personalidade

Ligado no "330 volts", Rodrigo Candelot é um artista versátil e múltiplo

O multiartista carioca Rodrigo Candelot tem carreira que atravessa palcos, sets de filmagem, salas de aula e palcos de música

Rodrigo Candelot, multiartista -  (crédito: Roger Gonzales)
Rodrigo Candelot, multiartista - (crédito: Roger Gonzales)

Se existe uma palavra que define Rodrigo Candelot, é "movimento". Ator, diretor, professor, músico, produtor e roteirista, ele transita entre essas funções com uma energia que ele mesmo classifica como "330 volts". Em um único dia, pode ensaiar uma peça, resolver demandas de produção, compor uma trilha sonora e dar aulas de interpretação. "Às vezes é pesado, mas é prazeroso. O artista hoje que não se produz, que não tem outras habilidades, e fica esperando o telefone tocar, não tem vez", reflete.

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Com uma carreira sólida e diversificada, Candelot está sempre em evidência. Recentemente, integrou o elenco da série A vida dupla do meu marido bilionário, sucesso na plataforma Reel Short, e está na série Volte sempre, do Multishow. Em breve, os fãs poderão vê-lo na quarta temporada de Arcanjo Renegado (Globoplay), onde interpreta João Alberto, um homem comum que se envolve com o tráfico, e no longa A banda, onde vive Tremendão, um baterista "criado em formol".

Sala de aula

Coordenador da Pós-Graduação em Interpretação para Cinema e TV na Fetes Online, Candelot vê o ensino como uma via de mão dupla. "Lecionar me faz crescer como ator e me obriga a estar sempre estudando", afirma. Para ele, que começou a dar aulas logo após se formar em Artes Cênicas, o professor é um "facilitador", um guia que usa sua experiência prática para ajudar os alunos a desenvolverem seus talentos. Ele desenvolveu seu próprio método, unindo ensinamentos de vários mestres, e alerta para a responsabilidade da profissão: "Você tem alguém ali confiando em você, deixando você mexer com sentimentos profundos. Essa conexão é muito delicada."

Esse trabalho de preparação de elenco influencia diretamente sua atuação. "Ao estudar e dar aulas, eu me torno um melhor ator. Cresço como ator e como ser humano", explica. Ele revela que, por vezes, um aluno apresenta uma visão diferente para uma cena que ele já fez, enriquecendo sua própria percepção. "Nossa arte é muito subjetiva. E não existe uma fórmula."

Estreia e retorno

Este ano, Candelot reassume um desafio duplo: atuar e dirigir a comédia Enrolados, que volta em cartaz em outubro no Teatro Bibi Ferreira, em São Paulo. A peça, que nasceu de seu trabalho de conclusão da pós-graduação em Direção Teatral, é um estudo bem-humorado sobre relacionamentos. Inicialmente, ele ficou apenas na direção, mas a saída de um ator o levou ao palco. "Dirigir e atuar ao mesmo tempo são coisas meio insanas, principalmente quando você está começando", ri.

O retorno do espetáculo veio com um novo desafio: adaptar o texto original para um elenco menor. "O elenco original tinha três atores e três atrizes, e agora somos 4. Tive que adaptar a peça para viajar, e hoje, sem patrocínio, viajar com mais de quatro atores é loucura."

Fora dos clichês

Em Arcanjo Renegado, Candelot enfrenta a complexidade de interpretar João Alberto, um homem que não se encaixa no estereótipo do criminoso. "O que fiz na minha construção foi procurar a humanidade desse cara, suas angústias, a sua busca por dar uma vida melhor à família", detalha. Para ele, a chave está em acessar emoções universais. "Todos temos amor, raiva, angústia, tristeza, alegria dentro de nós. Dependendo do personagem, algumas dessas características são semelhantes às nossas."

Já em A banda, a paixão pela música se fundiu com a atuação. Baterista na vida real, ele não precisou "enganar" nas cenas. "Tivemos que ensaiar várias músicas para tocar ao vivo mesmo. Um ator que só enganasse na bateria não ia conseguir fazer." Para compor Tremendão, um baterista "eterno garotão", buscou inspiração em figuras como Evandro Mesquita, Nuno Leal Maia e Kadu Moliterno.

A música, especialmente a bateria, é uma ferramenta fundamental em seu processo criativo. "O ritmo, o pulso, o balanço... isso sempre me fascinou", conta. Ele utiliza diferentes gêneros para acessar estados emocionais específicos durante a preparação para um papel. "Músicas clássicas e suaves me ajudam a chegar em certos estados emocionais. Já o rock, o punk, me ajudam a compor personagens mais complexos, violentos. A música desbloqueia certas amarras."

Essa paixão transborda para projetos pessoais. Ele é baterista da banda Soul du Rio, criou um bloco de carnaval e, por quase quatro anos, produziu o "Ménage Musical", um evento que reuniu mais de 600 músicos da cena independente carioca. "O segredo era o improviso, a jam session. Muitas parcerias e 'gigs' surgiram dali."

Produzindo o caminho

Por meio da Capangas Produções Artísticas, sociedade com o ator Saulo Rodrigues, Candelot está desenvolvendo três séries para TV e um longa-metragem. "Acho natural que você, depois de um certo tempo na carreira, procure fazer outras coisas", justifica. Entre os projetos estão a adaptação de Enrolados para série e a série Sebo nas canelas, em desenvolvimento há quase uma década.

Ele reconhece as dificuldades de ser uma produtora independente. "Somos um peixinho no oceano. A maioria dos patrocínios vai para as grandes produtoras." Mas a resiliência, ele garante, é uma de suas marcas. "Nunca existe hora para começar. O importante é ter vontade e resiliência. Não se arrependa do que fez e sim do que não fez."

Para Rodrigo Candelot, a diversificação não é apenas uma estratégia de carreira, mas uma necessidade artística. "O ator é um profissional muito mais completo quando se interessa e aprende outros ofícios. Ter aprendido a tocar bateria cedo, ter feito jornalismo... tudo me tornou o ator que sou hoje." E, mesmo com a agenda lotada, ele mantém o olho no futuro e os pés em movimento, provando que, para um artista completo, o palco é todo o mundo.

 

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postado em 31/10/2025 09:19
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