Eclética, Miá Mello está cheia de projetos na TV, no teatro e no cinema. Em agosto, chegou aos cinemas o filme De pai para filho, onde a paulistana pode ser vista fazendo seu primeiro trabalho dramático ao lado de Juan Paiva e Marco Ricca, sob a direção de Paulo Halm. Ela também voltou a encenar no Teatro Multiplan, em SP, o sucesso Mãe fora da caixa, peça inspirada no best-seller homônimo de Thaís Vilarinho e trata, com muito humor, dos dilemas que envolvem a maternidade real. Agora, a artista — que é mãe de Nina e Antonio — aguarda a estreia do filme da franquia, que protagoniza ao lado de Danton Mello.
Já no streaming, Miá está no lançamento recente da Disney+, a série musical O som e a sílaba. Em julho, o canal Discovery Home & Health lançou a segunda temporada de 90 dias para casar, em que a artista faz seus reacts diante dos casos apresentados.
Recentemente, Miá Mello emprestou sua voz dublando a personagem Alegria em Divertida Mente 2. O longa de animação da Pixar, que estreou em junho nos cinemas brasileiros. A artista de 43 anos, aliás, já tinha feito voz da personagem no primeiro filme da sequência.
Com 16 anos de carreira artística, Miá Mello ganhou projeção nacional em 2013 ao estrelar, ao lado de Fabio Porchat, a franquia cinematográfica Meu passado me condena. A produção atraiu mais de três milhões de espectadores e está entre os filmes brasileiros de maior bilheteria da época.
ENTREVISTA | Miá Mello
Você acabou de estrear o filme De pai pra filho, onde faz seu primeiro trabalho dramático depois de 16 anos de carreira. Como foi esse desafio? É mais fácil fazer rir ou chorar?
Você acredita que eu ainda não sei dizer? Rir parece algo tão preciso, como acertar um alvo numa disputa de dardos, mas de olhos vendados. Fazer rir é algo que a gente faz para o outro, é extrovertido, para fora. Já o fazer chorar não me parece um objetivo final, é algo mais interno, mais introspectivo. Quando faço rir, sempre me pergunto: "Será que o outro riu?" Mas quando trabalho com emoções mais íntimas, o resultado final não parece ser tão importante. Meio doido isso, né?! Mas estou respondendo essa entrevista de um café dentro de uma linda livraria, então talvez seja a vibe filosófica do lugar (risos).
Por que demorou tanto tempo para fazer algo fora do humor? Foi uma escolha?
Não exatamente. Minha escolha sempre foi fazer de tudo. Me formei no Célia Helena e fui direto para os Deznecessários, um grupo de humor muito afiado. Foi um desafio e tanto sair da escola e já integrar um grupo tão bom, mas acabou sendo uma grande escola para mim. A partir desse trabalho, que teve uma exposição enorme, começaram a surgir outros convites dentro do humor. E também acho que atuar é praticar. Quanto mais você faz, melhor você fica. Então fui aprimorando o humor e acabei me colocando dentro dessa "caixinha". Mas não desisti. Aliás, tenho essa característica: vou devagar e sempre.
Você também voltou a encenar a peça Mãe fora da caixa em São Paulo. Como é retomar um projeto que foi sucesso durante cinco anos rodando o país? Chegou a mexer no texto nesse período fora dos palcos?
Acredito que essa peça foi a grande virada na minha carreira de atriz. Foi onde consegui colocar em prática a minha vontade de fazer de tudo. Apesar de ser uma peça muito engraçada, ela navega por territórios muito íntimos e, consequentemente, emocionantes. Claro que o teatro é algo vivo e faço algumas pequenas mudanças, mas não vejo necessidade de mudar o texto. A peça aborda o puerpério de uma forma transparente, sem a lente cor-de-rosa, e isso não muda nunca. E o melhor: junto com os bebês, nascem todos os dias milhares de mães, então é um público que se renova constantemente.
Em 2024, vemos que o assunto maternidade está cada vez mais ganhando espaço na arte, na imprensa e na internet. Como a peça mexeu com a Miá mãe?
Quando tive a Nina, em 2009, eu nunca tinha ouvido a palavra "puerpério". Não sabia que outras mulheres se sentiam tão oprimidas pela exaustão da maternidade, muito menos que eu poderia admitir que não era uma mãe perfeita. Mas com o nascimento do Antônio, em 2017, o cenário já era completamente diferente. Muito se falava sobre a tal da "maternidade real". Porém, apesar de todo o discurso, ainda acho muito acolhedor poder gritar que o pós-parto é "de fuder" — perdão o palavreado (risos), mas não encontro termo melhor. Ainda hoje, vejo mulheres sufocadas por esse ideal de mãe/mulher perpetuado por nossa sociedade machista e patriarcal. Essa peça serviu como um grito de liberdade para mim — não que eu não me sinta uma péssima mãe de vez em quando, mas agora sei que tenho para onde correr e me sentir amparada quando isso acontece.
Impossível falar com você e não comentar que é sua a voz da personagem Alegria no filme de animação Divertida Mente. Como é fazer esse trabalho de dublagem?
Brinco que foi uma união de almas. Sinto que, além de dublar, eu emprestei a minha voz para uma das personagens mais adoráveis da história da animação, e isso me enche de um orgulho danado!
Temos visto muitos humoristas indo fazer novelas. Você pensa em seguir essa trajetória?
Sim! Sempre achei que esse seria meu primeiro passo, acredita? E lá no final, quem sabe, o cinema, que sempre foi minha grande paixão juvenil. Mas, sim, é uma vontade e acho que logo logo isso acontece.
Quais os próximos projetos a caminho?
Acabei de estrear a série O som e a sílaba, onde faço uma personagem narcisista e bem odiável. Confesso que amei fazer essa vilã e explorar sentimentos tão distintos dos meus. Também tenho vontade de produzir um longa sobre uma grande tragédia brasileira — sim, tenho uma queda por tragédias (risos). Tenho vontade de adaptar o livro A pediatra, da Andrea Del Fuego, e adoraria interpretar Dercy Gonçalves no teatro, para dar vida longa ao legado dessa diva do humor. Em breve, devo lançar o longa Mãe fora da caixa, que já foi filmado, e estou muito feliz com o resultado.
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