MÚSICA

Funk erudito: Ster revoluciona música brasileira ao unir funk e violino

Recém-contratada pela Warner Music Brasil, a jovem artista chamou atenção no Rock in Rio e lança o EP Funk Erudito, desafiando preconceitos e reinventando o papel do violino no cenário urbano

Ster traz o violino para produções de funk  -  (crédito: Reprodução / Instagram )
Ster traz o violino para produções de funk - (crédito: Reprodução / Instagram )

Entre batidas contagiantes, melodias clássicas e uma dança sensual, Ster do Violino vem conquistando espaço com uma proposta inusitada: unir o ritmo do funk ao som do instrumento de cordas. Ster fez sua estreia musical no Rock in Rio de 2024 e lançou o single Bunda Preta, parte do EP Funk Erudito. Com arranjos que quebram paradigmas e apresentações que surpreendem o público, ela prova que a criatividade musical não tem limites.

 
 
 
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Foi por influência da mãe, professora de música, e filmes da Barbie que Ster — recém contratada pela Warner Music Brasil — aprendeu e apaixonou-se pelo violino. Apesar de ser um instrumento difícil, a artista conta ao Correio que o desafio também a conquistou: “Sempre gostei de fazer coisas diferentes. Nunca gostei muito de seguir padrões. Gosto de ir na contramão do mundo, de criar tendências.”

Cativada pela música clássica, Ster desejava fazer algo só seu, que gritasse sua identidade. Ver o violino incorporado no gênero norte-americano hip-hop a levou a fundir o instrumento com o funk brasilerio. “Essa junção vem da necessidade de trazer algo novo e ouvir uma música que eu nunca tinha ouvido. Quero mostrar que pode nascer algo lindo de uma coisa que ninguém esperaria”, conta. “E aí nasceu essa fusão desses dois gêneros que eu sou apaixonada, trazendo toda essa potência que esses dois ritmos têm.”

  • A ideia surgiu ao ver o instrumento no hip-hop e imaginar sua força dentro do funk brasileiro
    A ideia surgiu ao ver o instrumento no hip-hop e imaginar sua força dentro do funk brasileiro Divulgação
  • Nos vídeos do YouTube, descobriu o impacto da mistura e passou a investir nesse caminho
    Nos vídeos do YouTube, descobriu o impacto da mistura e passou a investir nesse caminho Divulgação
  • Sofre críticas por unir estilos tão diferentes, mas defende o funk como legítima expressão cultural
    Sofre críticas por unir estilos tão diferentes, mas defende o funk como legítima expressão cultural Divulgação
  • Inspirada por Anitta, Hilary Hahn e Paganini, quer projetar o funk mundialmente com poder feminino
    Inspirada por Anitta, Hilary Hahn e Paganini, quer projetar o funk mundialmente com poder feminino Maiko Lima
  • A carioca sua estreia no Rock in Rio e lançou o single Bunda Preta, do EP Funk Erudito
    A carioca sua estreia no Rock in Rio e lançou o single Bunda Preta, do EP Funk Erudito Gabriela Nascimento Fotografia
  • Apaixonou-se pelo violino ainda criança, incentivada pela mãe e por filmes da Barbie
    Apaixonou-se pelo violino ainda criança, incentivada pela mãe e por filmes da Barbie Gabriel Trindade
  • Ster cria uma fusão entre funk e violino, levando o instrumento clássico a um novo ritmo
    Ster cria uma fusão entre funk e violino, levando o instrumento clássico a um novo ritmo Maiko Lima

Em vídeos no seu canal do YouTube, Ster publicava covers unindo músicas populares com o violino. Na primeira vez em que juntou o instrumento com o funk, surpreendeu-se com o resultado. “Deu vontade de dançar e ao mesmo tempo fechar os olhos. Foram sensações diferentes”, descreve. 

No processo de criação, Ster escuta a melodia que já existe e cria um arranjo de violino em sua mente para compor a produção. “O que faz o funk ser tão envolvente para mim é a melodia. A letra, por mais que importante, é um detalhe”, crava. 

 
 
 
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Embora a inovação seja sua caraterística primaz, Ster relata sofrer preconceitos por misturar estilos musicais tão diferentes. A mentalidade conservadora de parte do público da música clássica já resultou em comentários invasivos à artista, como “Mozart está se revirando no túmulo”. Por trabalhar com letras de funk, as críticas são intensas.

“Muita gente fala que o problema do funk é a letra. Mas eu acredito que essa forma de enxergar a música brasileira precisa mudar. Quando as pessoas vão escutar músicas de fora, às vezes nem sabem o que está sendo cantado — as mesmas coisas ou pior”, argumenta. “A música é o que a gente vive, o que a gente faz. Se não gosta de ouvir tal coisa, é só não escutar, mas não pode dizer que aquilo é errado — porque você pode não fazer aquilo, mas outras pessoas fazem. Uma música nunca vai ser só para a identificação de uma única pessoa, é sempre a identificação de várias pessoas, de várias vidas.”

 
 
 
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  • Funk Erudito

A violinista define a música clássica como uma história contada ao som de instrumentos. Com um ritmo que os brasileiros já conhecem, Ster reinventa o gênero de uma maneira dançante e urbana — e ama a surpresa do público ao ter contato com a fusão. “Esse é o tipo de artista que quero ser, de sempre surpreender e trazer algo diferente. Como fã, eu amo essa expectativa”, acrescenta. Na hora da ação, Ster canta, produz, compõe, dança e toca.

Nas inspirações pessoais, a instrumentista não deixa de citar Anitta, referência mundial do funk brasileiro, e Hilary Hahn, violinista norte-americana. “São muitos que gosto, sou apaixonada pelas obras de Paganini. O funk tem se tornado cada vez mais global, com várias misturas diferentes. Espero também sempre estar trazendo esse poder feminino junto ao violino e ao funk”, resume. 

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“Quero que as pessoas possam enxergar o funk como algo nosso, assim como o samba, o pagode e a bossa nova são do Brasil. Temos que nos orgulhar disso”, emociona-se. Para os artistas que desejam misturar estilos improváveis, Ster sugere acreditar em si mesmo independente do que as outras pessoas vão pensar. 

Ansiosa para que o Brasil inteiro conheça sua música, Ster enxerga seu trabalho como uma vanguarda para novos caminhos no funk. “Eu fico muito feliz que muitas pessoas que não gostam de funk gostaram da minha música”, declara. Incrementar elementos divergentes possibilita que a produção chegue em diversos nichos, um ponto positivo para amenizar o preconceito que permeia o ritmo. 

 
 
 
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postado em 26/08/2025 11:18 / atualizado em 26/08/2025 12:55
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