
Goiânia — A cirurgia robótica está revolucionando procedimentos complexos, com braços mecânicos que são controlados pelos cirurgiões a partir de uma máquina, progresso tecnológico que oferece melhor resultado aos pacientes.
A tecnologia é um avanço em comparação com os métodos cirúrgicos tradicionais. Apesar de a laparoscopia já oferecer o benefício de incisões menores, a cirurgia robótica leva a precisão a um nível ainda maior.
O cirurgião Leonardo Emílio, com certificação internacional em cirurgia robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia, explicou as vantagens da técnica: “para o médico, isso significa maior segurança e delicadeza nos movimentos. Para o paciente, traduz-se em menos dor, menor risco de infecção, menos sangramento e uma recuperação mais rápida”, destacou.
Outro diferencial é a visão ampliada e em 3D que o cirurgião tem do campo operatório, o que permite uma manipulação mais delicada dos tecidos e órgãos.
Precisão em casos complexos
A tecnologia da cirurgia robótica pode ser aplicada em diversas áreas, urologia, ginecologia, oncologia e até cirurgias digestivas, mas a cirurgia robótica mostra o potencial máximo em procedimentos de alta complexidade.
“Quanto mais desafiador o caso, maior a chance de a robótica oferecer benefícios em segurança e resultados”, afirma Emílio.
A precisão do tratamento influencia a recuperação do paciente, permitindo uma alta hospitalar e um retorno mais rápido às atividades diárias.
O Brasil se destaca no mercado latino-americano de cirurgia robótica. O Hospital Israelita Albert Einstein é um dos hospitais referência na área. O Correio foi convidado a conhecer a tecnologia do hospital de Goiânia, onde foi apresentado o modelo usado, o Robô Da Vinci Xi, apelidado pelo hospital como Madalena. A arquitetura suspensa de quatro braços mais finos permite que o robô tenha mais alcance e flexibilidade.
Formação e futuro da tecnologia
A evolução da cirurgia robótica no Brasil depende diretamente da capacitação dos profissionais. Emílio ressalta que o treinamento vai além da prática cirúrgica tradicional e exige uma formação complementar. Esse processo inclui aulas teóricas, prática supervisionada e simulações, até que o médico esteja apto para realizar as cirurgias.
O principal desafio, segundo o cirurgião, é expandir o acesso da população a essa tecnologia. Ele explica que os equipamentos são caros e ainda estão concentrados em grandes centros. A formação de profissionais especializados, que requer um treinamento específico, também é um fator limitante.
Apesar dos obstáculos, o país tem feito um progresso notável. A regulamentação da prática pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2022 e a aprovação, em 2025, do uso da cirurgia robótica em casos específicos pelo SUS são marcos importantes. Isso mostra que o Brasil está no caminho certo para democratizar o acesso a esses procedimentos, alcançando inclusive a rede pública de saúde.
Perspectivas
O futuro da cirurgia robótica é promissor, de acordo com Emílio. A expectativa é que novas plataformas mais acessíveis cheguem ao mercado, o que ajudará a reduzir os custos e, consequentemente, ampliar o uso desses sistemas.
Além disso, sistemas mais compactos e inteligentes estão em fase de desenvolvimento para oferecer um suporte ainda maior aos cirurgiões durante as operações.
Com as regras já estabelecidas no Brasil e a entrada inicial no SUS, a tendência é que essa tecnologia cresça cada vez mais nos próximos anos. "A cirurgia robótica deve se tornar uma parte normal da rotina dos hospitais", conclui o especialista.
Confira o vídeo do cirurgião Leonardo Emílio fazendo uma simulação cirúrgica:
*A jornalista viajou a convite do Hospital Israelita Albert Einstein
*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori
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