Operação

Grupo do DF furtava, adulterava e enviava motos para revenda na Bahia

A investigação desmontou um esquema altamente estruturado, com divisão de tarefas e ramificações em diferentes unidades da federação. Na capital, o núcleo operacional atuava em diversas regiões administrativas

A Polícia Civil do Distrito Federal, por meio da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), deflagrou a operação Conexão Bahia, nesta terça-feira (18/11), para desarticular uma organização criminosa especializada no furto, adulteração e transporte interestadual de motocicletas. As motos eram furtadas no DF e enviadas a cidades baianas.

Segundo a polícia, o grupo agia desde outubro de 2024. A investigação apontou para um esquema altamente estruturado, com divisão de tarefas e ramificações em diferentes unidades da federação. No DF, o núcleo operacional atuava, principalmente, nas regiões do Recanto das Emas, Ceilândia, Taguatinga, Gama, Riacho Fundo, Santa Maria e SIA, locais onde eram cometidos os furtos de motocicletas — especialmente modelos Honda CG 160, que tinham placas, chassis e sinais identificadores adulterados.

O delegado à frente do caso, Guilherme Sousa Melo, explica que a logística de apoio incluía depósitos clandestinos e pontos de ocultação distribuídos nessas regiões. Paralelamente, as investigações identificaram núcleos especializados em falsificação de documentos em Guarulhos (SP) e Valparaíso (GO), responsáveis por fornecer CRLVs falsos, pesquisas veiculares clandestinas e documentação destinada a “regularizar” motocicletas adulteradas. “Esses falsificadores compunham a engrenagem essencial para reinserção dos veículos no mercado clandestino.”

Recebimento

Na Bahia, receptadores e financiadores, localizados em Correntina, Carinhanha
e Santa Maria da Vitória, recebiam os veículos adulterados, realizando pagamentos contínuos aos operadores do DF e estabelecendo uma cadeia criminosa altamente lucrativa.

A ação resultou no cumprimento de 14 mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão. A polícia apreendeu motocicletas adulteradas, placas falsas, documentos ilícitos, celulares, ferramentas de furto e comprovantes financeiros utilizados na movimentação dos valores criminosos.

Estima-se que o grupo subtraiu e adulterou cerca de 150 motocicletas ao longo de dois anos no DF, vitimando, principalmente, profissionais de aplicativos de entrega. O esquema abastecia o mercado ilícito da Bahia, que pode contar com mais de um terço da frota adulterada em municípios mais afastados (estimativa informal).

As quebras de sigilo bancário e telemático revelaram movimentação superior a R$ 1,1 milhão em aproximadamente um ano e meio, com utilização de “laranjas”, pulverização de pagamentos e repasses fracionados, evidenciando a prática consistente de lavagem de dinheiro.

 

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