
Crítica // Lobisomem ★★★
Até a chegada de um testamento, via correios, muito na vida do protagonista de Lobisomem, Blake (Christopher Abbot), parece estabilizado: em Nova York, com a família feliz, nem sonda o futuro áspero. Marcado por um trauma, ele carrega um dever exagerado de proteger quem o cerca. No passado, Grady (Sam Jaeger) foi um pai que exagerou na pressão: "Não é difícil morrer" e "Fica do meu lado", balizam o filho, praticamente, adestrado.
Diretor e roteirista, Leigh Whannell, que comanda Lobisomem (com roteiro coescrito pela estreante, e atriz, Cobert Tuck), há cinco anos impressionou com a releitura de O homem invisível. Agora, com automutilação, deformidades, fratura exposta e comportamentos animalescos estampando a tela, Whannell abraça uma violência mais gráfica e sugere menos peso no terror psicológico. Na decaída da postura humana, Blake apenas ameaça certo desajuste social (prévio). Tudo se intensifica quando ele avança na densidade da floresta do Oregon, com ânimos exaltados depois de sérios problemas na segurança dos parentes.
Uma das abordagens interessantes no filme está em atitudes decisivas das personagens femininas. Ainda que traga alguns momentos que remetam a brigas em canis, um grande acerto está no vies subjetivo reservado ao monstro. Tonto, mareado e suado, com sentidos bem alterados, ele evoca sutileza, diante de confusões de som e imagens e de limitações na racionalidade. Junto com a ferocidade, tudo intensifica a tensão.
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