Música

Do risco ao topo: a ascensão de Veigh no trap nacional

Com mais de 9 milhões de ouvintes mensais no Spotify, o artista paulista saiu dos prédios da Cohab, em São Paulo, para ser um dos nomes mais bem sucedidos da música brasileira

Desde que artistas como Raffa Moreira, Orochi e Matuê surgiram no trap brasileiro, muita coisa mudou. Com eles, mais talentos surgiram e o ritmo ganhou uma evolução significativa. Não à toa, desponta nos charts das principais plataformas digitais, desbancando até mesmo gêneros conhecidos, como o sertanejo. Um desses jovens é Thiago Veigh, que de 2023 até aqui saiu dos fundos da Cohab, em São Paulo, para conquistar inúmeros fãs. Em entrevista ao Correio, ele falou sobre os sonhos que têm realizado . 

Nos últimos dois anos, por exemplo, o artista paulista ganhou um lugar para chamar de seu, sobretudo após o lançamento dos álbuns Dos prédios e Dos prédios deluxe. Juntos, os projetos alcançam a marca de quase 2 bilhões de streams, somente no Spotify, além de recordes de debuts internacionais, registrados pela plataforma. “Existe o fator novidade também, que eu era uma pessoa que não estava na cena e de repente apareci. As pessoas queriam ver o que estava fazendo”, afirma.

Mais do que isso, reconhece o quanto esse primeiro trabalho foi importante para que passasse a ser notado na cultura urbana brasileira. “O Dos prédios me leva para aquele lugar de nostalgia, sabe? Um momento da minha vida completamente diferente do que é agora. Tudo era muito mais simples”, completa. Ainda assim, depois do sucesso estrondoso, havia o frio na barriga em levar ao mundo algo parecido com o que tinha feito anteriormente. 

Dessa forma, dedicou-se para que esse conceito nascesse da melhor maneira possível. O terceiro trabalho, lançado em junho deste ano, é considerado por ele o melhor álbum entre os três já produzidos. “Acredito sempre que o próximo trabalho é melhor que o anterior. Entendo que Eu venci o mundo é o meu melhor projeto e o próximo vai ser maior que esse. Sempre, para mim, o melhor está por vir.”

Novo balanço

Pensando nisso, em especial no quanto o momento que tem vivido é positivo, nada mais justo do que idealizar a melhor turnê da carreira até aqui. Veigh vai rodar o Brasil para se apresentar com a tour Evom, dita por ele como uma experiência nova e altamente estruturada. Preparada, sobretudo, para que o público consiga apreciar mais do que uma apresentação, mas um espetáculo para além de uma “música atrás da outra”. A apresentação de estreia da turnê, que ocorreu em São Paulo, no Espaço Unimed, teve todos os ingressos esgotados. Agora, ele promete abalar as estruturas do Opera Hall, neste sábado (22/11), a partir das 22h. 

“Estamos preparando o show em alguns blocos. Um vai trazer uma energia mais melancólica, um bloco será mais para cima, para animar o pessoal, outro vai ser mais dançante. Então, quero colocar o show com esses momentos para as pessoas entenderem que tem uma mensagem para ser comunicada”, detalha. 

E o investimento, pelo que parece, será dedicação e muita vontade de fazer dar certo, ingredientes que acompanham toda a jornada de Veigh. Além dos blocos, haverá muita encenação, movimentação e dança — sendo este último um elemento já presente em diversos shows do artista. “Queremos acrescentar inúmeras coisas. Estou ansioso para que dê certo, pensando, também, no fator novidade para as apresentações”, complementa o trapper.

Imagem acima de números

Um pouco desse carinho para com a nova fase pôde ser visto no recente videoclipe lançado por Veigh, no último domingo (28/9). A música Talvez você precise de mim, a segunda mais ouvida do álbum Evom, leva um roteiro especial, roupas de época e danças que, segundo o artista, estarão presentes na turnê. 

“Foi uma parada muito legal que a gente conseguiu fazer nesse clipe. A gente teve um investimento bem bacana em cima dele, porque queria mesmo trazer uma parada mais profissional do que a gente já vem trazendo e um pouco diferente também,” descreve Veigh, mencionando que a produção envolveu dias de ensaio e uma grande equipe.

Sobre as teorias dos fãs a respeito de possíveis referências (como o filme Pecadores), o trapper manteve o mistério, revelando ter lançado um desafio de caça aos easter eggs. “Ainda não posso falar agora, porque lancei um desafio na live que fiz há um tempo para que as pessoas busquem as informações que tem ali,” explica. 

Quem souber com especificidade os elementos dentro da produção, ganhará um dia com o artista na turnê em alguma cidade do Brasil. O carinho com o audiovisual, para Veigh, não é de hoje. Essa paixão particular por vídeos, roteiros e edição é um interesse antigo. Em contramão ao que mercado enxerga sobre o valor dos clipes atualmente, o trapper defende que essas gravações são cruciais para um alto investimento de imagem. 

“O retorno é por meio de outras coisas que, às vezes, acabam sendo mais importantes do que o dinheiro, seja alguma novela que vai assistir (o clipe) e quer entender minha atuação, seja alguma série, alguma marca que quer entender como eu me posiciono nos momentos de trabalho. Por mais que não dê lucro, continuo achando necessário.”

Grammys, turnês e Justin Bieber

Bater recordes, sair da miséria e levantar uma gravadora com os amigos de longa data. O que era sacrifício virou um grande sonho, vivido diariamente por Veigh. Ainda assim, mesmo com a pouca idade, há muito para ser conquistado. E diante de tudo o que conheceu no passado, nada mais parece ser tão distante quanto era no início. Sobre o futuro, as aspirações ultrapassam as fronteiras nacionais.

“Tenho muita vontade de conseguir fazer mais movimentos fora do país, acho que é um sonho que tenho bastante. Conseguir crescer minha gravadora (Supernova) aqui no Brasil e conseguir atingir o nível de: isso já está muito pequeno para mim”, declara. Além de consolidar sua carreira internacional, Veigh deseja realizar o sonho de conquistar o prêmio mais cobiçado da música: ganhar um Grammy. 

Imaginar que isso não pode ser possível é ignorar tudo o que já foi construído por Veigh. De fato, nada parece ser inalcançável para o menino de 24 anos que deposita na fé e no próprio talento uma forma de continuar crendo que tudo pode dar certo. O garoto dos prédios, como diz no início de cada faixa, tem levantado um castelo. E qual o limite? Ninguém pode estabelecer, apenas ele. “Quem sabe vem um feat com o Justin Bieber. Já pensou?” finaliza.

Serviço


Sábado (22/11), às 22h, no Opera Hall

Ingressos podem ser adquiridos pela plataforma Eventim, a partir de R$ 102,50

Classificação indicativa: crianças e adolescentes de 5 a 15 anos de idade, somente acompanhados dos pais ou responsáveis legais.

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