
Uma pesquisa publicada nesta sexta-feira (12/9) na revista Communications Earth and Environment, do grupo Nature, revela que municípios da região amazônica mais próximos de florestas preservadas em terras indígenas apresentam menor incidência de doenças respiratórias e cardiovasculares relacionadas a incêndios florestais e menores riscos de enfermidades transmitidas por insetos e animais, como malária, leishmaniose e doença de Chagas.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
O estudo analisa 20 anos de dados, sobre 27 problemas de saúde em oito países amazônicos — Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa — e concluiu que os territórios indígenas, especialmente os legalmente reconhecidos, funcionam como barreiras de proteção e são essenciais para combater as mudanças climáticas, reduzir a poluição do ar causada pelas queimadas, a perda da biodiversidade e diminuir a disseminação de doenças que criam riscos imediatos e generalizados à saúde.
"As florestas indígenas na Amazônia trazem benefícios à saúde de milhões de pessoas. Sabemos há muito tempo que a floresta tropical abriga plantas e animais medicinais que curaram inúmeras doenças. Este estudo oferece novas evidências de que as próprias florestas são um bálsamo para as ameaças aos pulmões e ao coração das pessoas, relacionadas a incêndios, e também contra doenças como malária e febre maculosa", afirmou Paula Prist, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
- Leia também: Como surgiu a campanha Setembro Amarelo no Brasil
Entre 2001 e 2019, foram registrados quase 30 milhões de casos de doenças ligadas a incêndios, zoonoses e enfermidades transmitidas por vetores no bioma amazônico. Só na Amazônia brasileira, estima-se que os focos florestais tenham provocado, em média, 2.906 mortes prematuras por ano entre 2002 e 2011.
A exposição a esses incêndios leva ao aumento de sintomas respiratórios, doenças cardíacas, derrame, enfisema e câncer de pulmão, além de bronquite, asma, dor no peito e problemas pulmonares cardíacos croônicos.
Os pesquisadores destacam que o desmatamento e os incêndios criminosos são os principais fatores de risco, ampliados pelos efeitos da crise climática e estão em constante aumento devido à expansão agressiva da agricultura, à exploração de petróleo e a grandes projetos de infraestrutura, como estradas e usinas hidrelétricas. A alteração no uso da terra cria bordas florestais e força vetores, hospedeiros e patógenos a viverem mais próximos dos humanos, aumentando os riscos de transmissão de doenças infecciosas zoonóticas
Já os Territórios Índigenas (TIs) bem conservados atuam como filtros naturais contra a fumaça e como barreiras sanitárias contra a propagação de doenças, sendo ainda cruciais para manutenção do ecossistema, como o fornecimento de água doce, sequestro de carbono e regulação climática.
Para ler o artigo completo, acesse a publicação no site da Nature.
Ciência e Saúde
Ciência e Saúde
Ciência e Saúde