No debate Histórias de Consciência: Mulheres em Movimento, a professora e linguista Gina Vieira, idealizadora do Programa Mulheres Inspiradoras, defendeu uma transformação urgente na educação básica para enfrentar o racismo e o sexismo presentes na formação escolar brasileira.
Gina lembrou que sua trajetória nasce do valor dado à educação dentro de casa. “A máxima que trouxe minha mãe para Brasília foi: 'Meus filhos nascerão em um lugar que tem escola'. Meu pai, mesmo não alfabetizado, foi o homem mais íntegro que conheci. Eles me ensinaram a amar a educação”, contou. Movida por essa herança, tornou-se professora em 1991, em Ceilândia, onde percebeu, cedo, que os livros didáticos eram “máquinas de apagamento”.
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“Nos materiais escolares, as mulheres não apareciam como heroínas ou protagonistas. Como esperar que meninas sonhem grande se, desde a infância, aprendem conteúdos que reduzem mulheres a coadjuvantes ou a objetos?”, questionou. Para a docente, a escola atual é racista e sexista, porque reproduz a lógica de um país que, por séculos, violentou e silenciou pessoas negras. “Há quem diga que todos somos iguais. Não somos. E é um imperativo inegociável que o projeto pedagógico rejeite todas essas desigualdades.”
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A educadora defende uma formação crítica, capaz de preparar cidadãos para pensar por si mesmos e de enxergar o país sem distorções históricas. Ela criticou, ainda, a baixa representatividade de mulheres — especialmente negras — na política. “Partidos, em todos os espectros, não priorizam eleger mulheres. Isso tem impacto direto nas políticas públicas, inclusive, na educação.”
Assista ao debate na íntegra:
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