
Um dos principais encontros dedicados à arte e fotografia se inicia amanhã na cidade. O Festival Mês da Fotografia, no Museu Nacional da República, aborda o tema O que vemos quando escutamos e traz quatro exposições que evidenciam inclusão e ancestralidade. A mostra, que termina em 7 de setembro, também marca o lançamento da nova identidade visual do projeto.
Produtora-executiva do festival, Carol Peres destaca que o tema propõe uma reflexão sobre a imagem. "A imagem surge não só com o clique fotográfico, mas antes, a partir de como a gente olha para o outro, para nossas memórias e para nossa história. Dentro desse universo, as exposições têm uma confluência de que a gente vê quando escuta e está aberto para o outro, seja como pessoa, seja como memória da identidade cultural", destaca Carol.
Para Carol, o festival é multicultural e movimenta toda uma cadeia de economia criativa, além dos aspectos culturais. "Tem processos educacionais também, a sensibilização de novos públicos. O que eu acho bem legal nesse processo é que para algumas pessoas é o primeiro contato que tem com o museu, visitando uma exposição artística dentro de um espaço cultural. Quando a gente fala do festival, não fala só de uma programação, mas de todo um desenvolvimento econômico, social e o que isso impacta nas pessoas", ressalta.
A edição apresenta quatro exposições, duas voltadas à inclusão e duas com eixo para ancestralidade afro-brasileira. Nada sobre nós sem nós, realizada pelo projeto Vivências Inclusivas, reúne 20 imagens feitas por alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), do Centro de Educação de Jovens e Adultos da Asa Sul e de Juliana Peres, idealizadora da terceira edição do Vivências Inclusivas.
Ativista, influenciadora digital e PCD, Juliana explica que o nome da exposição foi criado com intuito de mostrar a capacidade e presença de pessoas PCD na fotografia. "Esse nome foi criado para mostrar que sem nossa presença essa exposição não existiria, e mostrar para o público que pessoas com deficiência são capazes de fazer o que quiserem. Para mim, foi muito gratificante participar desse trabalho pela terceira vez, é um sonho realizado", comenta Juliana. O projeto Vivências Inclusivas foi criado por Juliana, com objetivo de ensinar fotografia para pessoas com deficiência na capital, de forma prática e divertida.
Para a exposição, foram realizadas oficinas na Apae Ceilândia e no Cesas, e uma saída fotográfica na Trilha da Capivara no Parque Nacional de Brasília. Juliana ressalta que gosta de fotografar tudo, mas se encanta mais por flores, sombras e reflexos na natureza. "Gostei de tudo dessa experiência, desde a convivência com a turma do Cesas e da APE, até as saídas fotográficas, que se transformaram em lindas fotos", elogia Juliana Peres. Durante o festival, um minidocumentário do processo criativo dos participantes será lançado.
Eixo de inclusão
Também no eixo de inclusão, a exposição Sob os Pés do Mundo: uma experiência sensorial em Brasília é resultado do projeto Arte no Espaço Público x Arte como Espaço Público: Arte e Inclusão Social. Idealizada pelo artista visual e sociólogo, Flavio Marzadro, a mostra conta com 17 obras táteis criadas a partir das calçadas e espaços do DF a partir das memórias e caminhos de pessoas cegas e com baixa visão. Os participantes compartilharam a forma que percebem a cidade em obras com pedra portuguesa, azulejos e pisos táteis.
Flavio Marzadro, artista italiano e sociólogo, fez parte dessas caminhadas. "Reparamos em coisas que eles sempre faziam e escolhemos lugares importantes para fazer o decalque, uma obra de arte inspirada na vida de cada um. De certo ponto, são obras objetivas mas de outro, são intimistas, subjetivas e poéticas. O quadro tátil eles podem tocar, descrever e transmitir suas vivências para quem estará lá também", destaca o artista. Dois quadros da exposição poderão ser tocados pelos visitantes, além de contar com audiodescrição e sons ambientes para formar a atmosfera.
Para a mostra, foram realizadas cinco oficinas , quatro no Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais e uma na Biblioteca Braille Dorina Nowill, com turmas de cinco a 20 pessoas. Os percursos dos participantes ocorreram na Asa Sul, Asa Norte, Planaltina e Sobradinho, e foram registrados em áudio, vídeo e georreferenciamento.
Nego Fugido, do fotógrafo franco-italiano Nicola Lo Calzo, faz parte do projeto KAM, iniciado pelo artista em 2010, no qual Nicola percorre territórios da África, Caribe, Américas e Europa buscando memórias da escravidão colonial. A exposição reúne fotografias, vídeos e sons da prática realizada na comunidade quilombola de Acupe, na Bahia, que encena a luta dos escravizados por emancipação. Inspirada em uma frase de Mestre Antônio Bispo dos Santos, a mostra Sons da Terra: Começo, Meio e Começo reúne 50 fotografias do fotodocumentarista Ògan Luiz Alves. As fotos mostram o cotidiano e celebrações de terreiros de candomblé em Brasília, utilizando a fotografia contra a intolerância racial.
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