PODCAST DO CORREIO

Parceria científica entre Brasil e França promove pesquisa em saúde pública

A conselheira científica da Embaixada da França no Brasil, Sophie Jacquel, fala ao Podcast do Correio sobre a Plataforma Internacional de Pesquisa em Saúde Global França-Brasil (Prisme), fruto da cooperação científica entre as duas nações

Conselheira científica da Embaixada da França no Brasil, Sophie Jacquel, participa do Podcast do Correio. Na bancada, as jornalistas Mariana Niederauer e Mila Ferreira -  (crédito: Benjamin Figueiredo)
Conselheira científica da Embaixada da França no Brasil, Sophie Jacquel, participa do Podcast do Correio. Na bancada, as jornalistas Mariana Niederauer e Mila Ferreira - (crédito: Benjamin Figueiredo)

Em 2025, completam-se 200 anos das relações diplomáticas entre Brasil e França. A cooperação técnica e científica entre os dois países, desenvolvida ao longo do tempo, gerou como fruto a Plataforma Internacional de Pesquisa em Saúde Global (Prisme), lançada na última semana. A conselheira científica da Embaixada da França no Brasil, Sophie Jacquel, esteve no Podcast do Correio e falou às jornalistas Mariana Niederauer e Mila Ferreira como funcionará essa parceria entre as duas nações em prol da ciência.

O modelo inovador visa superar a lógica das colaborações bilaterais para avançar em direção a uma abordagem mais federativa, reunindo em uma mesma aliança instituições francesas e brasileiras já engajadas em ações concretas.

De acordo com a conselheira, a ideia de criar a plataforma surgiu em 2024, na visita do presidente francês Emmanuel Macron ao Brasil. "Ambos os países têm as mesmas prioridades e desafios em termos de saúde pública, tanto na questão da melhoria como na prevenção de futuras doenças e pandemias", enfatizou Sophie Jacquel.

Dentro do projeto, saúde, meio ambiente, biodiversidade e mudanças climáticas estão interligados. "Com o aumento das temperaturas, os mosquitos que transmitem doenças se reproduzem mais. Um dos objetivos dessa plataforma é trabalhar juntos para tentar prevenir essas doenças", especificou.

Entre os organismos brasileiros que fazem parte da parceria, estão o Ministério da Saúde (MS), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (CNPq). Pelo lado francês, há participação do Instituto Pasteur, da Agência Nacional Francesa de Pesquisa sobre Doenças Infecciosas, do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde da França e do Instituto de Pesquisa pelo Desenvolvimento Francês. 

"São instituições que fazem pesquisa de ponta em saúde no Brasil e na França, que se uniram para decidir juntas as prioridades científicas e para fortalecer essa cooperação. Outras instituições ainda podem se juntar à plataforma no próximo ano", disse Sophie.

A conselheira científica explicou ainda que a pesquisa poderá trazer bons resultados contra as arboviroses, tão comuns no Brasil. "Temos a dengue, a chicungunya, a zika, entre outras. São doenças difíceis de se combater, porque os mosquitos se reproduzem muito rapidamente, ainda mais com as mudanças climáticas", observou. "O comitê vai pesquisar novas técnicas para combater a transmissão dos vírus", cmpletou.

Caravana

Sophie destacou outros resultados da parceria entre os dois países. "Vamos lançar uma caravana científica fluvial que vai sair de Manaus, parar em Belém e fazer várias paradas em cidades ribeirinhas, com o objetivo de conversar com a população e entender como as pessoas podem viver melhor em todos os territórios", antecipou.

"A bordo dessa caravana, haverá cientistas das mais diferentes áreas, como arqueologia e hidrologia. A ideia é fazer um intercâmbio científico", assinalou. O barco ficará em Belém durante a primeira semana da COP30. "Ter uma COP na Amazônia trará um olhar diferente para o bioma e a preservação da floresta. A Amazônia é um território vivo", frisou Sophie.

A conselheira científica ressaltou a importância da ciência na vida da população no contexto atual. "É importante lembrar que, para que a ciência exista, é preciso de financiamento. É importante ainda investir na formação dos cientistas e em pesquisas", disse.  

A primeira reunião presencial da Prisme ocorrerá no Rio de Janeiro, em julho de 2026. "Antes, haverá a nomeação do comitê, do conselho científico e organização da governança para, em julho, podermos ter tudo pronto."

Ela adiantou que haverá um eixo de formação de jovens pesquisadores e integração deles na iniciativa. "Ainda não posso dar detalhes, pois isso é papel do comitê, mas esse será um eixo de trabalho bem forte da plataforma", afirmou.

Sophie salientou ainda que a Embaixada da França tem um papel importante na Prisme. "Nós damos asas ao projeto, facilitamos as pontes entre os órgãos e conseguimos assinar a plataforma. O timing foi perfeito por conta do bicentenário das parcerias diplomáticas entre o Brasil e a França", finalizou. 

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FRASES

Ambos os países têm as mesmas prioridades e desafios em termos de saúde pública, tanto na questão da melhoria como na prevenção de futuras doenças e pandemias"

 

"Vamos lançar uma caravana científica fluvial que vai sair de Manaus, parar em Belém e fazer várias paradas em cidades ribeirinhas, com o objetivo de conversar com a população e entender como as pessoas podem viver melhor em todos os territórios

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postado em 07/10/2025 04:00
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