
Vanderléa Magalhães morreu na noite desta quarta-feira (17/12), aos 56 anos, em casa, sob os cuidados da irmã, após uma longa e intensa batalha contra o câncer. Diagnosticada em 2008 com um lipossarcoma na região abdominal, ela enfrentou a doença por 17 anos, passando por múltiplas cirurgias, internações prolongadas e tratamentos agressivos, sem jamais abrir mão da esperança, do trabalho e do carinho pelas pessoas ao seu redor.
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Funcionária terceirizada da Caixa Econômica Federal por mais de duas décadas, Vanderléa construiu uma trajetória marcada pela competência e pela dedicação. Atuava no suporte a sistemas, passando por áreas como loterias e gestão do Pix, e, mesmo sem formação específica em tecnologia, tornou-se referência pelo comprometimento e pelos resultados entregues. "As empresas passavam e ela ficava. Os contratos sempre eram renovados, de tão competente que ela era", lembra Maria Eliza Tourinho, cunhada da irmã de Vanderléa, a Vanda.
Embora não tivesse parentesco de sangue com Vanderléa, a considerava uma irmã. "Não tínhamos convivência física constante, mas éramos bem próxima nas conversas, no compartilhamento de confidências, e ela era uma pessoa muito, muito querida mesmo por mim. Ela era amorosa, uma pessoa de muitos amigos. Ela representa força, amizade, competência e uma capacidade impressionante de enfrentar a dor sem perder a doçura", conta Maria Eliza.
A relação de Vanderléa com o trabalho era também uma relação de afeto. Segundo o irmão Márcio de Farias Magalhães, a possibilidade de aposentadoria chegou a ser discutida pela família quando a doença avançou, mas ela nunca quis se afastar. "Ela gostava muito do que fazia e das pessoas com quem trabalhava. O trabalho era uma realização para ela", conta. Vanderléa seguiu trabalhando até 6 de novembro do ano passado, quando uma cirurgia de grande porte a impediu de retornar.
A história da doença começou de forma silenciosa. Em 2008, após emagrecer rapidamente, exames revelaram um tumor abdominal que já pesava mais de 2kg. A partir dali, vieram seis grandes cirurgias ao longo dos anos, além de sessões de quimioterapia. Em muitas ocasiões, a recuperação era rápida, poucos dias após procedimentos complexos, ela já retomava a rotina e o trabalho. Com o tempo, porém, os intervalos entre as recidivas (reaparecimento da doença) diminuíram e os tumores passaram a surgir em regiões de difícil acesso, como atrás do coração.
A última cirurgia, realizada em novembro do ano passado, para retirar um tumor que apareceu na parte da frente do coração, foi a mais delicada. Vanderléa permaneceu internada por quase seis meses, sendo cerca de quatro deles em UTI, parte do tempo em coma. Ao deixar o hospital, em abril, iniciou um processo lento de recuperação e passou a morar com a irmã Vanda, que se tornou sua cuidadora. Houve momentos de melhora e esperança, mas, nos últimos meses, o quadro voltou a se agravar. O tumor abdominal atingiu o fígado e o peritônio, e o organismo já não tinha forças para novos tratamentos.
Mesmo com a luta, Vanderléa nunca esteve sozinha. Amigos construídos ao longo da vida, muitos deles do ambiente de trabalho, se revezaram em visitas, cuidados e apoio. Em uma das internações mais longas, chegou a se formar uma verdadeira rede de revezamento para acompanhá-la 24 horas por dia. "Ela era muito amada, muito dedicada, porque também oferecia muito amor. Não era alguém que só recebia", destaca Maria Eliza.
Solteira e sem filhos, Vanderléa dedicava um amor especial aos três sobrinhos, que considerava como filhos. Durante anos, também foi a principal cuidadora da mãe, que viveu com Alzheimer por mais de uma década e faleceu em junho deste ano. “Ela cuidou da minha mãe até quando pôde. Depois, foi cuidada com o mesmo amor pela nossa irmã, a Vanda”, conta Márcio.
"Essa última luta foi mais difícil, mas tudo o que ela viveu antes foi vitória. A Deléa era, e sempre será, uma pessoa muito amada e amável. Por mim, pela nossa irmã e por todas as pessoas que a conhecem. É assim que me lembrarei dela”, completou.
O velório de Vanderléa será realizado nesta quinta-feira (18), a partir das 15h30, na Capela Especial nº 3 do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. O sepultamento está marcado para as 17h.

Cidades DF
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