Os recentes casos de contaminação por metanol em bebidas alcoólicas destiladas que vêm preocupando o país foram tema do CB.Agro — parceria entre Correio e TV Brasília — que recebeu, nessa sexta-feira (3/10), Edna Marques, secretária-executiva de Assistência à Saúde do DF; e Fabiano dos Anjos, subsecretário de Vigilância em Saúde. Após os registros em São Paulo e outros estados, o Distrito Federal registrou dois casos suspeitos. Durante a entrevista às jornalistas Sibele Negromonte e Mariana Niederauer, os gestores destacaram a preparação da rede pública de saúde para atender emergências, os cuidados que consumidores e comerciantes devem adotar e as ações de fiscalização em andamento, como a Operação Quinto Mandamento, que vistoriou mais de 1,3 mil estabelecimentos neste ano.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Como o DF está se preparando para agir frente aos recentes casos de contaminação por metanol?
Edna Marques: Na assistência à saúde, temos toda a estrutura da rede SES-DF. Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e prontos-socorros estão aptos a receber qualquer emergência. O paciente é acolhido e, a depender do quadro, faz exames como hemograma, eletrólitos, gasometria, eletrocardiograma. Também acompanhamos a evolução clínica. Se houver sinais de complicações, o paciente é automaticamente transferido para hospitais de maior complexidade e, se necessário, para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Se o quadro evoluir de gravidade, o paciente é encaminhado rapidamente para unidades melhor estruturadas.
Quantos casos suspeitos temos hoje no DF?
Edna Marques: Temos dois casos. Um em hospital privado e outro atendido em uma UPA, que foi direcionado para um hospital de maior complexidade. Não é preciso correr para os hospitais. As UPAs são portas de entrada e estão capacitadas para acolher esses pacientes.
Quais cuidados os estabelecimentos devem ter para se resguardar?
Fabiano dos Anjos: Todo produto deve ter registro na Anvisa, e os estabelecimentos precisam de licenciamento e nota fiscal das bebidas adquiridas. Para a população, é importante verificar se o estabelecimento possui licença, se as bebidas estão com rótulo, validade e procedência. Vale também verificar o cheiro e cor da bebida. Alterações podem indicar adulteração.
Se a pessoa suspeitar que a bebida está adulterada, a quem recorrer?
Fabiano dos Anjos: A população pode ligar para o 162 ou usar o aplicativo Participa DF. Quando o consumo da bebida está associado a um problema de saúde, temos todo um processo de investigação realizado pelas vigilâncias de Saúde e Epidemiológicas. Além disso, temos dois serviços importantes na Secretaria de Saúde: o Centro de Informações Toxicológicas do DF (CIATox), que funciona 24h, orientando profissionais e cidadãos sobre intoxicações, e o Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (Cievs), que integra hospitais públicos e privados na identificação e gestão dos casos.
Com está a fiscalização hoje?
Fabiano dos Anjos: A operação Quinto Mandamento é uma ação integrada de vários órgãos de fiscalização do GDF e acontece todos os fins de semana. De janeiro até agora, 1.342 estabelecimentos passaram por inspeções desses órgãos. Essas ações resultaram, por exemplo, na apreensão de bebidas sem procedência, ou seja, sem rotulagem ou identificação de origem. Nesse período, foram apreendidos 896 litros de cachaça e esses produtos foram inutilizados. Além disso, 161 estabelecimentos foram autuados.
Existe o risco de adulteração também em outros tipos de bebida alcoólica?
Fabiano dos Anjos: Até o momento, todos os casos registrados têm associação com destilados. Mas é uma situação dinâmica. O que falamos agora pode mudar em pouco tempo. Por isso, há investigações em andamento. Temos parceria com o Ministério da Saúde, Instituto de Medicina Legal do DF (IML) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Só após a confirmação laboratorial da adulteração podemos adotar outras medidas.
Quais sintomas o cidadão deve observar?
Edna Marques: Uma ressaca comum causa mal-estar, sede, desidratação e dor de cabeça, mas em até oito horas o organismo já metaboliza o álcool e os sintomas desaparecem. Se os sintomas persistem, ou se aparecem sinais incomuns, como dor no estômago, visão turva, fraqueza intensa ou sonolência excessiva, é preciso buscar atendimento médico imediatamente.
Assista a entrevista completa:
Saiba Mais
-
Cidades DF Suspeito de tentar matar ex e cinco crianças em incêndio criminoso é preso no DF
-
Cidades DF Supermercado no Paranoá é evacuado após vazamento de líquido tóxico
-
Cidades DF Megaoperação apreende uma tonelada de drogas em Planaltina e Formosa (GO)
-
Cidades DF Sexta-feira chegou! Já pensou em ser carpinteiro?
