Homicídio

Sete meses sob a cal: idoso enterrado em chácara foi esganado com cinto

Pascoal Oliveira Ramos, 70 anos, foi assassinado e permaneceu desaparecido por sete meses. O suspeito foi preso na Bahia

Pascoal Oliveira Ramos estava desaparecido havia 7 meses -  (crédito: Cedido ao Correio)
Pascoal Oliveira Ramos estava desaparecido havia 7 meses - (crédito: Cedido ao Correio)

Pascoal Oliveira Ramos era conhecido pelo riso fácil. Por mais de 30 anos, trabalhou como encarregado de serviços gerais em várias empresas. Em todas, espalhou bom humor e alegria. Mas a simpatia transformou-se em luto, dor e revolta para os familiares do idoso. Aos 70 anos, o homem que cultivava amigos e hortaliças foi assassinado, esganado com um cinto, e enterrado na própria chácara, no Vale do Pedregal (GO).

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Foram sete meses de aflição. Pascoal morava em Santa Maria e saiu de casa às 7h de 16 de abril, para levar o inseticida que usaria na plantação de milho na chácara. Esqueceu o celular em casa, mas seguiu viagem. Normalmente, o idoso retornava por volta das 11h. Naquele dia, deu 19h, e nada. A essa altura, a família já havia registrado um boletim de ocorrência por desaparecimento.

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Durante 210 dias, os quatro filhos e os outros parentes de Pascoal vasculharam hospitais, delegacias, matagais e a própria chácara. Por vezes, estiveram a metros da cova rasa onde o corpo do idoso estava enterrado sob uma fina camada de cal. O pó branco impediu que o mal cheiro se espalhasse — a substância alcalina é capaz de neutralizar os odores desagradáveis. A família chegou a oferecer uma recompensa de R$ 10 mil em troca de informações que levassem ao paradeiro do idoso.

Uma lista de ligações não atendidas e notificadas no celular esquecido por Pascoal em casa foi a primeira pista encontrada pelos parentes. A família notou que, antes do desaparecimento, havia diversas chamadas perdidas no aparelho, feitas por Pedro Henrique, 25, entre as 5h e as 6h do dia do desaparecimento. Pedro é tatuador, açougueiro e fazia bicos em construção frequentemente.

Pedro Henrique, assassino confesso de Pascoal Oliveira Ramos, usou cal para ocultar corpo de idoso em chácara
Pedro Henrique, assassino confesso de Pascoal Oliveira Ramos, usou cal para ocultar corpo de idoso em chácara (foto: Cedido ao Correio)

Os familiares encontraram as redes sociais do suspeito e, em uma publicação, ele postou um comunicado dizendo que estava sem o número e com o chip quebrado. O fato chamou ainda mais a atenção. Os parentes enviaram uma mensagem ao suspeito pelo Instagram em busca de informações e o questionaram sobre as ligações feitas para Pascoal.

No dia seguinte, ele retornou as mensagens. Disse que sentia muito pelo desaparecimento e que havia conhecido a vítima duas semanas antes. No texto, escreveu que Pascoal o contratou para capinar o lote e, quando chegou para o serviço, percebeu que a grama já estava aparada.

Pedro contou aos familiares da vítima que tinha fechado um negócio com ela: pagaria R$ 50 mil pela compra do terreno e o aguardava para a entrega do documento. Desconfiada, a família marcou um encontro presencial com o açougueiro. Trêmulo, o suspeito demonstrava nervosismo e disse: "Não quero que pensem que fiz alguma coisa com o pai de vocês. Sou da Bahia e estou aqui há pouco tempo. Soube que aqui em Brasília matam por nada".

Após essa conversa, o Pedro se refugiou na casa de parentes, na Bahia. Ele foi preso em uma operação conjunta entre o Grupo Especial de Investigação de Homicídios (GIH) do Novo Gama e a 11ª Coordenadoria de Polícia do Interior (COORPIN) de Barreiras, da Polícia Civil da Bahia (PC/BA). Segundo Taylor Brito, delegado à frente do caso, a motivação do crime ainda é investigada. "O suspeito foi encaminhado à Unidade Prisional local, onde permanece à disposição da Justiça. O inquérito policial segue para a completa elucidação dos fatos e a devida responsabilização penal", afirmou.

 

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postado em 13/11/2025 06:00 / atualizado em 13/11/2025 08:10
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