O cantor e compositor Theo Bial está em Brasília pela primeira vez e promete uma apresentação emocionante, hoje, no Teatro Sarah, localizado na Rede Sarah Kubitschek, na W3 Sul. O espetáculo, exclusivo para pacientes da instituição, une clássicos da Bossa Nova e da MPB a composições próprias, em um repertório que pretende levar alegria e criar um momento especial para o público.
Durante entrevista ao Podcast do Correio, Theo contou que se sente honrado com o convite para cantar no hospital e ressaltou o valor simbólico da ocasião. "A Rede Sarah é importantíssima. Espero poder levar alegria para as pessoas e fazer um momento legal", afirmou. No repertório, estarão nomes como Tom Jobim, Roberto Menescal e Chico Buarque, além de canções de sua autoria e de novos compositores brasileiros.
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Theo acaba de retornar de uma turnê internacional ao lado de Roberto Menescal, um dos grandes nomes da Bossa Nova. Juntos, eles se apresentaram em 10 shows no Blue Note Tokyo, com participação da cantora nipo-brasileira Lisa Ono, grande referência da música brasileira no Japão. A convivência com Menescal, segundo o artista, foi uma verdadeira aula. "Ele é uma pessoa que respira música. Não explica teoria, ele sente. A música está dentro dele. É uma faculdade viva. Só de estar perto, você aprende", contou.
Durante a turnê, Bial também se encantou com a forma como a música brasileira é consumida fora do país. "Acho que não é que o brasileiro não valorize, mas lá fora existe um mercado médio maior, com mais espaços para músicos de jazz, Bossa Nova e outros gêneros. Aqui a realidade é diferente, mais restrita", analisou.
Chico Buarque
Entre seus projetos recentes, Theo Bial destaca o álbum "Theo canta Chico", lançado em 2024, em homenagem aos 80 anos de Chico Buarque. A ideia nasceu a partir de um show realizado em 2019, quando o cantor interpretou canções do compositor ao lado de um quarteto instrumental, o Quartetinho. O bom retorno do público o inspirou a transformar o repertório em disco.
"Fiz um show no Blue Note Rio, depois em São Paulo, e percebi que as pessoas vibravam com as músicas do Chico. Aí, pensei: não posso deixar isso só como show e virar a página. Gravei o álbum para registrar essa fase", contou.
Para Theo, Chico Buarque representa a própria consolidação da música popular brasileira. "Ele é um dos fundadores da MPB. Quando começou a cantar, nem existia esse termo. Ele surge no momento em que o Brasil vivia mudanças políticas profundas, e sua obra ajudou a dar voz à juventude que buscava novos discursos", afirmou.
Segundo o cantor, a importância de Chico também está em unir mundos sociais distintos por meio da música. "A Nara Leão, vista como musa da Bossa Nova, gravou sambas do morro. O Chico, vindo da zona sul do Rio, também se aproximou do samba. Essa mistura é o que torna a nossa música tão rica", completou.
Incentivo
Filho do jornalista Pedro Bial e da atriz Giulia Gam, Theo cresceu cercado de arte, mas diz que foi a mãe quem o estimulou a seguir pela música. "Acho que ela percebeu que eu tinha uma veia artística, mas não queria que eu fosse ator, talvez por proteção. Então, aos poucos, foi me apresentando à música", lembrou.
O gosto pela composição veio cedo, mas o artista afirma que, com o tempo, aprendeu a valorizar também o papel do intérprete. "Comecei a gostar de música, porque eu gostava de compor. Até posso fazer um álbum sem parcerias, mas eu acho que tudo isso engrandece o trabalho", disse.
Embora dedique sua carreira à MPB e à Bossa Nova, Theo Bial não se prende a estilos. Ele afirma escutar diferentes gêneros com curiosidade e sem preconceito. "Tem música boa e ruim. Uma coisa que eu aprendi com Menescal é que até "Atirei o pau no gato", pode ser uma música linda", defendeu.
Theo acredita que não há fronteiras rígidas na arte e que o intérprete tem papel fundamental em manter viva a memória da canção brasileira. "Posso construir a minha arte a partir de um repertório que existe e é lindo. Em vez de separar, posso juntar", pontuou.
