
Crítica // Paraíso em chamas ★★★
Quando a gente lembra da premissa de Lillo e Stitch, adaptado recentemente pela Disney, vislumbramos o ponto de partida deste drama — razoavelmente solar — vindo da Suécia. Vencedora, pela melhor direção, de prêmio na Mostra Horizonte do Festival de Veneza, Mika Gustafson revela a capacidade de criar imagens e situações agitadas e condizentes com o clima de arruaça estabelecido pelo desgovernado cotidiano de três irmãs quase autônomas.
Junto com inspirados figurinos de Susse Ross e com a velocidade aprazível na montagem da história, os comportamentos orgânicos das jovens personagens capitalizam enorme leveza e credibilidade. Laura (Bianca Delbravo, uma revelação) é a irmã mais velha que tenta contornar dores das outras irmãs, Mira (Dalvin Asaad) e Steffi (Safira Mossberg), todas machucadas pela situação de, no lar, não contarem com presença do pai ou da mãe. Um estilo descompromissado de narrativa combina com o jovial tom adequado à vitalidade das personagens (que, em momentos, parecem improvisar).
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Coescrito por Alexander Öhrstrand (que aparece em cena como o marido de Hannah, personagem de Ida Engvoll, candidata de mãe de ocasião para o trio), o filme abraça descobertas das moças, a luta por certo contato paterno (na interação de Mira com um aspirante a cantor de karaokê) e uma situação de traquinagem (a invasão a lares montados e desocupados pelos proprietários), antes retratada no filme nacional Sem coração. Esperançoso, o filme acerta ao empregar uma incerteza na conclusão. Uma obra bela e delicada.
Esportes
Mariana Morais
Esportes