
A bióloga Mercedes Bustamante, professora titular da Universidade de Brasília (UnB), comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro da Academia Brasileira de Ciências, foi a vencedora do Prêmio JK na categoria Sustentabilidade. A cerimônia ocorreu nesta terça-feira (9/12), com a entrega realizada gerente de conta da Caixa Econômica Federal, Monique Cantalice.
Sobre receber a homenagem, Mercedes destacou o significado múltiplo da premiação. “Tem vários motivos de alegria. Primeiro, ser uma homenagem do Correio Braziliense, pois é um veículo parceiro da ciência e da atividade que a gente faz no Distrito Federal como meio de divulgação. Então essa homenagem é muito importante”, afirmou.
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Para ela, o prêmio também ressalta áreas importantes para o futuro do país e do planeta. “Tem o fato também de ser uma homenagem para a ciência e para a área do meio ambiente, que é o nosso grande desafio global. E o fato também de ser uma homenagem às mulheres dentro da ciência. Então, é uma alegria múltipla”.
Reconhecida pelo trabalho dedicado ao Cerrado, Mercedes lembrou a importância do bioma para o país. “Muito do meu trabalho é centrado na conservação do bioma Cerrado, que é o coração do Brasil. Brasília é o coração do Cerrado também. E como é que nós podemos permitir um uso mais sustentável desse bioma sem que ele continue nesse processo contínuo de degradação? Ele é muito importante para a população brasileira, não só para a população do Centro-Oeste, mas para toda a população brasileira, pelo fornecimento de água, pela regulação climática”.
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Lançado pelo Correio Braziliense, o Prêmio JK reconhece e homenageia personalidades que fizeram parte da história de Brasília. A seleção dos homenageados deste ano foi feita pela redação do jornal e contempla 16 categorias, são elas: esporte, cultura, sustentabilidade, agro, empreendedorismo, educação, direito e justiça, indústria e tecnologia, inclusão e voluntariado, saúde, gestão pública, turismo e eventos, comércio e serviços, entidade de classe, inovação e economia criativa. Além disso, há a categoria das homenagens especiais: quatro personalidades que se destacaram em várias áreas foram selecionadas para figurarem na história dessa premiação. O prêmio leva o nome da maior referência para a cidade, o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Carreira dedicada a sustentabilidade
Uma das mais importantes cientistas brasileiras dedicadas ao Cerrado, Mercedes Maria da Cunha Bustamante consolidou uma trajetória acadêmica marcada pela excelência e pela defesa incansável dos biomas nacionais. Professora titular do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília, ela é referência internacional nos estudos sobre mudanças climáticas, uso da terra, biodiversidade e emissões de gases de efeito estufa.
Sua pesquisa contribuiu para relatórios do IPCC, do qual foi autora e revisora, e para políticas ambientais de grande impacto no país. Doutora pela University of California, com pós-doutorado no Carnegie Institution for Science, Mercedes atua há décadas na interface entre ciência e formulação de políticas, participando de painéis, grupos técnicos e iniciativas que orientam decisões governamentais sobre conservação e sustentabilidade.
Em 2023, assumiu a presidência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), conduzindo a instituição em um período de reconstrução e reafirmação do papel da pesquisa brasileira. Em 2024, foi contemplada com o Prêmio Fundação Conrado Wessel, reconhecimento reservado a cientistas de contribuição excepcional.
Com mais de 180 artigos publicados e liderança em projetos internacionais, Mercedes se destaca pela capacidade de traduzir evidências científicas em ações concretas, especialmente no Cerrado, bioma que ela defende como estratégico e ainda vulnerável. Em outubro de 2025, voltou a alertar que a proteção da região é um desafio urgente que exige cooperação entre governo, setor produtivo e sociedade civil. Sua voz firme, aliada a um profundo comprometimento com a educação e a ciência, faz dela uma das figuras mais influentes da pesquisa ambiental no Brasil.

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