
O temporal que atingiu o Sol Nascente nos dois últimos dias transformou ruas em rios de lama e deixou moradores da região em estado de alerta. No domingo, em poucos minutos, a enxurrada invadiu casas, arrastou móveis, com risco de desabamentos e de choques elétricos. Famílias precisaram deixar suas residências rapidamente em busca de segurança, enquanto a lama subia e os objetos eram destruídos. Ontem, a água voltou a subir, alcançando casas e carros estacionados nas ruas.
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Rafael Nogueira de Oliveira, 38 anos, açougueiro, mora na região há três anos e meio com a esposa e os filhos. Ele descreveu o sentimento ao tentar proteger a família. "Foi triste, um desespero total. Graças a Deus ninguém estava em casa. Minha esposa estava numa reunião da igreja e meu filho em outro local. Cheguei aqui e a água já batia acima da cintura. Tive que entrar para resgatar minha cachorra, mas só consegui com a ajuda dos vizinhos e dos bombeiros", disse.
A casa do açougueiro é a última da rua e está localizada em um ponto que impede a passagem da água e da construção de redes pluviais para a região. Após os momentos de medo, Rafael Nogueira explicou que recebeu a visita da Defesa Civil e que a família será realocada para um aluguel temporário enquanto a nova residência é construída, o que gera sentimentos mistos. "Sinto alívio e tristeza, por sair desse lugar e me despedir dos amigos, mas sabemos que vai melhorar para todos", afirmou.
Sobre a situação da família de Rafael, o administrador regional do Sol Nascente, Cláudio Ferreira, detalhou as medidas do governo. "Equipes foram acionadas para atender as famílias atingidas. Uma das casas mais afetadas será desocupada e a família realocada com assistência social garantida. Este setor está em obras, e a responsabilidade do governo é garantir a rede de captação de água no final da rua e suporte às residências impactadas", comunicou.
Outro morador afetado, o vigilante Bruno Viana Duarte, 39 anos, contabilizou as perdas para a família. "Sempre morei aqui, e em 10 anos nunca tinha alagado minha casa. Perdi tudo, comida, móveis, compras do mês. Estava na igreja e cheguei da reunião com esse choque. Agora é reconstruir, não há outra opção", disse Duarte, que mora com a esposa e quatro filhos.
O auxiliar administrativo Júlio César Marques Cognaschi, de 38 anos, mora há quatro anos na região com a esposa e três filhos pequenos. Ele contou que não teve tempo para pensar. "Foi um momento de pânico. A água entrou com minhas crianças dentro de casa. Eu bloqueei a entrada com o que pude e já saí gritando, chamando os bombeiros e os vizinhos. Eles vieram e nos ajudaram a não ter perdas piores como a nossa vida", disse.
Cognaschi relatou que perdeu cama, móveis e até a televisão. O medo maior, segundo ele, foi de uma tragédia maior. "Com essas chuvas fortes a qualquer momento a estrutura da casa pode ficar abalada. Mas apesar de tudo, eu quero sair daqui, não tem mais condição", afirmou.
A técnica de enfermagem, Erlândia da Silva Carvalho, 52, também viveu momentos de desespero. Moradora há cinco anos, ela contou que a água entrou na sua casa de repente. "As chuvas vieram torrenciais, quando eu dei por mim já estava dentro de casa. Subiu água até a canela. Minha mãe mora no fundo, a área dela foi toda tomada. Eu acabei de reformar e agora tá tudo lameado", lamentou com lágrimas nos olhos.
Segundo Erlândia, a situação se repete a cada temporal. "Sempre que chove é esse desespero. Aqui não tem infraestrutura de nada. A gente só espera que as autoridades façam alguma coisa", enfatizou.
Ações
A Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil (Sudec-DF) informou que atendeu duas ocorrências relacionadas à chuva: alagamento no Sol Nascente, afetando cerca de cinco residências, e queda de muro no Lago Norte, sem registro de vítimas. A Defesa Civil realiza monitoramento preventivo das áreas de risco e reforça que ações de vistoria e de orientação à população continuam ao longo do período chuvoso.
A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) manteve equipes em prontidão, atuando em limpeza e desobstrução das redes de drenagem, remoção de resíduos, manutenção de bocas de lobo e poços de visita, além do mapeamento técnico das estruturas de captação. As ações foram feitas com intuito de reduzir os impactos de novas chuvas e garantir escoamento adequado das águas pluviais.
O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) atuou na retirada dos moradores da região, no isolamento das áreas alagadas e no esgotamento da água. Durante as fiscalizações, cinco casas foram as mais afetadas, mas após vistoria da Defesa Civil, não houve risco estrutural que impedisse o retorno dos moradores.
Intercorrências
A corporação também foi acionado na manhã de ontem, para vistoriar árvores em situação de risco na SQS 112 Sul, próximo ao Bloco B. No local, as equipes constataram mais de uma árvore danificada, uma delas havia caído sobre a calçada, bloqueando a passagem de pedestres, enquanto outra apresentava galhos pendurados, oferecendo risco às pessoas que transitam no local. A área foi isolada e foram realizados cortes de segurança para prevenir acidentes.
Entre domingo e ontem, o CBMDF atendeu mais de dez ocorrências relacionadas à queda ou risco de queda de árvores em diferentes regiões do Distrito Federal, como consequência das fortes chuvas que atingiram a cidade nos últimos dias. As ações reforçam a necessidade de atenção redobrada da população em áreas com vegetação próxima a vias públicas durante o período chuvoso.
O Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) também foi atingido por alagamentos neste final de semana. Segundo a Secretaria de Saúde do DF, o sistema de calhas do hospital, mesmo submetido a manutenções preventivas e corretivas regulares, não suportou o volume elevado de água, causando transbordamento. Equipes de manutenção foram acionadas para conter o problema, enquanto um projeto de reforma integral do sistema de cobertura prevê a ampliação da capacidade de escoamento das calhas e a adequação da drenagem pluvial do hospital.
A tempestade também afetou operações no Aeroporto de Brasília. Dezenas de voos foram cancelados ou desviados, incluindo 14 voos redirecionados para Goiânia ou Confins na noite de domingo. Ontem, 10 voos foram cancelados, e 26 apresentaram atrasos tanto na chegada quanto na partida. A assessoria do aeroporto informou que as operações seguem normalmente e orienta passageiros a contatar suas companhias aéreas ou a ANAC em caso de dúvidas.
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Previsão do tempo
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou 59,4 mm de chuva em Brasília, no último domingo (19), sendo 42,8 mm concentrados em apenas uma hora. Apesar do volume, o acumulado de outubro ainda está abaixo da média climatológica (141,8 mm). As condições previstas para hoje e para o restante da semana devem seguir com a mínima entre 16 e 17°C, e a máxima entre 26 e 29°C, com chance das chuvas diminuirem gradativamente, a partir de amanhã.
Em caso de fortes chuvas, a Defesa Civil do Distrito Federal (DCDF) recomenda que não se utilize equipamentos elétricos, evite tomar banho durante as pancadas de chuva, não utilize o telefone caso esteja conectado à rede elétrica, evite a proximidade e o contato com materiais condutores de energia, mantenha-se sempre calçado e, antes da tempestade, desligue todos os aparelhos eletroeletrônicos das tomadas.
Onde pedir ajuda
DEFESA CIVIL — Disque 199
CORPO DE BOMBEIROS — Disque 193
Em caso real de emergência, DISQUE 100 que a telefonista o ajudará
Em casos de emergência de energia, a Neoenergia atende por telefone (116), WhatsApp (61 3465-9318), aplicativo e Agência Virtual.
CUIDADOS NA CHUVA
Antes:
Procure abrigo em locais altos e secos
Coloque documentos e objetos de valor em sacos plásticos e em local protegido;
Coloque em lugares altos seus móveis e utensílios (bem protegidos);
Retire os animais de estimação da casa;
Desligue aparelhos elétricos, quadro geral de energia e feche o registro de entrada d’água;
Retire todo o lixo e leve para áreas não sujeitas a enchentes;
Feche bem as portas e janelas.
Durante:
Salve e proteja sua vida, a de seus familiares e amigos. Se precisar retirar algo de sua casa, peça ajuda aos órgãos competentes.
Não volte para casa até as águas baixarem e o caminho estar seguro.
Evite contato com as águas da enchente: elas estão contaminadas e podem provocar doenças e acidentes.
Só entre na água se for absolutamente necessário. Proteja-se com calçados e botas.
Não ingira alimentos que tiveram contato com as águas da enchente
Depois:
Tenha cuidado: veja se sua casa não corre o risco de desabar;
Raspe toda a lama e o lixo do chão, das paredes, dos móveis e utensílios;
Lave e desinfete os objetos que tiveram contato com as águas da enchente;
Cuidado com aranhas, cobras e ratos, ao movimentar objetos, móveis e utensílios;
Retire todo o lixo da casa e do quintal e coloque para a limpeza pública;
Não use água de fontes naturais e poços depois da enchente, pois estão contaminadas.
Fonte: Corpo de Bombeiros (CBMDF)
Saiba Mais
Onde pedir ajuda
/////Onde pedir ajuda//////
DEFESA CIVIL - Disque 199
CORPO DE BOMBEIROS - Disque 193
Em caso real de emergência, DISQUE 100 que a telefonista o ajudará
Em casos de emergência de energia, a Neoenergia atende por telefone (116), WhatsApp (61 3465-9318), aplicativo e Agência Virtual.
//////CUIDADOS NA CHUVA///////
Antes:
Procure abrigo em locais altos e secos
Coloque documentos e objetos de valor em sacos plásticos e em local protegido;
Coloque em lugares altos seus móveis e utensílios (bem protegidos);
Retire os animais de estimação da casa;
Desligue aparelhos elétricos, quadro geral de energia e feche o registro de entrada d’água;
Retire todo o lixo e leve para áreas não sujeitas a enchentes;
Feche bem as portas e janelas.
Durante:
Salve e proteja sua vida, a de seus familiares e amigos. Se precisar retirar algo de sua casa, peça ajuda aos órgãos competentes.
Não volte para casa até as águas baixarem e o caminho estar seguro.
Evite contato com as águas da enchente: elas estão contaminadas e podem provocar doenças e acidentes.
Só entre na água se for absolutamente necessário. Proteja-se com calçados e botas.
Não ingira alimentos que tiveram contato com as águas da enchente
Depois:
Tenha cuidado: veja se sua casa não corre o risco de desabar;
Raspe toda a lama e o lixo do chão, das paredes, dos móveis e utensílios;
Lave e desinfete os objetos que tiveram contato com as águas da enchente;
Cuidado com aranhas, cobras e ratos, ao movimentar objetos, móveis e utensílios;
Retire todo o lixo da casa e do quintal e coloque para a limpeza pública;
Não use água de fontes naturais e poços depois da enchente, pois estão contaminadas.
Fonte: Corpo de Bombeiros (CBMDF)

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