Termo de Ajustamento de Conduta

Concessionária de cemitérios do DF é notificada por descumprir contrato

A 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon) notifica Campo da Esperança e exige correção de irregularidades em cemitérios públicos. Concessionária afirma que serviços são transparentes e taxas de manutenção são opcionais

MPDFT notifica concessionária de cemitérios do DF por descumprimento contratual
 -  (crédito: Pedro Santana/CB)
MPDFT notifica concessionária de cemitérios do DF por descumprimento contratual - (crédito: Pedro Santana/CB)

Em 18 de setembro, a 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon) notificou a empresa Campo da Esperança Administradora de Cemitérios para verificar se tem interesse em firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com o objetivo de garantir a proteção dos consumidores em relação aos serviços prestados nos cemitérios públicos do Distrito Federal.

A partir da notificação, a empresa tem 10 dias para se manifestar e adotar as providências solicitadas. Caso recuse ou permaneça em silêncio, a Prodecon poderá tomar medidas judiciais e administrativas imediatas, como o ajuizamento de ação civil pública, envio de recomendação à Secretaria de Justiça para abertura de processo de caducidade do contrato de concessão e comunicação ao Tribunal de Contas do DF para providências.

A concessionária é responsável pelos cemitérios públicos da Asa Sul, Taguatinga, Gama, Planaltina, Brazlândia e Sobradinho. Até o momento, a Secretaria de Justiça registrou 567 reclamações sobre manutenção, segurança, cobranças e infraestrutura, enquanto o Procon contabilizou 95 registros entre 2022 e 2025.

Providências exigidas

O TAC deve estabelecer que a concessionária apresente um plano emergencial para correção das irregularidades, incluindo cronograma detalhado de execução. Dentre as medidas, estão a necessidade de suspensão imediata de qualquer cobrança compulsória de taxa de manutenção, que, segundo nota do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), chegava a aproximadamente R$ 900.

Além disso, a empresa não poderá ameaçar negativação de CPF de consumidores, precisará implementar um sistema de ouvidoria auditável e comprovar que destina um percentual mínimo da receita para a manutenção efetiva de jazigos e áreas comuns.

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A medida foi adotada após constatação de descumprimentos contratuais, como omissão na manutenção e conservação dos jazigos e áreas comuns, falta de sinalização em áreas comprometidas com risco de afundamento e cobranças abusivas e reiteradas de taxas de manutenção, em desacordo com decisões judiciais.

O que diz a concessionária

Segundo o MPDFT, a Campo da Esperança respondeu às notificações apresentando contratos, cronogramas, relatórios e ações de manutenção e segurança, mas as medidas não foram consideradas eficazes.

Em nota, a empresa afirma que presta todos os serviços cemiteriais com transparência e qualidade. “Até o momento, não recebemos proposta de TAC. Quando isso acontecer, vamos analisá-la antes de emitir alguma posição. Estamos sempre dispostos a ouvir o MPDFT, o GDF e a população para aperfeiçoar os serviços oferecidos”, disse.

Sobre as cobranças de taxa de manutenção individual de jazigos, a concessionária afirma que são opcionais e podem ser canceladas a qualquer momento, sem multa. O serviço facultativo está previsto no contrato, na tabela de preços, nos banners na administração e informado ao cliente no momento da contratação.

Segundo a empresa, apenas 20% dos jazigos têm contrato vigente; os demais são cuidados pelas famílias, estão abandonados ou sob responsabilidade de jardineiros irregulares que atuam nos cemitérios. A manutenção das áreas comuns ocorre diariamente, sem cobrança extra, e a segurança é feita 24 horas por profissionais armados e câmeras de vigilância.

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postado em 23/09/2025 23:51 / atualizado em 23/09/2025 23:53
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