DIA DO GARÇOM

Para celebrar o Dia do Garçom, profissionais contam suas estratégias

Trabalhadores destacam a importância dessa atividade para conquistar a clientela e garantir o bom funcionamento de bares e restaurantes

Francisco Marino (C), o seu Chiquinho, é dono do Beirute, um dos bares mais tradicionais da capital, mas trabalhou por três anos como garçom no estabelecimento, antes de comprá-lo, em 1966 -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Francisco Marino (C), o seu Chiquinho, é dono do Beirute, um dos bares mais tradicionais da capital, mas trabalhou por três anos como garçom no estabelecimento, antes de comprá-lo, em 1966 - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Nesta semana, é celebrado o Dia do Garçom, data dedicada a homenagear esses profissionais que desempenham um papel essencial no funcionamento de restaurantes, bares, cafés e outros estabelecimentos de alimentação, reconhecendo sua atenção, agilidade e dedicação. A escolha está ligada a outra comemoração tradicional: o Dia do Advogado, instituído em referência à criação dos primeiros cursos de direito no Brasil, em 1827.

Junto a ele surgiu o famoso Dia do Pendura, uma tradição em que estudantes de direito frequentavam restaurantes, comiam e bebiam sem pagar, como parte das festividades, deixando em troca gorjetas generosas para os garçons. Esse costume acabou fortalecendo a relação simbólica entre o 11 de agosto e a valorização dos trabalhadores de atendimento, transformando a data em um tributo informal a eles. Embora não exista registro oficial que institua o Dia do Garçom, a comemoração foi se consolidando ao longo do tempo, sendo hoje amplamente reconhecida no Brasil.

Francisco Marino, conhecido como seu Chiquinho, é dono de um dos bares mais tradicionais da capital: o Beirute. Ele iniciou a carreira como garçom no próprio estabelecimento, onde trabalhou por três anos antes de comprá-lo, em 1966. Chiquinho destaca que o garçom é fundamental para o sucesso de um restaurante, pois é quem cria conexão com o cliente, garante um bom atendimento e ajuda a fidelizar os frequentadores. Ele valoriza profissionais íntegros, pontuais, honestos e com personalidade no serviço.

 07/08/2025 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Dia do garçom. Jacu com limão - sudoeste.
João Marcos Domingos (E), Giovana da Silva e Lucas Rangel no bar Caju Limão, no Sudoeste (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Para Valdemir Soares, gerente do restaurante Dom Francisco, na 402 Sul, "o garçom é a ponta da lança do restaurante". Ele trabalha há 27 anos na casa, também começou a trajetória como garçom e, há pouco mais de dez anos, é gerente. Segundo Valdemir, a comida precisa ser boa, mas o atendimento deve ser ainda melhor.

"É o atendimento que conquista o cliente. Um bom garçom precisa ser atencioso. Cada cliente é diferente. O garçom tem que saber ler cada um e se adaptar. Aqui, a principal orientação é sempre colocar o cliente em primeiro lugar. Então, ele deve ser tratado com todo o cuidado e respeito", explica.

Um exemplo disso é Reginaldo Santos Nascimento, 45 anos, um dos garçons do Dom Francisco. Há 15 anos, ele começou sua caminhada em outro restaurante, onde despertou o interesse pela profissão. Fez um curso de garçom, foi estagiar no Dom Francisco, onde está até hoje, e celebra "uma ótima relação com os clientes".

"Muitos me procuram quando chegam ao restaurante. Tenho facilidade em criar intimidade, sou bem comunicativo, e isso ajuda bastante", conta. "Estar sempre atento à mesa, mantendo tudo limpo e organizado. Ter uma boa relação com o cliente, prestar atenção ao pedido, confirmar direitinho o que foi solicitado, isso é fundamental para a atividade", avalia.

