
Crítica // Bruce Springsteen: Salve-me do desconhecido ★★
Centrado em figuras decadentes como a de Jeff Bridges, em Coração louco, e em Johnny Depp, em Aliança do crime, o diretor Scott Cooper criou a expertise aplicada, agora, no novo Bruce Springsteen: Salve-me do desconhecido. Amparado pelo livro de Warren Zane, lançado em 2003, Cooper persegue a inspiração, nos anos de 1980, do chamado The Boss (Springsteen) para as composições que integrariam o álbum Nebraska, seguinte ao sucesso de The river.
Uma musa virtualmente poderosa, na jornada, será a atendente de lanchonete Faye (Odessa Young). Entretanto, o cantor personificado por Jeremy Allen White (o mesmo da série The bear) parece encantado com a autocomiseração. Assombrado pela singularidade de um momento de criação, com série de músicas captadas em um quartinho isolado de Colts Neck, o protagonista tem a viagem pessoal (testemunhada por Mike Batlan, personagem de Paul Walter Hauser) bem embalada pela montagem a cargo de Pamela Martin (dos sucessos King Richard: Criando campeãs e O vencedor). Ajuda muito na criação de atmosfera a direção de produção assinada por Stefania Cella (do italiano A grande beleza).
Perfeito em O aprendiz e em Succession, o coadjuvante Jeremy Strong, na pele do empresário e produtor Jon Landau, decepciona, monocórdio, no filme que ousa retratar uma fase quase inacabada de Springsteen, em um álbum inesperado, à la Johnny Cash, tratando de figuras como o assassino Charles Starkweather, sentenciado à cadeira elétrica.
Regadas a folk, as composições dialogam com Terra de ninguém, clássico, nas telonas, dos anos de 1970, poderoso para alimentar a depressão do compositor, em fase de esboços sombrios (que culminaria em Born in the USA, mostrada no filme de Cooper). O filme de Scott Cooper preserva a intenção dos ruídos (em gravação) defendidos por Bruce, entre peculiaridades de insano trabalho, a contragosto, acatado pelo empresário Al Teller (o chefão da Columbia, defendido na interpretação de David Krumholtz). O zelo pela integridade do potencial dos registros em demo resulta quase em colapso de cantor.
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Afora que, no roteiro, cada cena pareça explicar obviedades, o longa ainda engasga ao retratar as decepções paternas com simplório personagem defendido por Stephen Graham (visto na série Adolescência). Pesa, ao fim, o espectador ter acompanhado um embate antecipado do digital contra o analógico, tendo Nova Jersey como cenário importante, e fatos associados à criação de faixas como Mansion on the hill, Atlantic city e Nebraska, numa perspectiva de redundante pontuação.
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