PESQUISA

Pesquisadores da Fiocruz detectam vírus da gripe aviária na Antártica

Cientistas decodificaram o genoma de cepas do H5N1 encontradas no corpo de três animais mortos na região

Cientistas do programa de pesquisa da Fiocruz na Antártica (Fioantar) detectaram cepas do vírus do H5N1, causador da gripe aviária, em animais no continente. A equipe decodificou o genoma de cepas encontradas em três animais nas Ilhas Shetland do Sul em 2024. 

A descoberta é importante para entender as rotas de disseminação do vírus. Na Antártica, o H5N1 representa um risco para a fauna em um ecossistema fragilizado pelas mudanças climáticas. 

"Trabalhamos na perspectiva de ‘uma só saúde’. Um vírus respiratório detectado em animais, em qualquer região do mundo, pode vir a ter impacto na saúde humana global”, destaca Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC/Fiocruz. Segundo a pesquisadora, o monitoramento é fundamental para prevenir e enfrentar possíveis pandemias. 

Os vírus foram encontrados em um mamífero e duas aves: um gaivotão (Larus dominicanus), em janeiro de 2024, além de um leão-marinho-antártico (Arctocephalus gazella) e um petrel-pintado (Daption capense), em dezembro. Para os cientistas, a descoberta da cepa em um leão-marinho-antártico é particularmente preocupante, já que a população da espécie sofreu redução de 95% desde 2007.

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Embora os três animais tenham sido encontrados no mesmo arquipélago, análises indicam diferentes rotas de introdução do vírus no continente. Segundo a pesquisa, o gaivotão e o leão-marinho teriam sido infectados por microorganismo da “linhagem de mamíferos marinhos da América do Sul”, que iniciou no norte do Chile em 2023 e se espalhou para Argentina, Ilhas Malvinas, Uruguai e Brasil. Já o pássaro petrel-pintado teve infecção pela “linhagem aviária da América do Sul”, que surgiu no Peru em 2022 e chegou em 2023 à Geórgia do Sul, arquipélago ao norte do continente antártico, onde migrou para a Antártica. 

“Isso reforça a necessidade de vigilância, com pesquisas contínuas para monitorar a disseminação e os impactos desse patógeno na região”, explica a pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e integrante da equipe do Fioantar Maria Ogrzewalska. “Até o momento, observamos que vírus dos dois clados são capazes de infectar aves e mamíferos, mas existem diferenças na frequência de infecções”.

As decodificações estão disponibilizadas na plataforma GISAID e os pesquisadores publicaram uma versão preliminar do estudo — ainda sem revisão por pares — na Research Square.

O Fioantar é coordenado pela Fiocruz e faz parte do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), da Marinha do Brasil. A pesquisa tem a participação de cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Universi

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