artes cênicas

Vandré Silveira volta ao teatro com nova temporada do sucesso "A hora do boi"

Espetáculo aclamado, que reflete sobre empatia e a relação entre humanos e animais, retorna ao Rio em setembro

Vandré Silveira no monólogo "A hora do boi" -  (crédito: Lorena Zschaber)
Vandré Silveira no monólogo "A hora do boi" - (crédito: Lorena Zschaber)

Depois de emocionar crítica e público e ser eleito um dos melhores espetáculos de 2023, A hora do boi está de volta aos palcos cariocas. A montagem, idealizada e protagonizada pelo ator Vandré Silveira, inicia sua terceira temporada no Teatro Municipal Domingos Oliveira, no Planetário da Gávea. As sessões acontecem de sexta a domingo, até 28 de setembro.

A peça, que coroa um momento de profunda conexão para o ator, narra a história de Seu Francisco, um capataz de matadouro interpretado pelo ator mineiro, que se vê em uma dramática encruzilhada ética e emocional. Ele desenvolve um laço de amizade e afeto profundo com Chico, um boi que ele mesmo ajudou a nascer e criou, mas que, pelo destino de seu ofício, está destinado ao abate.

“Este espetáculo coroa um momento pessoal de maior conexão com o essencial. O amor. A força mais poderosa do universo”, declara Vandré Silveira. “Fico agradecido pela oportunidade de retornar aos palcos com uma história que desloca o ponto de vista humano, antropocêntrico, e dá voz ao animal que é tão subjugado e explorado na nossa sociedade. É uma fagulha de esperança por relações mais igualitárias e respeitosas.”

Obra premiada e aclamada

Com direção de André Paes Leme e texto da dramaturga Daniela Pereira de Carvalho, A hora do boi é mais do que uma peça; é uma experiência visceral que questiona a superioridade humana sobre outras espécies. A performance de Vandré, que divide cena consigo mesmo ao incorporar tanto o tratador quanto o boi Chico, foi amplamente elogiada.

A produção foi eleita um dos melhores espetáculos do ano passado na retrospectiva do Segundo Caderno, de O Globo, e recebeu indicações ao Prêmio Shell de Teatro (Figurino de Carlos Alberto Nunes) e ao Prêmio APTR (Direção de Movimento de Paula Águas e Toni Rodrigues).

O diretor André Paes Leme define a obra como “um espetáculo sobre o afeto”. “Vandré mergulha com exemplar intensidade na pesquisa corporal para dar existência ao boi Chico, que, na rica linguagem teatral, é um poeta de sensibilidade aguçada e com o coração cheio de amor. Quem dera fossem todos os humanos assim”, reflete.

Inspiração franciscana e uma fuga real

A gênese do texto veio de um convite de Vandré à dramaturga Daniela Pereira de Carvalho. A autora encontrou na filosofia de São Francisco de Assis — que enxergava todos os seres vivos como igualmente importantes — e em um fato real a inspiração para a narrativa.

“Me deparei com uma notícia de um boi que, em 2018, fugiu de uma feira em Salvador e foi parar no mar. Essa imagem de fuga para a liberdade foi determinante”, conta Daniela. “A relação de afeto entre o capataz e o boi nos permite problematizar diversas relações de poder. O amor fraterno entre um homem e um boi, tão próximos, onde a diferença entre espécies se torna irrelevante, é algo bastante bonito de trazer ao palco”, finaliza.

  • Vandré Silveira em cena de
    Vandré Silveira em cena de "A hora do boi" Lorena Zschaber
  • Vandré Silveira no monólogo
    Vandré Silveira no monólogo "A hora do boi" Lorena Zschaber
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    Vandré Silveira em cena de "A hora do boi" Lorena Zschaber
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    Vandré Silveira em cena de "A hora do boi" CALLANGA

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postado em 10/09/2025 17:41 / atualizado em 10/09/2025 17:42
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