
No Dia Mundial da Conservação da Natureza, celebrado nesta segunda-feira (28/7), o Bonito Cinesur — Festival de Cinema Sul-Americano reforça a proposta de unir arte e consciência ambiental por meio de uma programação audiovisual. Realizada em Bonito (MS), cidade referência em ecoturismo, a terceira edição do festival traz à tona os desafios contemporâneos do meio ambiente sul-americano por meio da Mostra Ambiental, uma das mais potentes da programação.
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Com 47 obras selecionadas, entre curtas e longas-metragens, a mostra propõe uma travessia temática entre denúncias ambientais, ancestralidade e resistência popular. A curadora Elis Regina destaca que os filmes escolhidos não apenas alertam para os impactos da degradação ecológica, como também apresentam formas de resistência enraizadas em comunidades que vivem o cotidiano dos conflitos ambientais.
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Entre os longas exibidos, um dos destaques brasileiros é Rua do Pescador nº 6, dirigido por Bárbara Paz, que esteve presente na sessão ao lado da produtora Daniela Mazzilli. O documentário retrata os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, centrando-se na comunidade da Ilha da Pintada, em Porto Alegre. Em uma fala emocionada, a diretora gaúcha ressaltou o papel do festival ao dar visibilidade a obras com foco ambiental e classificou o filme como “sensorial, afetivo e urgente — um ensaio sobre a tragédia”.
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Outro longa nacional que chama atenção é Sinfonia da Sobrevivência, de Michel Coeli. O filme acompanha os estragos causados pelos incêndios no Pantanal e documenta os esforços de voluntários e comunidades locais para preservar vidas humanas e animais em meio ao colapso ambiental.
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A produção latino-americana também se faz fortemente presente. Karuara: O Povo do Rio (Peru), mergulha na luta das mulheres Kukama pelo reconhecimento jurídico dos rios e dos espíritos sagrados de sua cosmologia. Já Por el Paraná (Argentina), aborda os conflitos ecológicos e sociais em torno de um dos principais rios do continente. La Cuenca (Chile) examina os impactos da agricultura industrial nos ecossistemas e nas comunidades do campo chileno.
A mostra de curtas também carrega força poética e política. Insustentável: A Realidade do Petróleo na Amazônia (Brasil), de Andrés Borges e Fer Libague, denuncia os impactos da extração de petróleo em terras indígenas. Jichi, da boliviana Paola Gabriela Quispe Quispe, oferece uma leitura espiritual sobre os guardiões das águas. Por la Tierra (Argentina), de Irene Kuten, traz relatos de resistência comunitária frente à destruição ambiental.
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Do Brasil, os curtas Sobre a Cabeça os Aviões e Sobre Ruínas exploram as transformações e ameaças a territórios urbanos e tradicionais a partir de uma linguagem lírica. Já Uma Menina, Um Rio, de Renata Martins, retrata de forma delicada a relação afetiva entre uma jovem e o curso de um rio, reforçando a conexão entre infância e natureza.
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Mais do que um festival de cinema, o Bonito Cinesur se posiciona como um espaço de escuta e imaginação coletiva sobre o futuro do planeta. Em tempos de colapso ambiental, a arte emerge como um instrumento de mobilização, capaz de sensibilizar e transformar. E é exatamente essa a proposta da Mostra Ambiental: provocar, emocionar e reacender o vínculo entre humanidade e natureza.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel
Revista do Correio
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