
Uma pesquisadora brasileira criou uma formulação oral líquida do anti-inflamatório firocoxibe - usado no tratamento da osteoartrite em cães - doença, comum em animais idosos, que compromete a mobilidade e a qualidade de vida dos pets.
A nova versão do medicamento usa nanocristais do firocoxibe, o que permite o aumento da absorção do fármaco, permitindo um alívio mais rápido dos sintomas de inflamação e dor em cães. Segundo o estudo, o princípio ativo já é presente em medicamentos veterinários em formato de comprimidos mastigáveis, no entanto, apresentam baixa solubilidade em água, limitando a sua absorção no organismo do animal.
Segundo Luiza de Oliveira Macedo, autora da pesquisa, o tamanho das partículas do fármaco nanoestruturado é de 200 nanômetros, enquanto as partículas dos medicamentos convencionais medem em torno de 20 a 30 micrômetros (m), número entre 250 a 270 vezes maior que o desenvolvido por Macedo. A diminuição do tamanho das partículas permite que o firocoxibe fixe com maior facilidade no organismo.
O processo de produção da versão líquida do firocoxibe envolveu a dispersão do fármaco em um meio líquido estabilizado e posterior moagem com esferas de zircônia para redução das partículas. Antes dos testes em cães, a toxicidade da formulação foi avaliada em testes laboratoriais, no qual não foram observados efeitos adversos significativos. Depois, o estudo farmacocinético em cães da raça beagle mostrou que a concentração do fármaco foi duas vezes maior que a obtida com o medicamento convencional.
O protótipo do medicamento foi inicialmente sintetizado em pequenas quantidades, com lotes de aproximadamente sete gramas. Agora, o projeto se prepara para avançar à fase de produção em escala industrial. “Fiz testes preliminares em um moinho maior e consegui produzir 3 quilos de medicamento com as mesmas características”, conta a pesquisadora.
Nádia Araci Bou-Chacra, orientadora da pesquisa, destaca que a descoberta se deu em um momento onde a expectativa de vida dos pets tem aumentado. As pessoas têm cuidado mais dos animais. Como eles vivem mais, essas doenças podem aparecer no processo de envelhecimento”, observa a professora.
Apesar do avanço, a transformação da pesquisa em um produto comercial aprovado ainda exige um longo percurso. Luiza diz que tempo necessário para chegar ao mercado será de três a quatro anos. Ela também conta que no intuito de proteger o produto pioneiro foi enviado um pedido de patente ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
*Com informações da Fapesp
Ciência e Saúde
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