MÚSICA

Don L leva uma mistura de música e justiça social para o palco do CoMA

Rapper cearense faz primeiro show do elogiadíssimo ‘Roteiro para Aïnouz (vol.2)’ em Brasília e promete imersão do público

Pedro Ibarra
postado em 06/08/2022 09:23
 (crédito: Isabel Gandolfo/Divulgação)
(crédito: Isabel Gandolfo/Divulgação)

“Tem sido um voo f…”, canta Don L na faixa A todo vapor do disco, lançado em 2021, Roteiro para Aïnouz (vol.2). O rapper usa o palavrão de forma positiva, para explicar o bom momento que está vivendo na música, para mostrar que, aos 41 anos, chegou no ponto mais alto da carreira até então. É nesse voo que Don quer colocar o público de Brasília, neste sábado de CoMA, às 21h45.

O artista foi um dos primeiros nomes anunciados no festival brasiliense, ao lado de Puro Suco, Martinha do Coco, ‘akhi huna, Tasha e Trace, Lamparina e a grandiosa Gal Costa. Isso porque o músico vem de um 2021 mágico. Com o lançamento de Roteiro para Aïnouz (vol.2) conquistou um público mais amplo, além de admiração da crítica, entrando para as listas de melhores do ano da mídia especializada e até ganhando o prêmio da Academia Paulista dos Críticos de Arte, a APCA, de álbum do ano. Uma das maiores honrarias que um músico brasileiro pode ganhar no cenário nacional da atualidade.

É nesse pique que Don L sobe no palco do CoMA. Ele quer colocar Brasília no clima em que está, levar a mensagem que o fez voar nas alturas para o público da capital. “Faz tempo que eu não faço show em Brasília e vai ser o primeiro show na cidade do Roteiro para Ainoüz vol.2, então a gente está empolgadão. A expectativa é máxima”, comenta o rapper, que já adianta que a intenção é que o público mergulhe na onda que ele vai propor. “Estamos levando um cenário e fizemos uma iluminação específica, queremos proporcionar uma experiência de imersão no disco. Tudo é feito para apoiar esta experiência”, afirma.

Não é só a saudade do DF que o motiva a fazer esse show, mas também o que a cidade representa. “Brasília tem um simbolismo de ser a capital do Brasil, onde mora a política do país”, explica. A cidade dialoga com muitas das críticas que o novo disco dele propõe e passar essa mensagem para o povo que estará o assistindo é um ato de resistência para Don L. Porém o trabalho não pode ser exclusivo na cidade. “Brasília, como qualquer outra cidade, tem muito potencial de poder popular. Dos trabalhadores, das pessoas que realmente fundaram, ergueram e sustentam esse país se levantaram para construir um novo país, ajudarem a fazer um novo mundo”, clama.

Ele acredita que o caminho que está trilhando para o sucesso não deve ser desfrutado sozinho. Ninguém solta da mão de ninguém, para que juntos se construa um mundo melhor. “Quero incentivar as pessoas a quererem a mudança. Nesse disco eu bato muito na tecla de que o poder é das pessoas e que a gente tem tudo para poder construir uma experiência social diferente da que a gente vive”, afirma. Para Don L, isso que fez do disco o sucesso que foi, acumulando milhões de reproduções nas plataformas e prêmios por todo o Brasil. “As pessoas se identificam, porque têm as mesmas aspirações, as mesmas buscas e percebem que sozinhos temos poder limitado. A gente pode muito mais se usarmos a força e conhecimento coletivo”, acredita o rapper.

Dessa forma, Gabriel Linhares da Rocha, nome de batismo do artista, saiu da periferia de Fortaleza e, conversando sobre dores que tem em comum com o público, conquistou o Brasil. “Ninguém imaginaria um rapper de fortaleza alcançando um grande espaço nacionalmente. Quando eu comecei, ninguém acreditava que eu ia chegar onde eu cheguei”, lembra. “Cada degrau que alcanço, cada música, disco ou mixtape que eu lanço é uma progressão. Estou sempre voando mais alto. Eu sempre tive grandes expectativas, eu nunca limitei os meus sonhos”, comemora.

Depois deste processo, Don L pode finalmente sentir orgulho do lugar onde chegou e, principalmente, do caminho que trilhou. “Tem sido um voo f* sim. Ainda mais podendo fazer o que eu quero, mostrando o conteúdo que eu quero compartilhar”, pontua o rapper, que não esquece que ainda há muito trabalho pela frente. “Estou aqui, lidando com as minhas contradições, vivendo bem em um mundo que quero destruir para construir outro”, conclui.

Ao longo do mês, o Correio tem feito, nos meios on-line e impresso, um passeio entre as atrações do Festival CoMA, traçando um retrato dos artistas e a relação com Brasília e o evento. Entrevistas com Remobília, Vitor Ramil, Braza, ÀTTØØXXÁ, Urias, Rico Dalasam, Bala Desejo, Carlinhos Brown, Gal Costa e um compilado com as novas vozes do DF já estão disponíveis.

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