
Afotografia produzida por mulheres da Amazônia tem uma história de mais de cinco décadas que perpassa temáticas e estilos diferentes, capazes de traduzir um universo muitas vezes diluído em uma produção intensa característica da região. Foi para conduzir o olhar para as especificidades dessas imagens e de suas autoras que a curadora Sissa de Assis reuniu, na exposição Vetores-Vertentes: Fotógrafas do Pará, em cartaz a partir de amanhã no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o trabalho de 11 fotógrafas paraenses.
Em 170 obras, o público é convidado a percorrer um circuito que inclui recursos tecnológicos e sensoriais pensados para criar um ambiente de imersão nas temáticas tratadas. Por meio de óculos de realidade virtual, sala dedicada a uma instalação olfativa aromática e até oficinas, a mostra conduz os visitantes pela produção de diversas gerações, desde as pioneiras, que trabalharam, principalmente até nomes que despontaram no cenário da fotografia paraense nos últimos anos, mulheres herdeiras de uma tradição que perpassa a fotografia documental, de viagem, de retrato e de pesquisa.
Leia também: 'Emily em Paris': diretor-assistente morre durante gravação na frente de equipe
O recorte proposto por Sissa parte de uma pesquisa em fotografia artística realizada durante os últimos 15 anos e que resultou na tese de doutorado em artes visuais da curadora. "Vim acompanhando essas artistas com um recorte direcionado para a tradição fotográfica feminina que elas representam", avisa. Há, portanto, nomes consagrados, como Leila Jinkings, Paula Sampaio, Walda Marques, Bárbara Freire e Cláudia Leão, que abrem o caminho para uma geração mais nova, caso de Evna Moura, Deia Lima, Jacy Santos, Nailana Thiely, Renata Aguiar e Nay Jinknss. "Apresento as pioneiras, das décadas de 1970 e 1980. Depois, tem uma segunda geração, inspirada na primeira, que continuou as temáticas, tipos fotográficos, estilos fotográficos e assinatura fotográfica amazônica. E uma novíssima geração que confirma essa autonomia da arte fotográfica amazônica muito voltada para o universo feminino", diz Sissa.
Leia também: Ana Maria Gonçalves e Valter Hugo Mãe participam de evento em Brasília
É um conjunto que ajuda a ampliar os horizontes e o repertório da fotografia brasileira, organizado de uma maneira interativa que permite ao público explorar, também, os sentidos. Uma sala experimental traz fotografias mais conceituais, híbridas, com registros de performances e outras experimentações. Outra sala, intitulada Açaí, sugere um tom mais alegre e festivo, com fotos coloridas. E uma terceira sala é dedicada ao preto e branco, com um conjunto de fotos focado na historicidade amazônica feminina. "É essa ideia da fotografia como permanência da existência amazônica", explica Sissa.
No pavilhão de vidro, um filme em realidade virtual apresenta um ritual de cura protagonizado pela indígena Maputyra Guajajara. O filme Mukathu'hary, que significa curandeira em guarani, faz parte do acervo do Museu das mulheres, fundado pela curadora. "Esse filme apresenta um recorte desse ritual de cura, traz musicalidade, ritualidade e a presença da cura feminina", explica. Para assistir ao filme, o público terá disponível óculos de realidade virtual, equipamento por meio do qual será conduzido pelo cenário de uma oca. Uma parte da exposição será dedicada ao universo aromático, com experiências olfativas e imagens da erveiras do Ver O peso. Uma tradição há décadas no mercado central de Belém (PA), essas mulheres são especialistas em preparar garrafadas e banhos de cheiro. A instalação reúne seis composições aromáticas únicas, cada uma com um cheiro especial de elementos naturais. "Eu queria trazer o cheiro da amazônia para as pessoas terem a memória olfativa, porque a exposição tem a memória visual e a do toque", explica a curadora.
Leia também: Cia. Estupenda Trupe comemora 20 anos com evento neste sábado (23/8)
Serviço
Vetores-Vertentes: Fotógrafas do Pará
Curadoria: Sissa de Assis. Abertura na terça-feira (26/8), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB Setor de Clubes Esportivos Sul Trecho 2, Lote 22). Visitação até 2 de novembro, de terça a domingo,
das 9h às 21h.
Saiba Mais
Diversão e Arte
Diversão e Arte
Diversão e Arte