Crítica

Muito frescor e autenticidade no filme 'Jovens amantes': leia a crítica

Valeria Bruni Tedeschi, diretora de renome, celebra colega do teatro Patrice Chéreau, na trama do longa que fala de artes, juventude e prazer


Crítica // Jovens amantes ★★★★

Suscetíveis a plenas exposições e ávidos de vivências: assim são os personagens do mais recente filme de Valeria Bruni Tedeschi (do marcante A casa de veraneio), que vem apoiado por sólido roteiro assinado ainda por Agnès de Saci e Noémie Lvovsky. Jovens amantes traz presenças em cena hiperatuadas e situações no limiar da insanidade, a contento da galeria de personagens que reanimam ex-alunos da escola de teatro Les Amandiers, comandada por Patrice Chéreau (morto em 2013, e lembrado como cineasta do clássico de 1994 A rainha Margot) e pelo produtor Pierre Romains (no filme, feito por Micha Lescot).

Longe de passatempo, os jovens aspirantes a ator, percebem a relevância do ofício, à medida em que se descolam do louco trânsito pela escola cujos corredores abrigam o cotidiano dos excessos de drogas, sequenciadas paixões repentinas, medos como a circulação da Aids e rejeições, além da explosão de energia, desde que encaram uma montagem de peça de Anton Tchékhov.

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Misturando músicas de Vivaldi e Janis Joplin, o grupo tem lideranças no enredo como Stella (papel de Nadia Tereszkiewicz, de O crime é meu) e o fragilizado Etienne (Sofiane Bennacer), isso além do domínio absoluto de Louis Garrel, na composição de Chéreau, entre a seriedade e o pleno fulgor. Com embasamento real (a diretora foi aluna dos palcos do Les Amandiers e entrevistou dissidentes para a fita) e detalhista na complexidade do retrato de desejos e no abraço de um trauma coletivo (comum aos colegas), o filme tem bela fotografia de Julien Poupard (que respeita espaço e luz, milimetricamente) e faz o espectador como que incluído no grupo, a partir de verdades incrustadas em despedidas dolorosas e em muita vitalidade, apoiada na falta de limites dos personagens.

 

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