Acolhimento

Em um ambiente mais descontraído, como o bar Caju Limão, com unidades no Sudoeste e na Asa Norte, garçons e garçonetes também são peças-chave para o funcionamento do estabelecimento. João Marcos Domingos, 27, é um dos profissionais do local e afirma que o retorno dos clientes costuma ser positivo graças ao conjunto: atendimento, comida e ambiente.

 Reginaldo Santos Nascimento, 45 anos, um dos garçons do Dom Francisco
Reginaldo Santos Nascimento escolheu a carreira há 15 anos e trabalha no Dom Francisco (foto: Maria Eduarda Lavocat)

"A maioria das avaliações que recebemos é de cinco estrelas, e isso reflete o esforço conjunto da equipe e o nosso compromisso com a excelência. Como garçons, buscamos oferecer mais do que um serviço: queremos proporcionar uma experiência completa para o cliente", ressalta.

Segundo ele, o garçom é fundamental para garantir que o momento dos clientes seja especial. "Mais do que servir, a gente acolhe, presta atenção, entende as necessidades do cliente, inclusive aquelas que ele ainda nem expressou. Cada cliente é único, e cabe ao garçom se adaptar, oferecendo um atendimento atento, respeitoso e humano", explica. João Marcos também afirma que, para um bom profissional, não há cliente difícil: "O que existe é a necessidade de se adaptar e oferecer o atendimento mais adequado."

Para exemplificar, ele relembra que, há cerca de dois meses, atendeu uma pessoa visivelmente abatida. Ao perceber seu estado, ofereceu atenção especial, o que fez com que ela relaxasse e compartilhasse seu dia difícil. Ao final, ela agradeceu e registrou, em avaliação on-line, que o atendimento mudou completamente seu dia, reforçando para ele que o trabalho vai além, incluindo cuidado e acolhimento.

Valdemir Soares, gerente do restaurante Dom Francisco e seu colega também gerente do restaurante
Para Valdemir Soares (E), há 27 anos no Dom Francisco, sendo 10 como gerente, "o garçom é a ponta da lança do restaurante". Ao lado dele, o também gerente Wilton Melo (foto: Maria Eduarda Lavocat)

Lucas Rangel, 23, colega de Domingos, considera que lidar com a clientela é mais fácil do que se imagina. "O segredo é quebrar o gelo. Aqui, a gente preza muito por conhecer o perfil de cada um. Às vezes, a pessoa chega mais fechada, parece estar num dia ruim... Aí, você faz um atendimento educado, com atenção, e, aos poucos, puxa uma conversa leve, uma brincadeira, e consegue arrancar um sorriso. A partir daí, cria-se uma confiança", diz.

Na opinião de Rangel, o garçom é responsável por criar uma experiência, oferecendo empatia, cuidado, proatividade e organização. Quando o cliente se sente acolhido, tende a voltar e indicar o restaurante para amigos e familiares.

Há quatro meses na função, a garçonete Giovana da Silva, 20, relata que a experiência tem sido bastante enriquecedora. "Cada cliente traz uma vivência e uma conversa diferente. É muito bom ouvir. Muitos vêm justamente para isso: conversar, socializar, conhecer gente nova. Ter esse contato direto com eles me permite aprender coisas novas todos os dias", compartilha.

Giovana enfatiza que desenvolveu uma relação especial com um grupo que frequenta o bar para assistir a jogos de futebol. Como é vascaína, têm um assunto em comum. "Eles sempre sentam no mesmo lugar, pedem para colocar o jogo em uma TV específica, chegam com a camisa do time, brincando e conversando. Criamos uma rotina: pedem sempre o mesmo chope, já sabem que sou vascaína e o papo sobre futebol rola a noite toda", comenta.

Origem da palavra

A palavra “garçom” vem do francês "garçon", que significa “rapaz” ou “menino”, e passou a se referir aos atendentes de restaurantes após a Segunda Guerra Mundial. Atualmente, a data é aproveitada por restaurantes, bares e empresas do setor para homenagear garçons e garçonetes, promover eventos e reforçar a importância do atendimento de qualidade na experiência gastronômica.

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postado em 12/08/2025 05:00
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