
O uso de canetas emagrecedoras pode provocar mudanças temporárias na vida sexual de cerca de 30% dos pacientes, especialmente mulheres. A explicação envolve alterações na dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer, desequilíbrios hormonais e os efeitos da restrição alimentar no funcionamento do corpo.
Segundo a ginecologista e obstetra Vanessa Cairolli, a libido feminina depende diretamente da dopamina, responsável pela sensação de recompensa e bem-estar. “As canetas podem acelerar a degradação da dopamina por ação enzimática. Com menos dopamina disponível, o desejo sexual diminui”, explica.
A médica afirma que parte dos pacientes apresentam esse tipo de resposta durante o uso do medicamento, sobretudo quando o tratamento vem acompanhado de dieta muito restritiva. “O organismo passa a priorizar funções vitais e reduz a energia destinada ao prazer”, diz.
Menos excitação, mais desconforto
A queda do desejo interfere diretamente na excitação sexual. “A lubrificação vaginal depende da resposta ao estímulo. Quando há apatia ou menor excitação, a lubrificação diminui, o que pode causar dor e desconforto durante a relação”, afirma Cairolli.
Nos homens, também podem ocorrer alterações na libido e na função sexual. Embora o mecanismo ainda não esteja totalmente esclarecido, a médica aponta hipóteses como redução da testosterona e impacto do déficit calórico. “Dietas muito restritivas reduzem a produção de hormônios sexuais, que têm o colesterol como base”, explica.
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O mito do "Pênis maior"
A médica esclarece ainda que relatos sobre aumento do tamanho do pênis associados ao uso das canetas não indicam crescimento real do órgão. “O que acontece é a perda de gordura na base do pênis, comum em homens com obesidade. Isso torna o comprimento real mais visível”, esclarece.
De acordo com a especialista, não há evidência de dano permanente à saúde sexual. “Essas alterações costumam ocorrer durante o uso do medicamento e a restrição alimentar. Com aporte nutricional adequado, o corpo tende a retomar o funcionamento normal”, afirma.
Cairolli reforça que o tratamento, quando bem indicado, traz benefícios relevantes. “A obesidade aumenta o risco de infarto, diabetes, AVC e câncer. Para quem precisa, as canetas representam um avanço importante. O problema é o uso sem orientação médica e sem acompanhamento nutricional”, alerta.
A recomendação é clara: nenhum medicamento deve ser usado por conta própria. “Emagrecer não pode significar abrir mão da saúde, inclusive da saúde sexual”, conclui.
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