MÚSICA

Pato Fu celebra 30 anos com álbum gravado com Orquestra Ouro Preto

Banda mineira celebra 30 anos de carreira com lançamento de álbum gravado com a Orquestra de Ouro Preto

Novo álbum é concerto gravado com Pato Fu e a Orquestra Ouro Preto -  (crédito: Rapha Garcia)
Novo álbum é concerto gravado com Pato Fu e a Orquestra Ouro Preto - (crédito: Rapha Garcia)

Rotorquestra de Liquidificafu é o nome do novo projeto de Fernanda Takai em parceria com a Orquestra Ouro Preto para celebrar os 30 anos de Pato Fu. O concerto teve passagem por Minas Gerais e foi gravado ao vivo no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Lançado nas plataformas digitais, o álbum foi  acompanhado de um show gratuito em Copacabana, no dia 22, no festival Orquestra Ouro Preto Vale Festival 2024. 

O repertório terá uma lista dos sucessos populares da banda com canções como Sobre o tempo, Canção para você viver mais e Perdendo dentes. "Depois de selecionar as mais populares, cada um de nós fez sua lista ideal. E, nessa lista, valia colocar músicas que a gente, por um momento na nossa carreira ali no passado, imaginou que teria verba para gravar com a orquestra e não tinha. Hahahaha", conta Fernanda Takai.

Fernanda Takai, vocalista do Pato Fu, e Maestro Rodrigo Toffolo falaram ao Correio sobre o novo projeto e sobre os 30 anos de Pato Fu.


Entrevista //Fernanda Takai e Maestro Rodrigo Toffolo

Como foi o processo de idealização do projeto? Como decidiram essa combinação com a orquestra?

Fernanda Takai: Eu tive uma primeira experiência com a Orquestra Ouro Preto por ocasião daquele meu disco, O Tom da Takai. Nós fizemos um concerto inteiro juntos baseado no meu álbum. Mas a minha relação com a Orquestra é bem antiga,já tem 10 anos de participação em eventuais concertos deles. E depois da série de shows de Tom Jobim, que eu fiz solo, ficou aquela vontade junto do maestro, principalmente, que é super fã de Pato Fu, desde a juventude dele. Eu falei, maestro, já fizemos Tom Jobim, está na hora de fazermos Pato Fu! Eu acho que a gente esperou um pouquinho, principalmente essa data de 30 anos, quando fica mais interessante a gente ter assunto para contar a história da banda. 

Maestro Rodrigo Toffolo: Olha, eu sou de Ouro Preto. Eu sempre fui um fã do Pato Fu. Sempre adorei essa ideia do Pato Fu de ser uma banda inclassificável. Você não sabe qual é o estilo do Pato Fu. Eles fazem muita coisa, eles são poli-estilísticos. A Fernanda é uma estrela. Então eu acho que o público certamente vai se apaixonar por essa história tão bonita e tão frutífera que tem o Pato Fu. É muito legal pensar nessa linha do tempo. Como é que isso possibilitou que nós estivéssemos juntos nessa época, que o Pato Fu faz 30 anos, de poder gravar um disco com eles agora. 

Antes de fazer as apresentações, vocês já estavam na cabeça de transformar isso num álbum? Ou foi depois?

Fernanda Takai: Na hora que a gente começou a ensaiar, a gente já pensava: meu Deus, como está lindo. A gente tem que registrar isso de algum jeito. E o primeiro conceito que a gente fez foi no Inhotim. Foi um fim de tarde, assim, então tinha luz do dia, depois foi virando noite. E foi tão maravilhoso, não só o som, mas a imagem também. E a gente pensou que era uma coisa que a gente tinha que gravar em algum momento.

Maestro Rodrigo Toffolo: Os arranjos são assinados pelo Paulo Malheiros. Eu acho que eles se encaixaram muito bem nas músicas, desde o primeiro ensaio a gente viu que os arranjos conseguiram valorizar muito do que é essas canções tão famosas que o Pato vem desfilando nesses 30 anos. E o processo foi muito bonito, foi um encontro muito bacana de estar com músicos da qualidade que tem o Pato Fu. Então quando o papo é musical é melhor ainda, porque é o lugar que todo mundo se sente bem e a gente se entende bem melhor na música.

Vocês sempre foram mais encaixados no pop rock, então incluir a orquestra já é uma novidade. Mas eu quero saber desses 30 anos, que novos elementos você acha que surgiram na composição da banda em si e como você vê a evolução da sua música nesse tempo?

Fernanda Takai: Bom, a gente tem que valorizar muito o componente humano na banda. Já tivemos músicos excelentes tocando, o Lulu Camargo, ficou com a gente durante muito tempo, depois ele parou de tocar e entrou o Richard Neves. Ele é um músico de Tiradentes, ele toca teclado, sanfona, toca tudo. O Richard é um músico excepcional. Então o Pato Fu ganhou bastante com a entrada dele. O Xande Tamietti, que foi o nosso primeiro baterista, volta também, agora, nesses 30 anos. Ele passou acho que oito anos afastado, tocando em outros projetos, e ele voltou. E tocar com o Xande, que foi o baterista de carne e osso, que entrou quando o Pato Fu era só eletrônico, é muito significativo que ele esteja com a gente de novo. A gente foi se entendendo como compositores, como músicos. Então essa atenção à nossa própria habilidade foi fundamental. A base de fãs que conhece o Pato Fu percebe claramente o nosso cuidado com a evolução do som da banda e com a vontade que a gente tem de a cada projeto fazer alguma diferença na escuta.

Como se sente comemorando os 30 anos de Pato Fu? 

Fernanda Takai: Eu me sinto muito realizada em tocar e cantar numa banda como a que eu tenho. E me sinto também muito feliz por ter conseguido manter ao mesmo tempo uma carreira solo, que já tem 16 anos, dentro de uma banda. E tendo repertórios completamente diferentes. Então eu tenho o Pato Fu, que é a minha banda de pop rock, a banda onde eu sempre quis estar, é a banda de onde eu não quero sair. E tenho minha carreira solo, onde eu canto coisas que o Pato Fu não canta, onde eu assino canções com outras autoras, principalmente. Eu acho que é um caso muito raro, não só no Brasil, acho que no mundo. É um caso muito raro ter uma vocalista  com uma banda com esse tempo todo e com a carreira solo. E isso sempre foi simultâneo. Em turnê ou lançando álbum, nunca paramos, nunca pensamos em parar. A gente nunca teve isso. Mesmo eu lançando meus álbuns solos. Sempre estivemos juntos. Como vocalista de uma banda apenas, talvez iria me sentir engessada. Eu canto Várias coisas vários repertórios diferentes e a minha banda continua. Nós somos grandes amigos. Ficamos no mesmo camarim, vamos em uma van só. Eu diria que é uma sinalização interna nossa, é um sinal de saúde, de saúde músical, saúde de relacionamento entre as pessoas. Então assim, eu só celebro bastante que isso tenha acontecido, que a gente tenha chegado a esse tempo todo juntos.

 


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postado em 30/06/2024 06:00
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