Em entrevista ao CB.Poder — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília — de ontem, a deputada federal Érica Kokay (PT-DF) comentou os recentes acontecimentos políticos e a mobilização da sociedade contra a anistia e a chamada PEC da Blindagem, alvo de protestos no domingo (21/9). Aos jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Mariana Niederauer, a parlamentar classificou as manifestações como “uma reação muito vigorosa da sociedade” diante do que considera uma tentativa de legitimar a impunidade.
Sob a ótica da deputada, a anistia proposta seria uma forma de validar a impunidade. “As pesquisas já indicam que a maior parte da população brasileira é contra uma anistia, porque validar um processo de impunidade. É como se colocasse o Brasil sobre um manto muito áspero e muito cruel da própria impunidade. Eles dizem que a anistia pacificará o país, mas você não pacifica o país legitimando as ações que o Brasil inteiro assistiu", ressaltou.
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PEC da Blindagem
Erika Kokay ressaltou a força simbólica da presença da população e de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque nas manifestações contra a PEC da anistia. Para ela, o ato remeteu à resistência à ditadura militar e à luta histórica pela democracia.
“As vozes que estiveram neste último domingo também levantaram suas vozes contra a ditadura militar. Lembra bem do Cálice, de tantas canções que retrataram a indignação do Brasil naquele período e a convivência com as salas escuras de tortura. O sentimento que eu tive foi muito forte, era como dizer: ainda estamos aqui. Nós marchamos em nome de Eunice Paiva, Clarice Herzog, Zuzu Angel, em nome de tantos brasileiros e brasileiras que carregam na pele e na alma as marcas da tortura”, afirmou a deputada.
A parlamentar também criticou a tentativa de reduzir penas ou criar mecanismos de blindagem no parlamento. Segundo ela, a PEC da blindagem significa "colocar os parlamentares acima da própria lei e que inclusive possibilita que setores do crime organizado possam buscar um mandato para se proteger contra todas as acusações”.
Ela destacou a importância de proteger a democracia e preservar a memória histórica do país, lembrando que o Brasil conviveu por mais de 20 anos com a ditadura militar, cujos crimes nunca deveriam ser esquecidos. A deputada ressaltou ainda que a sociedade está vigilante: “O povo foi às ruas e eu acho que continuará nas ruas”, avalia.
Eduardo Bolsonaro
Sobre o deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL), Kokay afirmou que é inadmissível que ele permaneça com o atual mandato. "Então, você tem uma pessoa que está nos Estados Unidos, trabalhando contra o Brasil e que não esconde isso de ninguém. A Câmara tem que reagir a isso”, afirmou.
Para Erika, o deputado atua contra o Brasil, usando recursos públicos para fins que ela considera antipatrióticos. "Você tem os recursos públicos da população brasileira sendo utilizados para bancar um parlamentar que está sabotando o próprio Brasil, e que se acha absolutamente vitorioso por se sentir articulador de um tarifaço que prejudica o conjunto do país. Então, é um crime de lesa-pátria", ressaltou a parlamentar.
Pré-candidatura
No cenário do DF, a deputada, que é pré-candidata ao Senado Federal, defendeu que, dada a história da construção da cidade, Brasília deve ter uma representação diversa e plural na cúpula. “É inadmissível que esta cidade tenha representando no Senado Federal a extrema direita. É preciso que essa Brasília viva, que saia às ruas, que trabalha, que sonha, que esteja representada no Senado”.
Ela ressaltou a importância de unir forças com outros partidos para construir uma frente democrática e popular, visando isolar a extrema direita no DF. Sobre alianças locais, a deputada explicou. "O PT tem toda a disposição de estar conversando e fazermos uma aliança programática com o programa para o Distrito Federal para que possamos, enfim, valorizar o povo do nosso próprio DF”.
Além disso, Erika Kokay comentou sobre o bolsonarismo e sua força no DF, avaliando que esse movimento está cada vez mais isolado. “Penso que as manifestações que vimos no domingo foram uma demonstração desse nível de isolamento e que tem todas as condições de que nós derrotemos a extrema direita aqui no Distrito Federal. Estamos trabalhando para isso, com convicção de que é uma tarefa absolutamente possível e necessária”, finalizou.
