
Verde, de gosto forte e viscoso, o quiabo pode não agradar o paladar de muitas pessoas, mas chama atenção por suas propriedades nutricionais. A planta rica em fibra alimentar solúvel viralizou nas redes sociais ao resultar em uma bebida que auxilia na perda de peso e na diminuição do colesterol.
A receita emagrecedora que se popularizou na internet resume-se em adicionar o vegetal na água, coando-o e consumindo o líquido resultante. A água de quiabo, no entanto, não é uma solução milagrosa para emagrecer, segundo Carla de Castro, nutricionista da Clínica Sallva.
“O que acontece é que a mucilagem presente no quiabo é rica em fibras solúveis, que aumentam a sensação de saciedade, auxiliam no controle da glicemia e podem indiretamente ajudar no processo de perda de peso quando associada a uma alimentação equilibrada e à prática de exercícios físicos”, explica.
A mucilagem — substância viscosa produzida por algumas plantas, como é o caso do quiabo — forma um tipo de gel no intestino, cujas propriedades, segundo Carla, favorecem a eliminação do colesterol LDL através das fezes.
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“Quando consumimos o quiabo em forma de água, aproveitamos principalmente a mucilagem solúvel que se desprende no líquido”, a especialista justifica a popularização da receita. “Já o quiabo cozido oferece além da mucilagem outras fibras insolúveis, vitaminas (como vitamina C e folato) e minerais. Ou seja, o ideal é variar o consumo: usar a água de quiabo, mas também incluir o alimento inteiro na dieta.”
O microbioma intestinal também é beneficiado pela receita. Conforme Carla, a mucilagem serve como “alimento” para bactérias benéficas do intestino, funcionando como prebiótico natural. “Isso contribui para a diversidade da microbiota, melhora do trânsito intestinal e fortalecimento da imunidade”, afirma.
Pessoas que não têm o hábito de consumir fibras podem experienciar gases, distensão abdominal ou leve desconforto com a receita. “Por isso, é importante começar com pequenas quantidades e aumentar gradualmente, sempre junto de uma boa ingestão de água”, alerta a nutricionista. Além disso, aqueles com síndrome do intestino irritável, tendência a gases em excesso ou que estejam em uso de anticoagulantes devem ter cautela com a água de quiabo. “Também é importante avaliar em casos de insuficiência renal, pois o quiabo contém oxalato, que em excesso pode contribuir para cálculos renais em pessoas predispostas.”
Em conjunto com a linhaça, a chia, a berinjela e o psyllium, a saciedade, o controle glicêmico e o equilíbrio intestinal são aumentados. “Uma dica é adicionar algumas gotas de limão ou folhas de hortelã, que suavizam o sabor e deixam a bebida mais refrescante. Também é possível bater a água de quiabo com sucos naturais, como laranja ou maracujá”, completa.
Dayanne Maynard, professora de nutrição do CEUB, acrescenta que, ao entrar em contato com a água, a baba do quiabo captura o colesterol negativo presente na alimentação e ácidos biliares. No entanto, a especialista destaca que somente uma parte mínima do quiabo se dissolve na água, sendo o ideal o consumo do vegetal inteiro.
Embora a bebida careça de estudos que indiquem propriedades emagrecedoras, Dayanne salienta que beber apenas a água pode trazer um leve efeito de saciedade. Para os que desejam testar a receita, a nutricionista sugere 100–200 mL por dia.
De acordo com Dayanne, a água de quiabo apenas complementa outras estratégias de emagrecimento: “Ela pode ajudar na hidratação e trazer leve saciedade, principalmente antes das refeições. Porém, fatores como alimentação equilibrada, sono adequado e prática de atividade física são determinantes para a perda de peso.” Além disso, a bebida não substitui tratamentos convencionais de controle de colesterol.
A especialista adverte que, em quantidades muito elevadas, a água de quiabo pode atrapalhar a absorção de minerais, já que o vegetal contém oxalatos que se ligam a cálcio e magnésio. “Pessoas predispostas a cálculos renais podem ter aumento de risco. O excesso de mucilagem e fibras também pode causar gases, diarreia e desconforto intestinal, além de reduzir a absorção de ferro, zinco e cálcio a longo prazo”, disserta.
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