tragédia

Adolescente de 16 anos é morto a facada na Asa Sul; crime acende alerta

Isaac Vilhena, de 16 anos, estava em uma quadra jogando com amigos quando o grupo foi abordado pelos assaltantes. Ele teria sido esfaqueado ao tentar recuperar o celular. Sete menores foram apreendidos suspeitos do crime ocorrido nessa sexta-feira (17/10)

O estudante Isaac Vilhena, de 16 anos, morreu esfaqueado, nessa sexta-feira (17/10), por volta das 18h, dentro de um parque na entrequadra da 112/113 Sul. Segundo testemunhas, a vítima, que usava um uniforme escolar, jogava vôlei em uma quadra com amigos, quando foram abordados pelos assaltantes. O adolescente teria corrido atrás dos agressores para tentar recuperar o celular e foi atingido no peito com uma facada. O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) prestou os primeiros socorros à vítima, que foi encaminhada ao Hospital de Base, mas não resistiu aos ferimentos. Horas depois, seis menores foram apreendidos pela Polícia Militar (PMDF), no Paranoá, suspeitos de envolvimento no crime. 

De acordo com a corporação, um dos celulares roubados estava sendo rastreado, o que foi decisivo para a localização dos suspeitos. A PMDF informou que ao serem abordados, próximo à Barragem do Paranoá, cinco menores negaram a autoria da facada, mas afirmaram saber o endereço do autor. "Eles não apresentaram nenhuma resistência. De imediato, confessaram a participação no crime e indicaram a localização dos outros dois envolvidos", acrescentou o responsável pela operação, tenente Magalhães. Segundo a polícia, todos moram no Paranoá e foram encaminhados à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) da Asa Norte.

Este foi o segundo caso de latrocínio cometido com a participação de menores de idade, nesta semana, no Distrito Federal. Na última segunda-feira (13/10), o policial penal Henrique André Venturini foi morto durante um assalto, no Riacho Fundo II, enquanto trabalhava como motorista de aplicativo. Segundo as investigações, Henrique morreu devido a uma hemorragia ocasionada por um tiro que ele mesmo teria disparado ao reagir ao assalto. A polícia localizou três suspeitos de envolvimento no caso — um maior de idade, identificado como João Paulo, e dois adolescentes, conhecidos como "Zoerinha" e "Capetinha". O maior foi preso e os menores apreendidos na terça-feira (14/10).

Arrastão

O servidor público Ricardo Montalvão, morador da Asa Sul, presenciou os momentos logo após o assassinato de Isaaque Vilhena no início da noite de ontem. "As vítimas estavam brincando quando foram abordadas. É uma situação muito triste", relatou. Segundo ele, as ocorrências de arrastão são comuns na região. "Acontece muito esse tipo de crime porque, atualmente, toda criança e adolescente precisa de celular. Então, eles acabam virando um alvo fácil."

Outra testemunha relatou ao Correio que retornava do trabalho, por volta das 18h30, quando foi abordado por uma jovem em estado de choque, próximo à Estação de Metrô da 112 Sul. "Ela correu em minha direção pedindo ajuda. Dizia que um rapaz havia acabado de ser atacado e que sangrava muito", relatou.

A testemunha contou que, ao chegar ao parque na entrequadra 112/113 Sul, encontrou o jovem caído no chão, já morto, acompanhado de um colega, também em estado de choque. "Alguns moradores começaram a se aproximar e informaram que ele morava no Bloco A da SQS 112. A mãe e um irmão chegaram antes do socorro e se desesperaram diante do cenário que encontraram", lembrou. Ainda de acordo com a testemunha, o primeiro atendimento do Corpo de Bombeiros demorou cerca de 30 minutos e a ambulância, aproximadamente uma hora.

Esfaqueamentos

Crimes cometidos com o uso de armas brancas têm se tornado comuns no DF. No último dia 3, um homem de 38 anos foi encontrado morto após ser atingido por diversos golpes de faca, no Recanto das Emas. A vítima foi localizada por volta das 3h, na Quadra 406 da região administrativa. De acordo com informações iniciais, mesmo ferido, o homem ainda conseguiu caminhar por alguns metros antes de cair. Os golpes atingiram principalmente o tórax. A 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas) investiga o caso, mas nenhuma prisão foi realizada até o momento. 

Na noite de 21 de setembro, o torcedor do Vasco Eumar Vaz, 34 anos, conhecido como Dark, foi agredido e esfaqueado por mais de 10 torcedores do Flamengo em um ônibus , em Samambaia Sul. Ele foi encaminhado ao hospital pelo Corpo de Bombeiro Militar do Distrito Federal (CBMDF), mas não resistiu aos ferimentos. O episódio ocorreu logo após a partida entre Flamengo e Vasco, que terminou com o empate dos times, de 1x1. Eumar assistia ao jogo na companhia de outros torcedores, na sede da Força Jovem Vasco, no Guará. Ao término, pegou um ônibus para Samambaia, para, de lá, seguir para o Riacho Fundo, onde morava.

Ao entrar no ônibus, em Samambaia, cerca de 10 torcedores rivais, do Flamengo, ordenaram que o trabalhador tirasse a camisa. Com a negativa, eles espancaram e desferiram duas facadas na vítima. Os golpes acertaram o braço e o peito de Eumar. Ele chegou a ser levado ao Hospital Regional de Ceilândia, mas não resistiu.

Em agosto, uma série de latrocínios ocorridos em poucas horas em Ceilândia culminou na morte de duas pessoas. Outras três vítimas foram esfaqueadas durante a onda de assaltos. Segundo o Correio apurou à época, a sequência de ataques teve início à meia-noite, na QNN 18, contra um homem de 65 anos de idade, atacado com aproximadamente 15 golpes de faca e socorrido pelo SAMU.

Por volta de 2h, na EQNM 2/4, um homem de 39 anos foi esfaqueado durante uma tentativa de assalto. Uma hora depois, na QNN 02, um homem de 24 anos foi ferido com golpes no pescoço e abdômen após reagir a um roubo. Entre 7h e 9h, duas outras vítimas foram esfaqueadas na QNN 12 e na QNN 01.

Em entrevista na ocasião, o delegado João Ataliba Neto, responsável pela 15ª DP, classificou a quarta-feira como "atípica" devido à sucessão de crimes em tão pouco tempo. Segundo ele, os sobreviventes relataram que os suspeitos aparentavam estar sob efeito de drogas. "Eles se aproximavam, anunciavam assalto e exigiam dinheiro ou cigarro. Em seguida, revistavam as vítimas e partiam para os golpes de faca", explicou o policial.

Mais Lidas