
Pascoal Oliveira Ramos era conhecido pelo riso fácil. Por mais de 30 anos, trabalhou como encarregado de serviços gerais em várias empresas. Em todas, espalhou bom humor e alegria. Mas a simpatia transformou-se em luto, dor e revolta para os familiares do idoso. Aos 70 anos, o homem que cultivava amigos e hortaliças foi assassinado, esganado com um cinto, e enterrado na própria chácara, no Vale do Pedregal (GO).
Foram sete meses de aflição. Pascoal morava em Santa Maria e saiu de casa às 7h de 16 de abril, para levar o inseticida que usaria na plantação de milho na chácara. Esqueceu o celular em casa, mas seguiu viagem. Normalmente, o idoso retornava por volta das 11h. Naquele dia, deu 19h, e nada. A essa altura, a família já havia registrado um boletim de ocorrência por desaparecimento.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Durante 210 dias, os quatro filhos e os outros parentes de Pascoal vasculharam hospitais, delegacias, matagais e a própria chácara. Por vezes, estiveram a metros da cova rasa onde o corpo do idoso estava enterrado sob uma fina camada de cal. O pó branco impediu que o mal cheiro se espalhasse — a substância alcalina é capaz de neutralizar os odores desagradáveis. A família chegou a oferecer uma recompensa de R$ 10 mil em troca de informações que levassem ao paradeiro do idoso.
Uma lista de ligações não atendidas e notificadas no celular esquecido por Pascoal em casa foi a primeira pista encontrada pelos parentes. A família notou que, antes do desaparecimento, havia diversas chamadas perdidas no aparelho, feitas por Pedro Henrique, 25, entre as 5h e as 6h do dia do desaparecimento. Pedro é tatuador, açougueiro e fazia bicos em construção frequentemente.
Os familiares encontraram as redes sociais do suspeito e, em uma publicação, ele postou um comunicado dizendo que estava sem o número e com o chip quebrado. O fato chamou ainda mais a atenção. Os parentes enviaram uma mensagem ao suspeito pelo Instagram em busca de informações e o questionaram sobre as ligações feitas para Pascoal.
No dia seguinte, ele retornou as mensagens. Disse que sentia muito pelo desaparecimento e que havia conhecido a vítima duas semanas antes. No texto, escreveu que Pascoal o contratou para capinar o lote e, quando chegou para o serviço, percebeu que a grama já estava aparada.
Pedro contou aos familiares da vítima que tinha fechado um negócio com ela: pagaria R$ 50 mil pela compra do terreno e o aguardava para a entrega do documento. Desconfiada, a família marcou um encontro presencial com o açougueiro. Trêmulo, o suspeito demonstrava nervosismo e disse: "Não quero que pensem que fiz alguma coisa com o pai de vocês. Sou da Bahia e estou aqui há pouco tempo. Soube que aqui em Brasília matam por nada".
Após essa conversa, o Pedro se refugiou na casa de parentes, na Bahia. Ele foi preso em uma operação conjunta entre o Grupo Especial de Investigação de Homicídios (GIH) do Novo Gama e a 11ª Coordenadoria de Polícia do Interior (COORPIN) de Barreiras, da Polícia Civil da Bahia (PC/BA). Segundo Taylor Brito, delegado à frente do caso, a motivação do crime ainda é investigada. "O suspeito foi encaminhado à Unidade Prisional local, onde permanece à disposição da Justiça. O inquérito policial segue para a completa elucidação dos fatos e a devida responsabilização penal", afirmou.
Saiba Mais

Cidades DF
Cidades DF
Cidades DF