Música

A resistência de Gonzaguinha chega aos palcos de Brasília espetáculo teatral

O espetáculo teatral traz a história de Gonzaguinha, menino que veio do Morro de São Carlos, favela do Rio de Janeiro, e teve de vencer as barreiras financeiras, do preconceito, marginalidade e criminalidade para se tornar um dos maiores ícones da música brasileira

Pedro Almeida*
postado em 25/03/2022 06:00 / atualizado em 25/03/2022 13:43
Rogério Silvestre em Gonzaguinha - Eterno aprendiz -  (crédito: Kiko Salles/Divulgação)
Rogério Silvestre em Gonzaguinha - Eterno aprendiz - (crédito: Kiko Salles/Divulgação)

Brasília recebe, neste fim de semana, música e resistência com o espetáculo teatral Gonzaguinha - Eterno aprendiz. No sábado (26/3), às 21h30, e no domingo (27/3), às 21h, o Teatro Unip, na 913 Sul, abre o palco para que Rogério Silvestre dê vida a um dos grandes compositores da música brasileira. Os ingressos estão disponíveis on-line.

O menino que veio do Morro de São Carlos, favela do Rio de Janeiro, teve de vencer as barreiras financeiras, do preconceito, marginalidade e criminalidade para se tornar um dos maiores ícones da música brasileira. O filho do rei do baião se provou, nos curtos 45 anos de vida, uma figura digna de homenagem, mesmo 30 anos após a morte. Gonzaguinha é, sobretudo, um personagem atual. A prova é o espetáculo Eterno aprendiz, que tem enchido teatros nas capitais brasileiras. Agora, em Brasília, o mineiro Rogério Silvestre interpreta 16 canções, intercaladas com textos que contextualizam a vida e obra do cantor.

Foi em Itajubá, sul de Minas Gerais, onde tudo começou. A terra natal de Rogério, que residia à época no Rio de Janeiro, foi o destino de umas férias descompromissadas no fim dos anos 2000. Na antiga cidade, Silvestre foi convidado a assistir ao embrião do que seria a peça Eterno aprendiz. Com a perda repentina do ator principal, Rogério topou ajudar e assumiu o papel. Seriam três apresentações, que logo se desdobraram em 16. Já se vão 14 anos desde aquele longínquo 2008 em Itajubá, e a peça segue avassaladora por onde passa.

Se hoje o refrão de O que é o que é pode ser entoado a plenos pulmões em qualquer roda de samba pelo país, há a preocupação de que, apesar do legado musical, a imagem de Gonzaguinha pudesse ser esquecida. Por sorte, o musical tem sido uma porta de entrada para que novas pessoas o conheçam: "No início, iam os fãs de Gonzaguinha. Só que o espetáculo tomou uma proporção tão grande que começaram a ir famílias inteiras. O fã levava o parceiro, os filhos, os pais. Com isso, as pessoas foram se encantando pelo musical. O texto toca muito as pessoas", afirma Silvestre. Há, além do artista, a pessoa que foi Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, um espelho da vida de muitos brasileiros: "O espetáculo fala da vida do Gonzaguinha, mas também fala da vida do brasileiro, fala da nossa sociedade. Ele fala de pai, mãe, política… fala de amor", completa Rogério.

A atualidade dos versos de Gonzaguinha, infelizmente, não é sempre positiva. Crítico ferrenho da ditadura no Brasil, o cantor sofreu com a censura. Em um momento em que o panorama político mundial remete a esses tempos sombrios, a vida de Gonzaguinha pode servir de lembrança aos espectadores para lutarem para que o Brasil não tenha um passado pela frente.

*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco.


Gonzaguinha — Eterno aprendiz

Dia 26 de março, às 21h30, e dia 27 de março às 21h, no Teatro Unip —  SGAS I SGAS 913, Asa Sul, Brasília. Ingressos on-line no site maisingressos.com

 


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