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Exposição de Daniel Moreira lança olhar sobre andarilhos nas rodovias

Exposição de Daniel Moreira no CCBB mostra a realidade de andarilhos e pessoas que vivem à beira das rodovias no Brasil

Nahima Maciel
postado em 25/08/2022 06:00
 (crédito: Daniel Moreira)
(crédito: Daniel Moreira)

Foi a partir da observação de andarilhos na rodovia Fernão Dias, conhecida como Rodovia da Morte, que o fotógrafo mineiro Daniel Moreira começou a dar vida aos ensaios de Trilogia limítrofe, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) com curadoria de Cinara Barbosa.

  • Exposição Trilogia limítrofe, de Daniel Moreira Daniel Moreira
  • Exposição Trilogia limítrofe, de Daniel Moreira Daniel Moreira
  • Exposição Trilogia limítrofe, de Daniel Moreira Daniel Moreira
  • 2022. Crédito: Daniel Moreira/Divulgação. Cultura. Fotos do fotógrafo Daniel Moreira, que expõe no Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB. Sob o Mesmo Céu. Daniel Moreira/Divulgação

A história começa com Paisagem ambulante 381, um retrato de como vivem aqueles que percorrem a estrada a pé. O fotógrafo passou cinco anos viajando diariamente por um trecho de 200 quilômetros na altura do KM 381, entre Belo Horizonte e Bahia. "Comecei a perceber esses andarilhos e a fotografar esse mundo na beira da estrada", conta.

Durante a produção do ensaio, Moreira percebeu uma grande quantidade de circos e parques de diversão instalados em áreas próximas às estradas. São instalações periféricas, marcadas por uma certa simplicidade e pela transitoriedade. O que deu origem à série Desencanto. A relação entre o trabalho, a diversão e a escassez saltam para o primeiro plano no ensaio. "Parques e circos foram criações do início do século 20 e começaram a surgir para levar alegria para os pobres. Era um momento de desprendimento da realidade, que é dura. E essa realidade passa para o lado das pessoas que trabalham nesses parques. É uma alternativa de diversão das populações mais periféricas", diz. Em Desencanto, ele vai atrás das famílias que trabalham nesses espaços e registra o cotidiano local.

Ao se aproximar dessas populações, Moreira começou a vislumbrar um terceiro ensaio: fotografar o interior das casa de pessoas que vivem nessas regiões periféricas transitórias. "Ao ir atrás das famílias que começam a utilizar esses circos parques, chego nas ocupações urbanas em que passo a fotografar o cotidiano e aí começo a trabalhar com cor, porque as casas são cheias de vida", conta. Pela introdução da cor, Sob o mesmo céu é a mais viva das três séries. "É um conjunto de imagens em que vou discutindo essa coisa da ocupação, do espaço físico pelo homem e como esse espaço se modifica", avalia.

Para a exposição no CCBB, Moreira preparou uma instalação com algumas das imagens em tamanhos grandes. "Como o local funciona quase que como um parque, achei interessante fazer quase um jardim de fotografias com esse pessoal, trazendo a periferia para dentro do CCBB."

Trilogia limítrofe

De Daniel Moreira. Abertura nesta sexta-feira (26/8), às 19h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Visitação até 23 de outubro, de terça a domingo, das 9h às 21h.

 

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