FUTEBOL

Crônica da Cidade: Pausa para o futebol

Se a crônica esportiva é um gênero consolidado, tradicional e cativante no jornalismo, nada mais justo que dedicar o espaço de hoje ao meu time do coração

"Foi um gol de anjo um verdadeiro gol de placa, que a galera agradecida se encantava." Danilo não marcou aos 33 minutos do segundo tempo, mas foi quase, suficiente para garantir ao Flamengo a Glória Eterna. Se a crônica esportiva é um gênero consolidado, tradicional e cativante no jornalismo, nada mais justo que dedicar o espaço de hoje ao meu time do coração.

Invejosos dirão que sou uma torcedora oportunista. Que morram de inveja, pois, além do tetra na Libertadores, o Flamengo dificilmente perderá o título do Campeonato Brasileiro deste ano. Dirão ainda que não passava de obrigação, já que se trata do time com maior orçamento do país. Mas afinal, dever, obrigação, compromisso, não são os elementos que deveriam mover os jogadores? Uma torcida toda por trás espera que esse seja o mínimo e vibra para que os jogadores entreguem o máximo. Impossível, porém, desconsiderar o extenso calendário a ser cumprido pelos times brasileiros em comparação a outros clubes pelo mundo. Eficiência, estratégia e um comando estruturado são essenciais.

Num momento em que os técnicos estrangeiros estão tão cotados - o próprio Flamengo contratou Jorge Jesus e Domènec Torrent -, ver brilhar a estrela de Filipe Luís, o interino improvável que virou titular absoluto, é um alento. Nada contra o talento internacional, acho que talvez só Ancelotti para ajudar a Seleção a encontrar um rumo. Mas Felipe e até mesmo Diniz, no arquirrival Vasco, ajudam a lembrar o motivo de vestirmos as camisas dos nossos times. E, para ser ainda mais justa, o trabalho do técnico Rafael Guanaes e de toda a equipe do Mirassol, fenômeno deste Campeonato Brasileiro, não deixa dúvidas de que há ainda aquele futebol raiz no Brasil.

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Não sou uma torcedora oportunista, tampouco o futebol brasileiro é o mesmo de 30 anos atrás. Talvez não fosse mais fácil torcer nos anos 1990, afinal, torcedor sempre sofre em partidas decisivas. Mas o mundo digital, o mesmo que popularizou o esporte, hoje cobra um preço alto pelo sucesso. A vida analógica dos estádios não deixou de existir. As arquibancadas lotadas são exemplos claros. Mas o dinheiro das tevês, das bets e dos patrocínios torna a cada dia a confiança nos clubes uma tarefa mais difícil.

É por isso que sou uma torcedora que faz festa. Usufruo do melhor que o esporte pode oferecer: o afeto, o assunto para mudar o rumo das conversas desinteressantes, a briga com os adversários e até nos almoços de família. Quando eu quero incomodar, funciona. Quando quero agradar, também. E, por mais que muitos tentam me convencer do contrário, uma vez Flamengo, sempre Flamengo.

 


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