para aumentar a visibilidade do programa.
Quais são os atendimentos prestados pelo Provid?
O Provid atua com foco na prevenção, e é importante destacar que nunca perdemos uma mulher atendida pelo programa. O atendimento é feito em parceria com uma rede completa do GDF, como a Casa da Mulher Brasileira, que atua identificando situações de dependência emocional ou financeira. Temos salas dentro dos quartéis para acolher as vítimas e suas famílias. Muitas vezes, a mulher não quer se expor, então criamos esse vínculo de confiança. Qualquer familiar ou amigo pode procurar o Provid. A partir disso, investigamos e tomamos as medidas necessárias.
Qual a importância da prevenção?
Muitas vezes, a vítima nem sabe que está sendo agredida. Começa com xingamentos, empurrões, e vai escalando. Esse ciclo precisa ser interrompido. A negação e o silêncio muitas vezes precedem o feminicídio. Armas brancas, como facas, estão presentes em qualquer casa e a polícia não pode estar em todos os lares. Quando identificamos o problema com antecedência, conseguimos agir. Por isso, a prevenção é fundamental.
Existe um programa voltado para idosos?
O Provid atende, além das mulheres, todas as pessoas em situação de vulnerabilidade: crianças, idosos, homens. A maioria dos casos ainda está relacionada à violência contra a mulher, mas o programa é abrangente e atua sempre que necessário.
Há capacitação dos policiais para lidar com essas situações?
Estamos reforçando a especialização dos nossos policiais. No dia 20, começa um novo curso voltado justamente para esse tipo de atendimento. O policial precisa estar preparado para oferecer um tratamento humanizado, criar vínculo e conquistar a confiança da vítima. Neste primeiro momento, o curso será oferecido a 100 policiais.
Quais outros equipamentos a corporação adquiriu recentemente?
Temos investido em fardamentos com tecnologia adequada para o dia a dia, armamento moderno, adquirimos recentemente 800 pistolas Glock e mais 8 mil pistolas, além de 800 novas viaturas, coletes balísticos e coturnos. É um investimento direto no policial, com equipamentos de alta qualidade e tecnologia.
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