LUTO NA MODA

Testamento de Armani estipula venda de 15% da marca para grande grupo de moda

O grupo Armani, cujas atividades vão da alta-costura até a hotelaria, é avaliado em bilhões de euros

O estilista italiano Giorgio Armani reconhece o público no final do desfile da Giorgio Armani Prive, como parte da Semana de Moda Feminina de Alta Costura Outono/Inverno 2023/2024, em Paris, em 4 de julho de 2023       -  (crédito: Bertrand GUAY/AFP)
O estilista italiano Giorgio Armani reconhece o público no final do desfile da Giorgio Armani Prive, como parte da Semana de Moda Feminina de Alta Costura Outono/Inverno 2023/2024, em Paris, em 4 de julho de 2023 - (crédito: Bertrand GUAY/AFP)

A lenda da moda Giorgio Armani solicitou em seu testamento, tornado público nesta sexta-feira (12/9), que um importante grupo de luxo adquirisse uma participação em sua empresa, citando LVMH, EssilorLuxottica ou L'Oréal como possíveis compradores.

Armani, que faleceu no dia 4 de setembro aos 91 anos, instruiu a fundação que herdará sua empresa de luxo a vender 15% para um grande grupo de moda, segundo o testamento divulgado nesta sexta-feira.

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Armani nomeou o grupo de luxo LVMH, o gigante dos óculos EssilorLuxottica, o número um mundial de cosméticos L'Oréal e outras sociedades do mesmo nível no mundo da moda como seus compradores preferidos, especialmente aquelas com as quais "já colaborou", segundo trechos do testamento publicados pela mídia italiana.

O grupo Armani, cujas atividades vão da alta-costura até a hotelaria, é avaliado em bilhões de euros.

L'Oréal, que possui a licença da Armani para perfumes e cosméticos desde 1988, indicou à AFP que está estudando "com grande consideração essa perspectiva, que se inscreve no âmbito de [uma] longa história comum". 

A EssilorLuxottica também a estudará "atentamente", comentou um porta-voz da empresa à imprensa italiana, "orgulhoso da estima" que o estilista demonstrou pelo grupo.

Embora Giorgio Armani tenha permanecido muito independente ao longo de sua vida, o novo acionista terá a possibilidade de assumir o controle do grupo, adquirindo entre 30% e 54,9% do restante do capital em um prazo de três a cinco anos. 

Gestão "ética"

O casal e braço direito de Giorgio Armani, Leo Dell'Orco, junto com seus dois sobrinhos, serão responsáveis por tomar essas decisões sobre o capital, na qualidade de acionistas da fundação Armani.

Se a venda não for concretizada, o estilista pediu que a empresa passe a ser cotada na Bolsa. 

O estilista também pediu que sua empresa fosse administrada "de forma ética, com integridade moral e correção", e insistiu na "busca por um estilo essencial, moderno, elegante e discreto", e com "atenção à inovação, à excelência, à qualidade e ao refinamento do produto".

A direção da Armani confirmou nesta sexta-feira a publicação do testamento e acrescentou que "a primeira tarefa" da fundação "será propor o nome do novo diretor-geral" do grupo.

A fundação nunca possuirá menos de 30% do capital, atuando assim como garante permanente do "respeito aos princípios fundacionais", esclareceu Armani.

Giorgio Armani havia se tornado um dos homens mais ricos do mundo e o quarto mais rico da Itália, com um patrimônio estimado em 11,8 bilhões de dólares (63,5 bilhões de reais), segundo a revista Forbes.

Ele liderava um império com mais de 9.000 funcionários no final de 2023 e um faturamento de 2,3 bilhões de euros (14,5 bilhões de reais) em 2024, segundo o grupo.

Mais de 600 lojas em todo o mundo vendem roupas Armani em várias linhas: Giorgio Armani, Emporio Armani, A|X Armani Exchange e EA7.

A fundação terá 10% das ações da empresa e o restante em propriedade nua, com 30% dos direitos de voto. Leo Dell'Orco terá 40% dos direitos de voto e os sobrinhos do estilista, Silvana Armani e Andrea Camerana, 15% cada um.

O outro império do estilista, o imobiliário, foi deixado à sua irmã Rosanna e aos seus sobrinhos Andrea e Silvana. No entanto, Leo dell'Orco mantém o usufruto de suas diversas propriedades localizadas em Saint-Tropez (França), Saint-Moritz (Suíça) ou nas ilhas de Antigua e Pantelária.

Quem foi Giorgio Armani

  • Origem: Nascido em 11 de julho de 1934, em Piacenza, no norte da Itália, filho de um contador.
  • Formação inicial: Estudou medicina, motivado pelo interesse em anatomia, mas não concluiu o curso. Serviu no Exército antes de ingressar na moda.
  • Início na moda: Trabalhou como comprador na loja de departamentos La Rinascente, em Milão. Depois, desenhou a linha masculina da marca Nino Cerruti.
  • Fundação da grife: Incentivado pelo companheiro Sergio Galeotti (falecido em 1985), fundou a Giorgio Armani em 24 de julho de 1975, aos 41 anos.
  • Inovação: Revolucionou a alfaiataria masculina com a desconstrução do terno — tecidos leves, menos forro e mais conforto.
  • Moda feminina: Expandiu seu estilo para as mulheres, defendendo uma abordagem mais mental, mas igualmente pragmática.
  • Cinema: Ganhou projeção mundial com Gigolô Americano (1980), estrelado por Richard Gere, e colaborou em mais de 250 filmes, incluindo Os Intocáveis e Beleza Roubada.
  • Expansão da marca: Lançou a Emporio Armani em 1981 e, em 1982, tornou-se o primeiro estilista a estampar a capa da Time desde Dior (1957). Criou também sua linha de underwear, famosa por campanhas com Beckham, Ronaldo e Nadal.
  • Personalidade: Reservado, valorizava momentos com a família e a sobrinha Roberta. Evitava a exposição pessoal, mas não deixava de dar opiniões polêmicas.
  • Legado: Conhecido como o “rei do casual chique”, construiu um império que marcou a moda, o cinema e a cultura pop, tornando-se sinônimo de elegância e discrição.

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TS
postado em 12/09/2025 11:25
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