Não são poucos os cantores e cantoras, de diferentes gerações, que gravaram canções de Chico Buarque de Holanda. Embora sua faceta de letrista costume ser mais conhecida, seu trabalho como melodista é muito apreciado por músicos e intérpretes do gênero MPB. Instrumentistas como Roberto Menescal, Cristovão Bastos, Mauro Senise, Jorge Helder e Hamilton de Holanda são alguns dos que já incluíram em seus álbuns temas do compositor e escritor carioca, que completou 77 anos em junho.
Mas o saxofonista e flautista e arranjador Alexandre Caldi, nome de destaque da cena musical do Rio de Janeiro, decidiu ir além e lança o projeto Buarquenas, álbum dedicado à obra de Chico. Em 11 faixas, ele coloca em relevo parte do repertório do homenageado. Para isso, ele conta com a interpretação das cordas do Quarteto Metacústico, formado por Luísa Castro (violino), Thiago Teixeira (violino), Diego Silva (viola) e Daniel Silva (violoncelo).
O trabalho traz os grandes clássicos da trajetória de Chico e também reúne algumas composições menos populares. “O grande desafio, ao criar arranjos para tantas melodias incríveis, foi mostrar que elas prescindem das letras para atrair o ouvinte”, ressalta o musicista. O resultado pode ser conferido nas versões de A ostra e o vento, Cotidiano, Fantasia, Noite dos mascarados, O meu amor e Rosa dos ventos que ganharam registro dentro do universo camerístico.
Filho de pais pianistas, e integrante do Trio LiberTango - ao lado da mãe Estela Caldi (piano) e do irmão Marcelo Caldi (acordeon) – Alexandre traz suas vivências e referências para o projeto.”Neste trabalho busquei o ambiente de concerto, acompanhado por um quarteto de cordas, o que me ampliou o horizonte, para tratar dessas músicas com a riqueza que elas merecem”, avalia.
Buarquenas é um lançamento da gravadora Biscoito Fino e é uma homenagem ao aniversário de Chico Buarque. O título do trabalho faz alusão ao termo Bachianas, utilizado por Heitor Villa-Lobos - o mais importante compositor erudito brasileiro - para a série de obras em que ele prestou tributo ao compositor alemão Johann Sebastian Bach.
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Três perguntas / Alexandre Caldi
Quando surgiu o interesse na obra de Chico Buarque?
Eu já era um admirador de Chico Buarque na adolescência, mas das músicas que chegavam a mim pelo rádio ou nas casas de amigos. Eu não conhecia sua discografia. Gostava mas não sabia o porquê. O interesse se aprofundou de verdade, aos 18 anos, nas aulas de harmonia que comecei a fazer com Bia Paes Leme, admiradora da obra de Chico Buarque. Foi ela que me despertou para a criatividade melódica e harmônica de Chico, que tem características muito peculiares.
Como é o Chico melodista?
Acho que o Chico viveu muitas fases distintas como melodista. Ele é um camarada bastante culto, que deve ter escutado muita música boa, e não apenas popular. Percebo que o processo de composição do Chico parece um tanto arquitetônico. Suas melodias e harmonias tem um encaixe orgânico, é difícil dissociá-las. E as sutilezas fazem toda a diferença. Inspirei-me nesses mesmos princípios ao escrever os arranjos deste disco.
Que critérios utilizou para a escolha do repertório?
Para o repertório optei primordialmente por obras mais líricas. Ter um quarteto de cordas como acompanhante de um solista, se presta melhor a esse tipo de música, do que aos sambas, por exemplo. Então há apenas um cheirinho de samba no álbum, em Fantasia e Cotidiano, disfarçadamente. De resto, a pegada é mais romântica. E não é atoa a referência ao amor, presente explicitamente nos títulos de duas faixas do disco.