Música e teatro

Show celebra os 60 anos do teatro Opinião, palco de combate à ditadura

A apresentação será no Sesc Vila Mariana em São Paulo e Brasília estará representada por Ellen Oléria, que divide o palco com Xis, Xeina Barros e Alessandra Leão.

Elenco de Pega, mata e come: 60 anos de Opinião: Ellen Oléria representa Brasília
 -  (crédito: José de Holanda/Divulgação)
Elenco de Pega, mata e come: 60 anos de Opinião: Ellen Oléria representa Brasília - (crédito: José de Holanda/Divulgação)

Em 2024, o golpe militar que instaurou uma ditadura no Brasil completa 60 anos. Em períodos de repressão a arte aflora e, na época, o Opinião de Augusto Boal juntou João do Vale, Zé Keti e Nara Leão, e fez história com críticas ao governo que perseguia a liberdade de expressão por meio de uma mistura de teatro e música. Agora, é a vez da nova geração lembrar deste período e prestar o tributo com o show especial Pega, mata e come: 60 anos de Opinião, realizado nesta quinta-feira (4/4) e nesta sexta-feira (5/4), em São Paulo.

A apresentação será no Sesc Vila Mariana em São Paulo, mas Brasília estará representada por Ellen Oléria, que divide o palco com Xis, Xeina Barros e Alessandra Leão. Quem assina a direção é Jé Oliveira,  a dramaturgia é de Mariana Mayor e Julian Boal, e a direção musical, de Paulo Tó. "É um projeto que vem sendo gestado há algum tempo. Mas a cada momento político, com esse turbilhão que vivemos nos últimos anos, as músicas e as cenas ganham outro sentido. Acho que pelas transformações que estamos vivendo a cada dia, os sentidos do show são muito abertos, podem suscitar várias sensações e percepções", explica Tó.

Os artistas entendem que a questão é olhar para o passado, mas que não dá para negar que o Brasil passou por um risco recente à própria democracia. "Acho que vivemos outro momento e é importante trazer as questões e os ritmos do presente para o palco. Mas as agitações políticas que passamos, recentemente, nos mostram que as discussões do período da ditadura estão muito mais vivas do que imaginamos", diz o diretor musical.

"O Opinião foi o primeiro protesto teatral, um manifesto coletivo organizado contra a ditadura que a gente tem notícia. Revisitá-lo é manter sua história viva. Ainda mais agora, quando várias pautas da época ressurgiram com força total", exalta Ellen Oléria, que tem aproveitado a experiência. "Está sendo desafiadora, mas também enriquecedora essa aproximação com os temas tratados no Opinião. Ainda mais com a inclusão de nossas pautas, como a luta antirracista", completa.

Brasília no palco

A única brasiliense entre os envolvidos no projeto, Oléria entende que há uma responsabilidade especial em representar a capital. "Brasília carrega o fardo imenso de sediar os processos decisórios do país. Ser o centro político de um país com uma história de corrupção tão triste é desafiador. É poder, mas é também desejo permanente de mudança", afirma a cantora. "Ser brasiliense é carregar fortemente esse desejo de revolução. Falar sobre nossas feridas enquanto estado-nação é trazer à tona um pedacinho da mudança que a gente quer ver se tornar real", reflete.

 


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postado em 04/04/2024 10:16 / atualizado em 04/04/2024 10:37
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