
Para além de Netuno, na região remota do Cinturão de Kuiper, evidências de uma "estrutura muito antiga e intacta" intrigou pesquisadores do Canadá. Semelhante a um cinturão de asteroides, o Cinturão de Kuiper é considerado uma “terceira zona do Sistema Solar”. É nesse espaço, que mais se assemelha a uma “rosquinha” do que a um cinto, que se localizam corpos cósmicos como Plutão.
A nova estrutura descoberta, apelidada de “núcleo interno”, é um conglomerado de objetos do Cinturão de Kuiper (KBOs, na sigla em inglês) com órbitas semelhantes, todas circulares e quase completamente alinhadas com o disco do Sistema Solar. "Esse tipo de estabilidade orbital é um sinal de uma estrutura muito antiga e intacta – o tipo de estrutura que pode fornecer pistas sobre a evolução do sistema solar, como os planetas gigantes se moveram em suas órbitas, que tipo de ambientes interestelares o sistema solar atravessou, enfim, todo tipo de informação sobre os primórdios do sistema solar", explica Amir Siraj, pesquisador da Universidade de Princeton e autor principal do estudo, à New Scientist.
Localizado a 43 Unidades Astronômicas (UA) do Sol, sendo UA a distância entre a Terra e o astro, o núcleo interno também pode ajudar a desvendar detalhes sobre a trajetória de Netuno. Uma das hipóteses é que o conglomerado pode ter surgido com a migração do planeta gelado.
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A teoria é de que Netuno tenha se formado no Sistema Solar interno e migrado para mais longe do Sol até alcançar a posição atual. David Nesvorný, pesquisador do Southwest Research Institute, explica que, por ser um planeta gigante, Netuno pode ter “capturado” esses KBOs por meio de interações gravitacionais, formando os núcleos.
O nome “núcleo interno” se deve ao fato de que pesquisadores já descobriram outro conglomerado no Cinturão de Kuiper, que foi chamado apenas de “núcleo”. No entanto, a nova descoberta mostra um conglomerado ainda mais compacto. As observações representam um avanço para entender como o nosso Sistema Solar se originou.

Ciência e Saúde
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