O corpo de Isaac Augusto de Brito Vilhena de Morais, 16 anos, foi sepultado no fim da tarde deste domingo (19/10), no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. O adolescente faleceu na última sexta-feira (17), vítima de um ato infracional análogo ao crime de latrocínio, ocorrido na entrequadra da 113/112 Sul.
A cerimônia de despedida, iniciada às 14h, reuniu uma multidão. A Capela 1, onde foi realizado o velório, não comportou a quantidade de pessoas que compareceram para prestar as últimas homenagens. Muitos acompanharam do lado de fora, aguardando a saída do cortejo.
Durante a celebração, orações e cânticos religiosos preencheram o espaço. Ecos de “Segura na mão de Deus” e “Nossa Senhora, cuida do meu coração ” se misturavam aos soluços e abraços silenciosos. Membros da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, frequentada por Isaac e pela mãe, estiveram presentes para conduzir as preces.
“A serenidade no olhar dele é o que conforta nosso coração. O Isaac era um menino bom, um menino de Deus, filho de Nossa Senhora. Não entendemos os mistérios de Deus, mas estamos aqui por solidariedade à família, que precisa da nossa força neste momento”, disse Terezinha, representante da paróquia.
O padre da igreja, Maurício, responsável pela bênção final do adolescente destacou a força da família. “A fé deles é muito fortalecida em Deus. Agora cabe a nós sermos instrumentos do Consolador”, afirmou.
Os olhos inchados e profundos de Jane Vilhena, mãe de Isaac, comunicavam o luto. Ela agradeceu as homenagens e relembrou os momentos vividos com o filho. Entre lágrimas, falou sobre o menino amoroso, dedicado e de coração justo. Características destacadas também pelos amigos e vizinhos. A mãe relembrou ainda os momentos de bronca e de comunhão com Deus.
“Obrigada por estarem aqui. Obrigada por amarem o meu filho. Isaac era luz, e vai continuar sendo. Ele me ensinou a ter fé até nos dias mais difíceis”, disse.
O pai, o médico Lucas Vilhena, também fez um breve pronunciamento. Ele contou que estava com a esposa na igreja quando soube que o filho havia sido atingido. “Achei que fosse mais uma travessura dele. Mas, quando cheguei, vi meu filho sendo reanimado. A dor é eterna, mas com a graça de Deus vamos superar tudo isso”, afirmou, agradecendo à equipe médica, aos amigos e a todos que prestaram apoio à família.
Apoio dos colegas e da comunidade
Os colegas do Colégio Militar de Brasília compareceram uniformizados. Abraçados, sustentavam uns aos outros em silêncio. Alguns seguravam terços nas mãos, em um gesto de fé e respeito. Professores e diretores da instituição também participaram da cerimônia.
Integrantes do movimento Maria Cláudia pela Paz, criado em memória da estudante assassinada em 2004 que dá nome a praça onde Isaac morreu, estiveram no local para prestar solidariedade aos pais de Isaac.
Ao final da cerimônia, o cortejo seguiu até o campo de sepultamento. Isaac foi sepultado sob aplausos e lágrimas. O som das orações deu lugar ao silêncio coletivo, quebrado apenas pelo choro baixo dos que se despediam.
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