DANÇA

Amor e dança: bailarino de Ceilândia participa de seletiva da Bolshoi no Brasil

Jovem Thiago Batista, de 17 anos, fez seleção na Escola de Teatro Bolshoi em Joinville nesta segunda-feira (28/7); uma das mais renomadas academias de balé no mundo. Mesmo não passando, jovem resalta a importância da participação

Aos 17 anos, Thiago Batista tem o sonho de seguir carreira no balé  -  (crédito: Natã Kessller)
Aos 17 anos, Thiago Batista tem o sonho de seguir carreira no balé - (crédito: Natã Kessller)

Thiago Batista, 17 anos, é apaixonado por balé e pratica a dança desde os 11 anos. Nesta segunda-feira (28/7), o jovem deu um dos maiores passos da carreira: participou de uma seleção na Escola de Teatro Bolshoi no país, em Joinville (SC), uma das mais tradicionais academias de balé do Brasil — e a única unidade da escola fora da Rússia no mundo. 

Ao Correio, Batista conta como começou a descobrir o amor pela dança. “Sempre gostei de jogar aqueles jogos de dança no videogame”. Mas foi somente na Escola Parque Anísio Teixeira, de Ceilândia, que ele descobriu a verdadeira vocação: o balé. Em 2025, Thiago completou seis anos de prática na arte.

Na Escola Parque, o jovem bailarino deu os primeiros passos no balé de forma remota, em 2020, durante a pandemia de covid-19. "As aulas eram on-line, e as professoras da Escola Parque eram incríveis”, o que fez com que ele se apaixonasse pelo balé. Lá, o jovem se destacou pela disciplina e dedicação. “As professoras pediam vídeos, e eu mandava meus passos, ainda aprendendo a posição dos pés e braços.”

Batista conta sempre teve apoio da família. E, mesmo diante das limitações finaceiras, detalha que os pais sempre estiveram com ele. “Minha mãe não pôde ir ao meu primeiro espetáculo, mas meu pai estava lá. Foi muito emocionante”, lembra.

Com o incentivo dos professores, o jovem começou a buscar mais informações sobre a dança fora da escola. Atualmente, ele é bolsista do Instituto Candango de Artes, na Ceilândia, sob direção da educadora de artes Cheyne Santana, onde tem aulas de balé e jazz gratuitas.

Mas foi em 2023 que a oportunidade de ouro surgiu, ele conheceu a professora e coreógrafa Inayá Campos do Projeto Musical Arte Jovem, desde então Thiago passou a integrar o corpo coreográfico da iniciativa.

A educação e o balé pelos olhos da mestre

Inayá é professora de dança pela Secretaria de Educação do Distrito Federal, ela sempre acompanhou Batista. "Ele começou pequeno, durante a pandemia, e logo se destacou. Sempre foi muito dedicado, pedia sala emprestada para treinar, montava as próprias coreografias”.

Segundo a professora, o apoio do projeto Musical Arte Jovem e da Viação Guanabara foi decisivo para viabilizar a ida de Batista à seletiva. “Quando conseguimos as passagens, ele ficou emocionado. É muito bonito ver alguém tão jovem com esse compromisso e esse sonho”.

Para Inayá, ações como as da Escola Parque e do Instituto Candango são sementes poderosas. “O Thiago é só uma das nossas histórias. Temos alunos que já estão se formando como professores, outros que dançam em companhias. Isso mostra que a dança transforma”.

A trajetória de Thiago não é apenas marcada pelo talento, mas também pela força de vontade e projetos públicos e sociais que tornaram possível o que, para muitos jovens de baixa renda, ainda é um privilégio distante. “Esses projetos públicos são fundamentais. Uma aula de balé pode custar R$ 300 por mês. Minha família não teria como pagar. Graças à Escola Parque, pude começar”, ressalta o jovem.

No começo da noite desta segunda-feira (28), Batista contou ao Correio que não conseguiu passar na seletiva, mas que o sonho da dança segue vivo: “Desde que comecei, esse era o meu sonho. E hoje, graças a todos que me apoiaram, eu posso tentar realizá-lo”.

*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes

 

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postado em 28/07/2025 19:11 / atualizado em 28/07/2025 19:13
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