
Aos 38 anos, Ingrid Michelli Siqueira Pinheiro foi encontrada brutalmente assassinada em uma área de mata do Areal, no Distrito Federal. Paulista de origem humilde, ela estava em situação de rua. A trajetória, interrompida de forma trágica, reflete a realidade de milhares de jovens que entram no mundo das drogas e não conseguem encontrar o caminho de volta.
Em entrevista exclusiva ao Correio, Indiane Eglyn Pinheiro Almeida, uma das irmãs de Ingrid, relatou o drama. Indiane relata que fez questão de reconhecer o corpo, mesmo em meio à brutalidade do crime. “Eu queria ver minha irmã, independente do jeito que ela estivesse. E o que vi foi muito triste: ela estava sem os olhos, decapitada, com os braços amarrados, nua e já em estado avançado de decomposição. Ela não estava nem enterrada, apenas jogada em um buraco”, descreve, emocionada. “Foi um requinte de crueldade.”
A vítima, segundo a irmã, não era moradora de rua, como chegou a ser especulado. Ela havia sido internada em uma clínica particular de Brasília, mantida clandestinamente, da qual fugiu. A família pagava R$ 1,5 mil de mensalidade pela internação. “Eu fui a Brasília várias vezes, coloquei fotos da minha irmã em vários lugares, pedindo ajuda para encontrá-la. Nossa luta foi muito grande, e encontrá-la dessa forma é devastador”, afirma.
Indiane destaca que a irmã tinha uma vida estruturada, mas sonhos interrompidos. “Ela estava se formando em enfermagem, tinha três filhos: um que estuda Direito e segue carreira no Exército, uma filha prestes a completar 18 anos e um menino de 5 anos, autista. Ela não fazia mal a ninguém, só a ela mesma. Entrou nesse mundo por uma infelicidade, por amizades. Mas não era ladra, não era uma ‘noiada’, como estão falando. Isso dói muito na gente”, lamenta.
Investigação
O corpo de Ingrid foi encontrado com sinais de violência na quinta-feira (14/8), após a polícia receber uma denúncia anônima. A perícia preliminar apontou a morte da mulher entre 4 e 9 de agosto e a causa ainda é investigada.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
O local onde o corpo de Ingrid foi localizado se chama Curral, uma região do Areal considerada perigosa e frequentada por usuários de drogas. O caso é apurado pela 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul).
Revista do Correio
Flipar
Mariana Morais